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Régis Eric Maia Barros (*)

Cenas da barbárie que vivemos.

Cenas da barbárie que vivemos.

Nos últimos dias, eu me lembrei de um querido professor o qual foi muito importante na minha formação em psiquiatria e psicoterapia. Ele, assim, afirmava: “nada que advém do ser humano pode ser considerado bizarro, pois tudo é possível“. Com essa reflexão, ele tentava provar que o ser humano é capaz de tudo.

Ele estava certo. De fato, nada mais é capaz de me assustar. Nada mais me causa espanto, visto que, enquanto espécie, nós somos aptos a realizar os comportamentos mais dantescos. Inclusive, até mesmo, aqueles que nós julgamos impossíveis de realizarmos.

Recentemente, um jovem foi, brutalmente, torturado com uma tatuagem na testa com os seguintes dizeres: “Eu sou ladrão e vacilão”. Há relatos de que ele tentou furtar uma bicicleta bem como há outras informações de que ele era portador de doença mental ou que era usuário de drogas. Contudo, essas informações são desnecessárias para alcançar o objetivo reflexivo desse artigo.

O fato mais pútrido em tudo isso foi saber que muitos apoiaram essa barbárie. Fazer ou apoiar tal atitude é tão perverso que nos iguala aos próprios criminosos sociopáticos.

A falta de remorso frente a isso é algo impactante. Portanto, precisamos analisar essa resposta social de apoio ao bestial. Quanto ódio! Urge a necessidade de entender que não ser condizente com os desvios provocados pela criminalidade não nos dá o arbítrio de sermos monstruosos no agir como resposta.

Quem aceita ou aprova ou apoia tal barbaridade pode ser percebido como um ser perverso. A monstruosidade desse ato é tão aviltante que, ao perceber que muitos aplaudiram, começo a entender que a selvageria vive dentro de nós.

Há uma construção justiceira em muitos e isso gera uma necessidade de justiça com as próprias mãos. Em parte, isso nasce da ausência e fraqueza do Estado em nos ofertar segurança, porém, em muitos, ela é autóctone. Nessa onda, teremos pessoas que sempre serão mais poderosas do que outras. Daí, a “falsa justiça justiceira” será feita pelos poderosos. Se você sempre se considera um poderoso, tudo bem. Parabéns e siga em frente. Contudo, acredite em mim: sempre haverá alguém mais poderoso do que você. Caso faça algo errado, torça para ele não ser um justiceiro contigo.

Por fim, fiquei aqui pensando: qual seria a tatuagem que alguém mais poderoso colocaria na sua testa, caso você cometesse algo que ele não gostasse? Como dito pelo vilão Coringa, “sempre temos algo a esconder”.

(*) Régis Eric Maia Barros é médico psiquiatra e psicanalista, em Brasília;

14 Comentários

  1. Carlos Campista disse:

    Cidadão vítima de tortura é a PQP,ladrão tem que ser fuzilado.ontem um vagabundo de 17 anos tentou assaltar um policial em Santos SP e o policial em legítima defesa fuzilou o vagabundo,parabéns ao policial e que sirva de exemplo para todos os policias do Brasil,prender não adianta.

  2. joão hilário disse:

    quem estiver com pena do ladrão pode adota-lo e passar na cracolândia em SP e adotar outros.

  3. João de Paiva disse:

    Os que aplaudem um crime também cometem outro.

    Um leitor do blog, que parece não ter entendido a reportagem e o que de fato aconteceu a um cidadão que foi vítima de tortura, destila seu ódio em frases com a profundidade de um pires, típicas dos que assistem aos programas policialescos ou que se regozijam com as verborrágicas e nazifascistóides declarações de Rachel Shererazade e quejandos.

    Mesmo que o jovem torturado tenha cometido furto, não há justificativas para outra pessoa torturá-lo; menos razão ainda tem o torturador e seus apoiadores, quando se sabe que ele, o autor da agressão ao jovem, tem extensa ficha criminal, em que são apontados crimes muito mais graves do que o furto de uma bicicleta. A célebre frase de Joseph Pulitzer, dita e escrita há mais de um século, continua mais do que atual. Disse o papa do jornalismo independente e investigativo:

    “Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma.”

  4. Dimas disse:

    Apenas uma pessoa se manifestando favoravelmente em relação a este lamentável fato. A sanha dele é tão intensa que só Freud explica.

  5. José carlos silvestre disse:

    Os que estão defendendo esse ladrão é só leva-lo para sua casa e aproveitem e passem nos presidios e adotem maia alguns tralhas.

  6. José carlos silvestre disse:

    Bandido e ladrão bom é bandido e ladrão morto.

  7. Esmerindo Bernardes disse:

    Parece que o Dr. Milgram (https://pt.wikipedia.org/wiki/Experi%C3%AAncia_de_Milgram) tinha razão.

  8. Cristina disse:

    E a coisa mais triste encontrar em todo canto que concorde com tamanho ato de barbárie. Cometer um crime para combater outro crime não se justifica em lugar nenhum, exceto na mente triste de pessoas que perderam a noção do ridículo, fechadas em seus castelos de “nunca vai acontecer comigo porque sou um homem justo” e aí sempre lembro de Shakespeare e o discurso de Marco Antonio “pois Brutus é um homem honrado”.
    E se, partindo para um universo de fantasia, o desejo dessas pessoas fosse realizado e os pecados fossem estampados automaticamente nas testas? Quantos que apoiam este crime não teriam vergonha de sair à rua? “Sonegador de impostos”, “Traí minha esposa”, “Menti para meu cliente”, “Exploro o meu empregado”…

  9. José carlos silvestre disse:

    Gostaria que esse vagabundo,ladrão sem vergonha tivesse roubado em familiar seu,talvez não estivesse defendendo esse tralha,quem defende ladrão é do mesmo nível.

  10. José carlos silvestre disse:

    Deveriam ter matado esse ladrão sem vergonha,assim seria menos um.

    • Belmiro Machado Filho disse:

      A mesma besta-fera reiterando seus cruéis instintos assassinos.

    • Ralph Panzutti disse:

      “…..Por fim, fiquei aqui pensando: qual seria a tatuagem que alguém mais poderoso colocaria na sua testa, caso você cometesse algo que ele não gostasse? …” Isso é para você pensar , se é que pensa.

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