Foi uma mensagem curta, porém direta. A educadora Ana Maria Araújo Freire, Nita Freire, que conviveu anos com Paulo Freire (1921-1997) com quem foi casada nos últimos dez anos da vida dele, teme que os brasileiros, com o golpe que destituiu a presidente Dilma Rousseff, percam as esperanças e seus sonhos. Para ela, o governo “ilegítimo! de Temer está querendo acabar com os sonhos dos brasileiros.
Ao ser chamada ao microfone pelo deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), ela, como registrou a Rede Brasil Atual, expôs:
“Este governo que está aí não está só acabando com os projetos políticos de igualdade, ele está destroçando os sonhos de nós, brasileiros e brasileiras. Está querendo que esqueçamos tantos anos de luta”,.
Terminado o ato, ela deu um depoimento ao blog, mas um problema na bateria acabou fazendo que o vido fosse divididos em suas parte. Infelizmente não tive como editá-lo para uma melhor apresentação, por isso, já pedindo desculpas a todos, coloco os dois:.
“Mas, esse governo, que está aí, ilegítimo, que subiu ao poder através de uma traição, através de um golpe, de um golpe branco, armado pelas forças mais poderosas deste país, mas ele está, sobretudo, destroçando o sonhos de nós brasileiras e brasileiros, o sonho de homens como Paulo Freire, Florestan Fernandes e Celso Furtado que lutaram mais de 60 anos de cada uma de suas vidas para que nós tivéssemos um Brasil mais feliz, um Brasil mais justo, um país verdadeiramente democrático.
A partir destes sonhos, não podemos deixar desmoronar as nossas esperanças. Devemos criar forças para reconstruir, para voltar, a sociedade de fato e de direito para todos, a partir da derrubada desta farsa que se arvorou em poder no Brasil.”
(*) Devo um pedido de desculpas a Ana Maria Araujo Freire, Nita Freire e aos leitores por ter errado a grafia do nome com que ela é conhecida no meio educacional, colocando um “A” aonde não existia. Ainda que tardiamente (03/07), faço o devido acerto e o registro do pedido de desculpas públicas.
5 Comentários
[…] dez anos da vida dele tornou-se sua esposa,. Recentemente, conforme divulgamos na reportagem Nita Freire: “não podemos deixar desmoronar as nossas esperanças!”, ao participar de um ato contra o governo Temer, acusou-o de querer acabar com os sonhos dos […]
[…] dez anos da vida dele tornou-se sua esposa,. Recentemente, conforme divulgamos na reportagem Nita Freire: “não podemos deixar desmoronar as nossas esperanças!”, ao participar de um ato contra o governo Temer, acusou-o de querer acabar com os sonhos dos […]
[…] dez anos da vida dele tornou-se sua esposa,. Recentemente, conforme divulgamos na reportagem Nita Freire: “não podemos deixar desmoronar as nossas esperanças!”, ao participar de um ato contra o governo Temer, acusou-o de querer acabar com os sonhos dos […]
[…] https://www.marceloauler.com.br/anita-freire-nao-podemos-deixar-desmoronar-as-nossas-esperancas/ […]
TENTANDO DESFAZER O NÓ
“Minhas antigas agitações, más companhias” (Shakespeare, em
As alegres comadres de Windsor, na tradução de Millor Fernandes)
O golpe de maio de 2016 levou à luz solar a profunda crise institucional brasileira. Mas não estamos diante de mais uma jabuticaba. O modelo institucional que o Ocidente construiu e quase todo mundo adotou, por imposição colonial ou alguma conveniência, formou-se da conjugação de ideias do século XVIII, expostas nas obras de Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), Adam Smith (1723-1790) e Immanuel Kant (1724-1804).
Observando os acontecimentos na Europa, terra dos formuladores deste modelo, das Américas, onde a colonização europeia o implantou, e mesmo nas mais resistentes culturas asiáticas, constatamos que ele não dá respostas às questões das sociedades deste século XXI. O que deve ser visto como uma demonstração da força deste modelo, a sobrevivência por mais de dois séculos, enfrentando revoluções econômicas e sociais do porte das industriais e do marxismo.
Não me capacito à crítica teórica. No caso brasileiro, como discorre com aguda objetividade o sociólogo Jessé Souza, há um amálgama de vertentes econômicas e psicossociais, cuja singularidade deve ser observada no “contexto simbólico inarticulado e opaco que acompanha a expansão do capitalismo mundial” (A construção social da subcidadania, Editora UFMG, 2012, 2ª edição).
Inicio assim pelo estágio do capitalismo no século XXI. De certo modo ele restaura o capitalismo inglês do século XIX, onde o poder se concentrava nas finanças, credora das economias industriais e comerciais. Creio que poucos, se algum analista, contestariam a precedência do sistema financeiro internacional, que abreviadamente chamo “banca”, sobre todos demais atores econômicos. As decisões deste provisório governo, bem como as do segundo mandato da Presidente Dilma, nada mais faziam e fazem do que assegurar vantagens à banca, em detrimento dos demais setores econômicos e mesmo dos segmentos sociais. Sinteticamente diria ser a política do endividamento, ou seja, toda ação quer do Estado quer do mercado se dirige ao pagamento da “dívida”, sem crítica ou questionamento sobre sua formação e relevância para a Nação. No manifesto do Senador Roberto Requião à rejeição dos projetos limitadores dos gastos públicos do atual governo está a clara contestação a esta sujeição à banca.
A banca, em meu entender e de muitos mais gabaritados analistas, domina hoje os governos do Atlântico Norte e do Japão, que a linguagem comum midiática denomina “ocidente”. Este domínio, por si só, já desfigura as instituições que deveriam representar o conjunto do leque social.
Passo a um segundo ponto que designarei “demandas intersubjetivas”. Delas participariam o que Jessé Souza apreende das reflexões do filósofo canadense Charles Taylor e constituiriam “os estímulos não econômicos” da ação humana.
É amplo, vasto e complexo este domínio, onde estão as questões ecológicas, de gênero, de raça, de religião etc. Nelas, para ficarmos na nossa realidade nacional, estão o fundamentalismo de pastores evangélicos políticos e as demandas do reconhecimento das diversidades sexuais propostas pelo Deputado Federal Jean Wyllys.
Nem as básicas instituições da sociedade, Estado e mercado, nem suas operacionais estruturas foram e continuam não sendo capazes, no Brasil e em outros países colonizados e colonizadores, de responder à sociedade contemporânea.
Sem o entendimento mais profundo da “crise”, as respostas poderão aplacar um momento, mas explodirão logo adiante. As soluções que pedem plebiscito, novas eleições, acordões diversos podem afrouxar o nó que estrangula nosso País e a sociedade brasileira. Mas terá a vida tão breve quanto a insatisfação de qualquer segmento e o reiniciar das pérfidas campanhas midiáticas.
Este artigo não pretende ser apenas mais uma reflexão sobre o tempo presente mas uma conclamação à busca por todos pela difícil e complexa resposta da reforma institucional.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado