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Política rastaquera

Arnaldo César

Ao longo dos seus 115 anos de existência a República brasileira e o golpismo sempre andaram de braços dados. Não seria exagero dizer que Getúlio Vargas que chegou ao poder através de um golpe foi fustigado por golpes até se suicidar, em 54. O regime militar que reinou por 21 anos também era, apropriadamente, conhecido como o “Golpe de 64”.

A sanha golpista arrefeceu um pouco nos 16 anos dos governos de FHC e Lula. Arrefeceu apenas. Mas nunca desapareceu em definitivo.

Eduardo Cunha e Aécio Neves:não vale a vontade da maioria Foto - Reprodução Jornal GGN

Eduardo Cunha e Aécio Neves: não vale a vontade da maioria. Foto – Reprodução Jornal GGN

Agora, na era Dilma, ela retornou, com força, total sob o comando de personagens como Aécio Neves e Eduardo Cunha.  Ambos não se conformam com um primado básico da democracia no qual a vontade da maioria é determinante para qualquer decisão.

Aécio até hoje não se conformou com a derrota das urnas no ano passado e insiste num terceiro turno. Nem que para isso seja taxado de golpista. Cunha a cada derrota nas votações no parlamento por ele presidido inventa uma artimanha para fazer valer as suas vontades e os seus interesses.

 

O jeitão rastaquera de fazer política é o tom dominante da política dos nossos dias. Vê-se que aprendemos muito pouco nestes 115 anos. É um circulo vicioso o leitor escolhe mal seus representantes. Estes, por sua vez, se esmeram em tudo que há de mal na política: corrupção, aparelhamentos, golpes de toda a sorte e etc. e tal.

Não se pode descartar, contudo, que a dupla Cunha e Neves viceja a olhos vistos por que o atual governo lhe proporciona o combustível necessário para isso.

Abúlica, a presidente Dilma não disse a que veio no seu segundo mandato. Criou um vácuo. E, como ensinava Maquiavel, “poder não tem vácuo”. Os golpistas se encarregaram rapidinho de ocupar o vazio.

Desde o seu primeiro mandato, a presidente Dilma tem se recusado a utilizar a comunicação social como instrumento de política. Sua relação tanto com a mídia convencional quanto com a digital – que deveria ser marcada pelo respeito mutuo – está calçada na desconfiança mutua.

Vejam o que acontece com o Plano de Ajuste Fiscal do governo. O cidadão comum não entendeu aonde se pretende chegar. Todas às vezes que sintoniza num telejornal para saber das notícias do dia, recebe uma enxurrada de maldades. Notícias do tipo: redução de salários, aumento do desemprego, crescimento da inflação, mais impostos e roubalheira na Petrobras. Ninguém – nem os veículos e tão pouco o governo – têm paciência para explicar para ele os motivos de tantas mazelas e sacrifícios.

Com toda a razão o cidadão/contribuinte/eleitor fica furioso com quem está no Planalto. Ambientes turvos – nos quais as informações não chegam com presteza e clareza – são terrenos férteis para a ação dos proxenetas do golpe. Assim como, para os jornalistas irresponsáveis que responsabilizam a presidente até pelo debacle da Grécia.

Insistindo: mais de um século de política rastaquera já era para termos amadurecido.

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