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O “Pragmatismo suicida” debilita a luta pela volta de Dilma?

Marcelo Auler

Luíza Erundina, do PSOL,  22 votos conquistados com uma posição política bem definida. Foto: Reprodução

Luíza Erundina, do PSOL, 22 votos conquistados com uma posição política bem definida. Foto: Reprodução

Trago aos leitores o artigo que recebi hoje do sociólogo e amigo Luiz Alberto Gómez de Souza, que como já publiquei aqui anteriormente, foi  definido por Frei Betto como “gaúcho  de nascimento, mineiro de coração (arrebatado por Lúcia Ribeiro, juiz-forana) e carioca por adoção”.

Ele aborda um tema polêmico para uns, e muito claro para outros que, como ele, criticam a posição do PT, na eleição do presidente da Câmara. Pessoalmente, jamais defenderia o voto em Rodrigo Maia (DEM-RJ), como ouvi o próprio Lula defender.

Mas, ainda que sujeito a muita crítica – espero que fiquem apenas nela, e não cheguem às agressões – tenho dúvidas se não valeria uma estratégia diferente, com votos da esquerda no peemedebista Marcelo de Castro, do Piauí, em uma tentativa de dividir mesmo a base de apoio ao governo golpista. Óbvio que isto teria que ser feito diante de uma boa negociação em que o candidato assumisse determinados compromissos.

A diferença de Castro para Rogério Rosso (PSD-DF) foi de apenas 36 votos, enquanto Luíza Erundina (PSOL-SP) e Orlando Silva (PCdoB-SP) juntos tiveram 38 votos O que aconteceria se no segundo turno eleição estivessem Maia e Castro? Como se comportariam deputados do centrão que estão se sentindo alijados pelo governo interino?

São meras conjecturas. Como disse acima, não tenho certezas, mas dúvidas. Não discordo totalmente da posição do PSOL. muito menos de petistas como Tarso Genro. Mas, questiono se existiria ou não saída diferente? Talvez, jamais eu descubra isto.

Fiquem, pois, com o pensamento de Luiz Alberto, que apresenta  muito mais certezas do que eu. Em algo, pelo menos, concordo em número gênero e grau com ele, quando afirma que a disputa eleitoreira de 2018 pode estar prejudicando o projeto prioritário que é a volta de Dilma Rousseff:

E pior e mais grave ainda, isso está debilitando a luta prioritária contra o impeachment, passada nestes dias para um segundo plano por razões eleitoreiras. Terão alguns deixado Dilma de lado, pensando talvez numa incerta e discutível estratégia para construir a candidatura de Lula em 2018? Mas a que custo? Estamos neste momento diante de mais uma aliança espúria, com um DEM que até o momento fenecia (ex-PFL, ex-Arena) e com setores de um PMDB, parceiro desleal, num velho e desgastado acordo“.

Também concordo, quando ele diz que “o importante seria que partidos como PT, PC do B e PSOL – acabei não mencionando o PDT, tenho dúvidas da Rede – construíssem desde já, numa ampla aliança com setores progressistas na sociedade, um programa de reais alternativas, sem restringir-se a estratégias para vencer”.

Leiam e façam as suas apostas, ou críticas. Só não vale agressão.

PRAGMATISMO SUICIDA.

Luiz Alberto Gómez de Souza.

Luiz Alberto Gomez de Souza

Luiz Alberto Gomez de Souza

Segundo transcendia, para presidente da Câmara o PT apoiava, numa jogada oportunista e míope, Marcelo Castro, membro do anfíbio PMDB, que fora ministro da Dilma e votara contra o impeachment. Certa ou não, a mídia a serviço do presidente interino, considerava esta candidatura, que ficou em terceiro lugar, uma criação de Lula e do PT e se lançou com todas as forças contra ela. O PC do B, num último momento ainda apresentou Orlando Silva, como a Rede o fez com Miro Teixeira. Porém, desde o início, o PSOL teve Luiza Erundina como candidata no primeiro turno, declarando que se absteria no segundo, ausentando-se do plenário. Manifestei meu apoio a ela, como uma deputada de posições definidas, que merecia os votos da esquerda.

