“Ternura é ternura”, ela me disse, quase imaculada, querendo me fazer crer que a ternura é o mais singular dos sentimentos.
“Ternura é como picada que contamina. Uma sensação que logo se esvai, mas insemina dentro de você alguma coisa, quem sabe pra sempre.”
Hoje eu sei que é preciso passar da metade da vida pra se entender a matemática do tempo. Tempo é como ternura. Só depois que passa e nos contamina consegue nos fazer aprender o valor dos segundos no seu tique-taque incessante, seus segredos, seus códigos, suas mensagens.
Os últimos 27 anos, por exemplo, passaram rápido como navalha na minha carne. Passaram rápido como gozo que nos crispa a expressão e modifica os sons do nosso corpo na brevidade do seu acontecimento.
continua em:https://marceuvieira.wordpress.com/
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Hoje, 18 de abril de 2016, um dia após o dantesco espetáculo de chancela ao golpe, perpetrado pela Câmara dos Deputados – que dispensa comentários meus e pede análise dos jornalistas profissionais independentes – não posso me furtar ao que considero um dever cívico: complementar o comentário que fiz sobre o artigo/crônica de Marceu Vieira.
Ontem à noite, estava eu junto aos Arcos da Lapa, no Rio de Janeiro, acompanhando o circo de horrores que foi a votação pela admissibilidade do pedido de impedimento da presidente Dilma Rousseff, presidido pelo bandido Eduardo Cunha, e pude comprovar a traição cometida por três deputados do PDT, a legenda criada pelo falecido Leonel Brizola. Ao meu lado estavam alguns brizolistas com bandeiras vermelhas. A cara de espanto e decepção deles não dá para esquecer; mas eles reagiram logo, dizendo que no dia seguinte tais parlamentares seriam expulsos da legenda. Então lhes perguntei: que efeito prático terá isso, se eles já contribuíram para o golpe de Estado?
No comentário anterior eu afirmei que Brizola e seus seguidores nutriam (e nutrem) boa dose de ressentimento e inveja em relação ao Lula e ao PT. E vejo claramente isso no que escrevem Fernando Brito, Marceu Vieira e mesmo o jornalista que comanda este blog.
Desde a década de 1980, quando passei a acompanhar o noticiário político, nunca identifiquei o PDT como um partido sério, ideológico, com identidade. Há muitos elementos de prova para essa minha observação e não preciso enumerá-los. O próprio fundador do PDT, Leonel Brizola, foi uma figura política polêmica, controversa em muitas ocasiões. Eu afirmei que ele cavou a própria sepultura política quando se aliou a Fernando Collor, depois que este foi eleito presidente da república. Os cidadãos que inicialmente acreditavam ser o PDT e seu fundador verdadeiros representantes dos ideais da Esquerda Política se decepcionaram e jamais perdoaram Brizola por esse ato.
Virou moda entre os esquerdistas utópicos e idealistas fazer críticas ao PT e às principais lideranças desse partido. Os que abandonaram o partido liderado por Lula, logo receberam convites para entrevistas nos veículos da chamada’grande mídia comercial’. Os microfones, páginas e holofotes deram a esses ex-petistas os 15 minutos de fama que procuravam. Os exemplos são vários: Fernando Gabeira, Christovam Buarque, Marta Suplicy são três exemplos típicos; há outros. Observem a trajetória desses ex-petistas, o que andam dizendo e fazendo, que projetos apresentaram quando no exercício de mandato parlamentar, etc.
Mesmo as dissidências do PT que se empenharam a formar outros partidos (Zé Maria e seu PSTU ou Heloísa Helena e o PSOL, além da incoerente Marina Silva e sua Rede mal costurada) não se mostram viáveis como alternativas mais à Esquerda do PT, dignas da confiança e respeito dos cidadãos eleitores. Na realidade a Rede de Marina Silva é uma grande fraude, que aliciou alguns bons parlamentares que conseguiram mandato pelo PT, como é o caso de Alessandro Molon. Entendo a opção de Molon por esse partido sem identidade como a oportunidade dele se candidatar à prefeitura do Rio neste ano de 2016, possibilidade que o PT sempre negou às lideranças fluminenses surgidas no partido (quem não há de se lembrar do episódio em que José Dirceu e o Diretório Nacional do impediu que Vladimir Palmeira, quando a candidatura dele ao governo do Rio foi impugnada por intervenção do Diretório Nacional, que defendia a aliança com Anthony Garotinho? Aos interessados sugiro que leiam a matéria http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Direcao-do-PT-expulsa-rebeldes-e-adverte-tendencias-radicais/4/733).
