A ausência de infraestrutura urbana de saúde requer gastos públicos em grandes quantidades. As armações orçamentárias que Paulo Guedes articula para enfrentar o coronavírus não fazem nem cosquinha . Grana curta, menos de R$ 150 bilhões. Milhões de pessoas atingidas, reconhece o ministro Luis Henrique Mandetta, vão ao mesmo tempo pressionar a carente infraestrutura sanitária brasileira. Colapso inevitável.
Diante dessa situação de clara insuficiência de oferta de saúde, o governo vai continuar falando em economia para não gastar e fazer ajuste fiscal, como quer o pessoal do Ministério da Fazenda?
Ou o país vai, logo, urgente, encomendar da China hospitais que podem ser montados e desmontados, como os chineses desenvolveram? Não seria a oportunidade para matar dois coelhos com uma só cajadada: garantir hospitais e técnicos de saúde para o povo, de um lado, e exportações de grãos para os chineses, de outro, aprofundando comércio bilateral?
O ajuste fiscal vai ganhar a narrativa sobre a demanda estatal para atender, urgentemente, o social?
O ministro Mandetta não aprofundou o debate ao ponto de falar sobre onde será necessário arranjar dinheiro para atender o social antes de satisfazer o interesse do mercado, como está acontecendo.
O governo continuará privilegiando o setor financeiro, nos gastos orçamentários, enquanto minguam os recursos para os setores sociais?
Como que pedindo desculpa a Guedes, Mandetta, diante da situação dramática do setor de saúde, disse que agirá com responsabilidade, na questão financeira. O que isso significa?
Sintonizar com a demanda de Guedes, que trabalha para o mercado, ou com a da população, que não quer saber de perguntas, mas de respostas objetivas, que requerem aumento de gastos?
Chegou, portanto, a hora fatal de discutir o maior gargalo da economia: congelamento dos gastos sociais por 20 anos e mandamento constitucional, como cláusula pétrea, para garantir pagamento do serviço da dívida, quando todas as demais categorias sociais reclamam renegociações de suas dívidas.
Por que manter o privilégio dos credores diante do sacrifício adicional dos devedores – governo, famílias, empresas etc – por conta do coronavírus que pára tudo?
Mandetta se mostra acanhado quando tem que defender mais recursos para a saúde e sai com essa de que não contrariará as ordens de Guedes.
Aparentemente, deixou essa no debate sobre o momento nacional em que compareceu o staff governamental para debater os desdobramentos sinistros do coronavírus.
Certamente, no debate interno governamental, dramático, para resolver essa questão, a verdade terá que ser colocada. Vai ser o momento extremo de Guedes.
Se ele ganhar a parada, a sociedade perde.
Bolsonaro será chamado então a se definir em favor de Guedes ou da sociedade.
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1 Comentário
Tem, por tabela atinge bolsonaro. Quem, nesse balaio de gato, é independente? Mandeta já definiu seu patrão como um timoneiro, ou seja está sendo guiado por ele. Cuidado, pode estar indo pro quinto dos infernos.