Retomo lúcidas frases finais de Tarso Genro em sua carta a deputados petistas nessa ocasião.“É preferível ter poucos votos, com uma Chapa republicana, composta por pessoas sérias, declinando de uma aliança com Rodrigo Maia e seus companheiros de “ideais”, ou sermos identificados com os dissidentes do golpismo, que querem uma parte maior do botim neoliberal… Parece-me que a primeira hipótese é digna e tem futuro. E que a segunda é sombria e suicida. E mais: seria uma demonstração que não aprendemos nada com os nossos erros e que não estamos dispostos a mudar em nada… somem as biografias de vocês e resgatem a dignidade da política, sem temer ser minoria. Não troquem a dignidade de uma solidão com futuro, pela falsa alegria dos vencedores sem propósito”. Claro e direto.

Tarso Genro ainda tentou interferir junto à bancada petista para que não votassem em  Rodrigo Maia. Foto reprodução

Tarso Genro ainda tentou interferir junto à bancada petista para que não votassem em Rodrigo Maia. Foto reprodução

Partidos manchados? – Chegou o segundo turno e o PT, ao contrário do que pedia Tarso, decidiu votar em Rodrigo Maia. Não aceitando essa orientação, 25 de seus deputados se ausentaram e se supõe (o voto é secreto), que 33 votaram em Maia. Dos 10 do PC do B, que desta vez também apoiava Maia, dois não compareceram ( Jandira foi uma) e 8 possivelmente votaram em Maia. A Rede, pelo que indicam as informações nos sites, esteve presente na votação (serão dela alguns dos 5 votos de abstenção?). Todo o PSOL, consequente, ausentou-se.

Vejamos os números. Os votos do PT e do PC do B, considerando que todos seus deputados presentes teriam votado em Maia, somariam 41 (33 e 8). Desnecessários para a ampla vitória deste, com folgados 115 votos à frente de Rogério Rosso. Além de inútil, essa orientação com viseiras imediatistas, como já foi vista em várias ocasiões no passado, manchou desnecessariamente as duas siglas e deve ter perturbado suas militâncias.

Os meios de comunicação governistas festejaram exultantes a derrota de Castro no primeiro turno, considerando-a uma derrota de Lula e do PT. E não deixaram de fazer notar, com ironia, a contradição do PT e do PC do B votarem em Maia no segundo turno, um furioso apoiador do impeachment. Alguém falou de pragmatismo. Pragmatismo autodestrutivo. A coerência ficou com o PSOL.

As respostas a tantas interrogações virão nas eleições do ano que vem e nas de 2018, mas com um PT e em PC do B expressando neste momento posições pelo menos ambíguas, com prováveis repercussões negativas no futuro.

Para Gómez de Souza, preocupações eleitoreiras com 2018 estão afastando a luta principal, que é a volta de Dilma. Foto Roberto Stuckert Filho - PR 22.04.16

Para Gómez de Souza, preocupações eleitoreiras com 2018 estão afastando a luta principal, que é a volta de Dilma. Foto Roberto Stuckert Filho – PR 22.04.16

Deixaram Dilma de Lado? E pior e mais grave ainda, isso está debilitando a luta prioritária contra o impeachment, passada nestes dias para um segundo plano por razões eleitoreiras. Terão alguns deixado Dilma de lado, pensando talvez numa incerta e discutível estratégia para construir a candidatura de Lula em 2018? Mas a que custo? Estamos neste momento diante de mais uma aliança espúria, com um DEM que até o momento fenecia (ex-PFL, ex-Arena) e com setores de um PMDB, parceiro desleal, num velho e desgastado acordo.

O Data Folha de 16/7 indica que Lula, neste momento, lideraria a intenção de votos num primeiro turno, mas perderia num segundo para Marina (44 a 32) e por Serra (40 a 35). Porém estamos ainda longe e as pesquisas refletem apenas a visibilidade hoje das atuais lideranças. Certamente haverá mudanças; por exemplo, um Ciro Gomes poderia crescer, no momento fraco nas intenções. Ainda é cedo para prognósticos. Mas o importante seria que partidos como PT, PC do B e PSOL – acabei não mencionando o PDT, tenho dúvidas da Rede – construíssem desde já, numa ampla aliança com setores progressistas na sociedade, um programa de reais alternativas, sem restringir-se a estratégias para vencer. Ganhar a qualquer preço, com acordos dúbios, e esta eleição na Câmara traz indicadores preocupantes, poderia levar candidatos proclamados de esquerda, se eleitos, a fazerem uma gestão de centro-direita, em nome de uma governabilidade que repetiria erros do passado no Brasil e em outros países. Valeria lutar e apostar com independência, mesmo se não levar, nas próximas eleições, a muitas vitórias. Como diria Gramsci, estaríamos numa “guerra de posições” na sociedade civil, pela afirmação de democracia, defesa nacional e cidadania, preparando aos poucos, com tenacidade e esforço pedagógico, uma outra hegemonia para superar este capitalismo predatório.