Pelo exposto no parágrafo anterior percebe-se que eu não compactuo com as arbitrariedades do alto comando e do diretório Nacional do PT. Se defendo José Dirceu pelas condenações injustas e linchamento de que tem sido vítima nos últimos anos, JAMAIS concordei com as decisões autoritárias e equivocadas dele, quando presidia ou quando era da direção do PT. O PT e seus líderes merecem críticas. A observação de caráter geral que faço é a seguinte: mesmo com erros e arbitrariedades como as que citei, o PT conseguiu manter-se como um partido com bases e raízes sociais; e viável eleitoralmente. O mesmo não se pode dizer dos partidos que se originaram das dissidências do PT; eles apenas contribuem para a fragmentação e enfraquecimento da Esquerda. A votação de ontem na Câmara, sob o comando do criminoso Eduardo Cunha, chancelando um golpe de Estado, são uma prova cabal de que fragmentada e desunida a Esquerda Política apenas contribui para que a plutocracia retome o poder político e nele permaneça.
Para impedir que o golpe se consume ou, se consumado, se possa combatê-lo com eficiência e eficácia a Esquerda precisa se unir; e ir para as ruas, manifestando o descontentamento e exigindo o restabelecimento da Democracia.
Li a crônica. Mas lá na página do Marceu é muito burocrático para se postar um comentário. sendo assim, comento aqui mesmo. Peço ao jornalista Marcelo Auler que republique este meu comentário lá na página do autor da crônica. eis o comentário.
“Muito interessante a entrevista com o falecido Leonel Brizola. Dei risadas ao ler as passagens em que ele confunde o nome do entrevistador. Eu pude ver e ouvir o Brizola cometendo aqueles lapsos tão típicos do gaúcho que conseguiu adiar o golpe de 1961. Só faltou a pergunta/interjeição, com que Brizola sempre terminava as respostas: compreendeu!?
E sobre o PT e sobre o Lula, o repórter/cronista foi preciso, ao registrar o ressentimento (e uma boa dose de inveja) que Brizola sempre nutriu em relação ao partido de base operária, cujo maior líder era, e ainda é, o ex-metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva. Uma demonstração clara disso é o despeito que Brizola sempre nutriu pelos intelectuais que participaram da fundação do PT ou que se tornaram lideranças do partido. Marceu Vieira captou com precisão esses traços da polêmica figura política que foi Leonel Brizola. Mas o cronista peca por omitir o ato-falho que minou a credibilidade de Leonel Brizola, levando-o ao ostracismo no final da vida: o apoio que ele deu a Fernando Collor de Mello, depois que este se elegeu presidente. Brizola não foi derrotado pela Globo e por Roberto Marinho, mas por esse erro fatal, que lhe custou a credibilidade e confiança que todos os cidadãos identificados com as Esquerdas depositavam nesse político gaúcho, que depois radicou-se no Rio de Janeiro.
Essa bela crônica mostra também a simpatia que o cronista tem por Brizola. Fernando Brito se declara brizolista, nos textos que posta no blog dele. Embora Marceu Vieira não seja tão explícito, os leitores fàcilmente percebem por quem o coração dele balançava, em termos políticos.”
João de Paiva, peço desculpas pela demora, mas acabei de postar seu comentário no site do Marceu Vieira. Abraços do seu “pombo correio”.
Meu receio é que quando for atingido o 172º voto contra o impeachment, a quadrilha de gângsteres de CUnha convoque provocadores violentos, introduzidos subrrepticiamente na Câmara, para invalidar a votação.
Não tem como acontecer mais. Eles já estão e estarão vencidos.
[…] Sourced through Scoop.it from: https://www.marceloauler.com.br […]
Duvivier: precisamos falar sobre Temer
http://www.vermelho.org.br/noticia/279340-1
A origem policial dos golpistas:
https://andradetalis.wordpress.com/2016/04/16/os-policiais-dos-tempos-da-ditadura-de-64-reale-e-temer-tramaram-o-golpe-do-impeachment-de-dilma/