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Arnaldo César*

Sérgio Moro: erro de estratégica, se existiu estratégia. Foto: www.público.pt

Sérgio Moro: erro de estratégica, se existiu estratégia. Foto: www.público.pt

Cantados em prosa e verso, por todos os rincões deste País, como exemplo de eficiência, agilidade e retidão moral, o juiz federal Sérgio Fernando Moro e sua força tarefa de procuradores e delegados da Polícia Federal estão comendo o pão que o tinhoso amassou.

Cometeram um erro estratégico medonho. Estão profundamente incomodados com as reações nos meios jurídicos, políticos e do povo em geral.

Na ânsia de trancafiar o ex-presidente Lula atropelaram a lei e a estratégia – se é que existiu alguma – por trás da “Lava Jato”.  A fala de mais de 25 minutos do procurador regional da República, Carlos Fernando Lima, na edição do Jornal Nacional de sexta-feira (04/03), foi um festival de justificativas. Raro foram as pessoas, na história daquele telejornal, que despejaram tanta saliva e suor no ar.

Carlos Fernando de |Lima, mais de 0 minutos no Jornal Nacional  para dizer que Lula é suspeito, mas a Procuradoria ainda não tem as provas. Foto: reprodução TV Globo

Carlos Fernando de |Lima, mais de 25 minutos no Jornal Nacional para dizer que Lula é suspeito, mas a Procuradoria ainda não tem as provas. Foto: reprodução TV Globo

    Ao final de tamanha peroração ficou na cabeça      dos telespectadores médios a certeza de que todo o esforço do ensopado procurador e do juiz Sérgio Moro tem único objetivo: impedir a volta de Lula ao poder em 2018 e, por tabela, apear Dilma do Planalto.

A maioria dos brasileiros que, legitimamente querem o combate à corrupção, até agora não entenderam a razão de tanta truculência contra um dos mais admirados líderes políticos da história recente.  Feita a lambança, o magistrado e sua turma se desdobraram em notas oficiais para explicar o inexplicável.

 Qualquer estagiário de jornalismo ou mesmo aprendiz de delegado sabe que conseguir as provas é determinante em qualquer trabalho de investigação. Quem nunca ouviu expressões chulas como: “marca de batom na cueca” ou “bala de prata” durante a apuração de uma matéria?

Pelo escarcéu que tomou conta do País, Moro e sua força tarefa não conseguiram nem a marca de batom e muito menos a bala de prata para abater o ex-presidente.  Estão atolados num barquinho de lata de R$ 4 mil e em dois pedalinhos de R$ 2,6 mil, no meio de laguinho de um sítio, em Atibaia, no interior de São Paulo. Ou, de um triplex num prédio, em Guarujá, balneário igualmente de classe média do litoral paulista.

E olha que há dois anos ele vem se esforçando para isso! Tudo garantido pelo poder de polícia, delações premiadas e vazamentos seletivos de informação. Sem contar é lógico com a postura dócil e colaborativa dos grandes veículos da imprensa brasileira.

Em suma: Moro e seus meninos continuam devendo aos brasileiros as provas irrefutáveis de que o ex-presidente levou um qualquer na roubalheira da Petrobras.

Se alguém tinha alguma dúvida, não há mais razão para isso. Moro e seus delegados e procuradores são peças fundamentais num movimento golpista. Um golpe diferente de todos os que os brasileiros já viram. Antes, eram urdidos nos quartéis, agora são tramados nos tribunais.

Vale lembrar que Nelsinho personagem do livro de contos “Vampiro de Curitiba”, da obra de Dalton Trevisan, era alucinado por sexo. Tudo leva a crer que Moro e o seu pessoal estão obcecados por Lula.

A verdade é que Lula, no papel de vítima, voltou para a estrada. A “Lava jato”, a grande esperança de se conter o avanço da corrupção no Brasil começa a perder substância. A andar de lado. O que era um debate técnico-jurídico transformou-se numa incontrolável ação política.

Resta-nos torcer para que não vire uma convulsão social.

* Arnaldo César é jornalista e colaborador do Blog.

2 Comentários

  1. CARLOS A C MACEDO disse:

    JUSTIFICATIVA AO CPP: XI – Suprindo uma injustificável omissão da atual legislação processual, o projeto autoriza que o acusado, no caso em que não caiba a prisão preventiva, seja forçadamente conduzido à presença da autoridade, quando, regularmente intimado para ato que, sem ele, não possa realizar‑se, deixa de comparecer sem motivo justo. Presentemente, essa medida compulsória é aplicável somente à testemunha faltosa, enquanto ao réu é concedido o privilégio de desobedecer à autoridade processante, ainda que a sua presença seja necessária para esclarecer ponto relevante da acusação ou da defesa.

  2. João de Paiva disse:

    Apenas uma observação, mais do que salutar: sòmente na concepção dos ingênuos, dos tolos ou de má-fé a Lava Jato foi, em algum momento, “a grande esperança de se conter o avanço da corrupção no Brasil”. Eu e muitos outros leitores dos blogs independentes e progressistas já vínhamos alertando e mostrando que a LJ não passa de um instrumento com falsos ares de legalidade e institucionalidade para perpetrar um golpe de Estado e apear o PT e Esquerda do governo federal. Não é difícil perceber a trama, que além da participação da plutocracia nacional e da burocracia estatal cooptada para o nefasto fim (PF, MPF*, alguns MPEs e juízes como sérgio moro), tem todas as digitais da oposição de direita, das sete irmãs do petróleo, da NSA, da CIA, do Pentágono e, claro, do PIG.

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