9 Comentários

  1. google disse:

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  2. Marcelo disse:

    Podem discordar da dita coerência do PSOL, mas, pelo menos eles agiram, colocaram um candidato, mostraram a cara e disseram NÃO maiúsculo a toda podridão da Câmara dos Deputados. O que o PT fez foi o Não Agir: sem candidato, sem postura unificada e votando meio que escondido e totalmente constrangido no moribundo DEM. Partido e Conscientização se faz com trabalho, não com cálculos mirabolantes visando um longínquo e possível bem próprio.

  3. Guilherme Magalhães disse:

    As vaidades da esquerda impedem uma luta unificada.

  4. Rafael disse:

    Gente, alguém realmente se preocupa com a Dilma? Ela sempre foi inepta e não é petista, o PT está aliviado que ela será impedida! Não havia um Haddad na época da eleição dela! Se ela continuasse como Capitã do Titanic, as chances do Lula em 2018 e do PT agora em 2016 seriam MÍNIMAS! E a população está vendo a melhora na economia, se ela voltasse pra nomear Miss Bumbum como Ministro do Turismo e fazer todas a trapalhadas dela, o PT iria pro brejo.
    Resumindo, NINGUÉM quer a Dilma de volta. Talvez os debilóides lobotomizados da UNE.

  5. C.Paoliello disse:

    Era óbvio e gritante que toda a esquerda deveria ter sido realista e fechar com Marcelo Castro no primeiro turno, pois era o único candidato VIÁVEL não golpista. Por razões que ainda não estão claras, Erundina e Orlando Silva impediram esta estratégia mantendo suas candidaturas, o que se revelou fatal para a possível passagem de Castro ao 2º turno e talvez à vitória. Se isso ocorresse seria uma grande derrota não só para Temer mas também para o golpistas, que seria o mais importante naquele momento. Orlando Silva não conheço direito e não sei por quê manteve sua inviável candidatura, mas o comportamento de Luiza Erundina foi mais imperdoável porquê ela sabia perfeitamente, pela sua experiência, que era fundamental naquele momento os antigolpistas investirem não na candidatura ideal mas na que fosse viável e derrotasse Temer e seu bando de conspiradores e traidores do povo brasileiro.

  6. Francisco de Assis disse:

    PODIAM TER LANÇADO CANDIDATO O JEAN WYLLYS. SQN.

    “A coerência ficou com o PSOL”. Francamente.

    O PSOL e Erundina praticam o oportunismo mais canalha, com mero objetivo eleitoral visando a prefeitura de São Paulo, e, pior, usando a mídia bandida para aparecer, pois bem sabem – o PSOL e Erundina – que ali têm todos os espaços para atacar o PT. Como fazem diuturnamente desde 2003, com um resultado vergonhoso – enfraquecer o PT, para o bem da direita e, depois de 13 anos, eleger uma bancada nanica, de 4 ou 5 deputados, entre os quais um cabo bombeiro pentecossauro, que já saiu, e uma arrivista oportunista como Erundina, que já disse estar ali de passagem, depois de ajudar a dar um lustre de “esquerdistas”, no PSB, para fascistas da estirpe de Bornhausen e Heráclito Fortes.

    “A coerência ficou com o PSOL”. Francamente. Podem criticar o PT, mas não precisam tentar fazer os outros de idiotas, livrando a cara do PSOL e da Erundina.

  7. Luiz Carlos P. Oliveira disse:

    Acho que, à esta altura, o único que não poderia vencer era o Rosso, pois é cria do Cunha e aliado do Temer. O que asseguraria a vitória do Castro? Nenhuma certeza.

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