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PC Guimarães

Sandro MoreyraNão pode um comunista que não trabalha.

Não posso estar no PC e ter um filho vagabundo

(Álvaro Moreyra, pai de Sandro)

Marcelo me pediu pra escrever um texto para esse blog sobre o livro que acabei de escrever sobre o Sandro Moreyra. Que onda! E me deu o gancho: por que comprar o livro?

Boa pergunta, como deve fazer todo bom jornalista. É um puta desafio. Já no metrô, de volta pra casa, esboço algumas mal traçadas no celular.

O Sandro para o blog do Marcelo não pode ser apenas o Sandro jornalista esportivo, apaixonado pelas duas filhas jornalistas, Sandra e Eugênia, amante do samba, das mulheres e do Glorioso Botafogo.

Tem que ser o Sandro filho do genial Álvaro Moreyra e da ousada Eugênia, ativistas políticos, culturais e artísticos, que bagunçaram o coreto nos anos 20 e 30 e que abrem algumas das primeiras páginas do livro.

O tal Sandro Luciano Moreira (sic) a quem dedico um dos capítulos finais a sua versão de fichado nos arquivos dos órgãos de segurança sem foto, sem impressões digitais, apenas acompanhado do número 04 ao lado do nome e taxado como “Comunista”.

Cá entre nós, “comunista até a página 20”, como me disse a filha Sandra. Mas que teve a honra no seu enterro há 30 anos de ter a alça do seu caixão carregada pelo velho Luis Carlos Prestes.

Sandro Moreyra, um Brizolista convicto, hoje estaria gritando: "Fora Temer".

Sandro Moreyra, um Brizolista convicto, hoje estaria gritando: “Fora Temer”.

O Sandro brizolista. Na cabeça e no coração, que dizia que em seu enterro também queria estar com Brizola, presente no adesivo com a sigla do PDT “Diretas já, Brizola presidente”. Em seu baú de recortes guardados pela última de suas três mulheres, Marta Helga, uma reflexão bem ao seu estilo sobre a razão de votar em Brizola:

(…) Havendo eleições diretas para presidente, eu votaria no Brizola. Acredito até que o Brizola ganhe, fruto do seu carisma popular, o que não acontece com o Maluf. Este turco está comprando a presidência com jantares e convites em troca de votos.”

Mais Sandro, impossível. Se motivos mais existem pra comprar o livro “Sandro Moreyra, um autor à procura de um personagem” são os leitores que vão dizer, querido Marcelo. Mas dúvida não resta que se fosse vivo hoje, quando completaria em agosto 99 anos de idade, Sandro estaria junto com a gente gritando “FORA TEMER”.

 

Sobre o livro:
Título: Sandro Moreya – Um autor à procura de um personagem
Autor: Paulo Cezar Guimarães
Editora: Gryphus
ISBN: 978-85-8311-096-5
Número de páginas: 292
Caderno de fotos coloridas: 32 páginas
Formato: 16 x 23 cm.
Encadernação: brochura
Ano de edição: 2017
Preço de capa: R$ 49,90

Lançamento:
Data: 22 de agosto
Hora: 19h
Local: Sede do Botafogo (Avenida Venceslau Brás, 72 – Botafogo)
Telefone: (21) 2546-1988

1 Comentário

  1. João de Paiva disse:

    Nas décadas de 1970 e 1980 a revista Placar publicava crônicas saborosas de Sandro Moreira, numa coluna intitulada “Histórias do futebol’. O talento e o bom humor de Sandro eram fàcilmente perceptíveis, até mesmo por leitores mais habituados apenas ao ludopédio. Importante lembrar que a qualidade do jornalismo, dos textos, das reportagens que se publicava naquela época era infinitamente superior à que se vê atualmente. A decadência do jornalismo esportivo se intensificou a partir de 1987; não por acaso foi a partir da Copa do Mundo de 1982, quando os maiores talentos do futebol brasileiro passaram a ser exportados para os clubes europeus, que o futebol brasileiro – e por conseqüência o jornalismo a ele relacionado – começou sua agonia, transformando-se em mero negócio, envolvendo muita corrupção, muitos escândalos e pouco amor ao esporte.

    Considerados ópio do povo e usados pela ditadura para conter, sem uso da violência explícita, as revoltas populares o futebol brasileiro e o jornalismo esportivo não sofreram a perseguição e repressão que os milicos usaram contra partidos e militantes políticos, acadêmico e intelectuais que se opunham à ditadura oligárquico-militar-empresarial. Se não fosse jornalista esportivo, e por algum tempo técnico, João Saldanha jamais teria sido poupado. João sem medo, botafoguense apaixonado como Sandro Moreira, era comunista convicto, mas até a última página. João Saldanha não fazia concessões à ditadura, falava o que pensava, foi filiado ao PCB, era bom de briga, manejava bem as armas.

    Jornalistas como Sandro Moreira e João Saldanha fazem muita falta, pois não tiveram substitutos à altura.

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