Na reportagem postada na manhã desta quinta-feira (11/05), O constrangimento às baianas sinaliza a criminalização dos movimentos sociais, expus os sinais evidentes de que o governo que assumiu esta tarde após participar do golpe derrubando a presidente Dilma Rousseff, tende a criminalizar os movimentos sociais.
Coincidentemente no jornal Valor Econômico desta quinta-feira, Maria Cristina Fernandes assina uma reportagem falando do novo ministro da nova pasta, que Michel Temer batizou de Justiça e da Cidadania, Alexandre de Moraes. Trata-se de um professor de Direito, amigo pessoal do presidente em exercício, que ocupava a Secretaria de Segurança do governo tucano de Geraldo Alckmin e que no cargo passou a ser exaltado pelas polícias de uma maneira em geral.
Após ler o texto da jornalista narrando as “façanhas” do novo ministro na função de secretário de segurança é impossível não surgir uma dúvida na cabeça do leitor:
Ou Michel Temer errou ao escolhe-lo para ministro, ou o nome dado à pasta é mero jogo de palavras.
A matéria de Maria Cristina complementa a que escrevi pela manha. Falei no genérico, na recriação de uma política de segurança que tem fortes traços de que resultará na perseguição aos movimentos sociais e às manifestações. A reportagem do Valor Econômico, fala no específico, inclusive citando o que ocorreu na noite de quarta-feira, na repressão aos protestos pelo impeachment da presidente, na Avenida Paulista, em São Paulo, pela polícia que ainda era comandada por Moraes.
A tentação para reproduzir o texto brilhante de Maria Cristina é grande, mas respeitando a política do Valor Econômico, transcreverei apenas alguns trechos que me chamaram a atenção. A íntegra está no site do jornal, cujo link vai junto com o título da matéria.
“Foi na condição de quase ministro da Justiça que o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, reagiu às manifestações contra o impeachment que bloquearam avenidas e rodovias na manhã de terça-feira na capital paulista: “Não configuram uma manifestação porque não tinham nada a pleitear. Tinham, sim, a atrapalhar a cidade. Eles agiram como atos de guerrilha. Nós vamos identificar [as pessoas], porque há atitude criminosa“.
Com Guilherme Boulos (MTST) e João Pedro Stédile (MST) a queimar pneus país afora, Moraes encarnará o vozeirão da ordem. Vai respaldar a atuação de secretários estaduais de segurança na repressão a movimentos sociais. O paradigma é sua própria gestão, que avalizou, na semana passada, a entrada de policiais militares, sem mandado judicial, numa escola ocupada por estudantes.
Os embates com movimentos sociais poderão disputar as manchetes com a Lava-jato, operação que gravita em torno de vários dos integrantes do primeiro escalão deste governo. Promotor de carreira, Moraes vem da mesma linhagem do ex-governador Luiz Antonio ´Carandiru´ Fleury e de Saulo ´Pinheirinho´ de Castro, atual secretário de Governo da gestão Geraldo Alckmin. Com a violência policial, esses promotores de carreira produziram um ibope suficiente alto para sustentar o fracasso de audiência do combate à corrupção no Estado. (…)
O vice-presidente Michel Temer pretende criar uma secretaria de transparência e combate à corrupção para demonstrar o compromisso com o tema de um governo coalhado de investigados da Lava-jato. Espera-se que a secretaria seja diretamente subordinada à Presidência da República porque o quase ministro da Justiça protagonizou controvérsias no primeiro quesito e se mostrou pouco operante no segundo.
Revogou decreto do governador que mandava a secretaria de segurança pública divulgar os efetivos policiais de cada bairro e cidade do Estado. As informações eram estratégias, alegou-se, mas a razão, de fato, é que os dados expuseram a lacuna de investigadores e escrivães em muitos lugares e levou a representações do ministério público.
A linha dura de Moraes não entrou em conflito aberto com as máfias que há décadas subsistem nas polícias e já derrubaram vários secretários. Quando entrou na secretaria encontrou policiais que há décadas ganham por fora tanto para cumprir suas obrigações quanto para descumpri-las. Quase todos sobreviverão ao seu mandato.”
*Texto original e na íntegra em: http://www.valor.com.br/politica/4558727/alexandre-de-moraes-o-pit-bull-de-temer
5 Comentários
Acabou a baderna pra esses comunistinhas chinelões! Esse povo podre se criou nesse governo podre do pt, agora já era pra vocês. Viva o neoliberalismo, viva o capital e viva a direita.
Caro Marcelo Auler,
Agradeço-lhe por abordar esse ministério entregue ao nazimoraes. Juntamente com o chefe do recriado SNI (o general sérgio etcchegoyen – filho, neto e sobrinho de torturadores das ditaduras do Estado Novo e militar). a respeito da família etchegoyen vale a pena reproduzir o que um leitor do PHA enviou a esse jornalista, que o publicou no blog Conversa Afiada (confiram emhttp://www.conversaafiada.com.br/economia/forte-nao-e-o-meirelles-e-o-etchgoyen).
O texto é claro e didático, dispensando qualquer comentário. Confiram.
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“O general Alcides Etchegoyen, avô do general Sérgio Etchegoyen, foi o sucessor do funesto Felinto Miller como chefe de Polícia do Distrito Federal na ditadura do Estado Novo. Na democracia, o general Alcides encabeçou a chapa dos entreguistas vitoriosa na eleição do Clube Militar em 1952. E baniu os debates sobre a criação da Petrobrás. Apoiou o golpe contra a posse de JK. Informações do CPDOC/FGV.
O general Leo Guedes Etchegoyen, pai do general Sergio, foi secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, indicado pelos golpistas de 64, e comandou a repressão no Estado de Leonel Brizola. Durante a ditadura, trabalhou sob as ordens do funesto general Milton Tavares, mentor da tortura nos quartéis do Exército. Foi chefe do Estado Maior do II Exército, quando protegeu e fez elogios oficiais a um notório torturador do DOI-Codi paulista. Informação da Comissão Nacional da Verdade.
O coronel Cyro Guedes Etchegoyen, tio do general Sérgio, foi chefe da seção de Informações e Contrainformações do Centro de Informações do Exército (CIE), também sob as ordens do funesto Milton Tavares.
Segundo depoimento do coronel Paulo Malhães à CNV, Etchegoyen era a autoridade do CIE responsável pela Casa da Morte, em Petrópolis (RJ). Informações da Comissão Nacional da Verdade.
Espionagem, tortura e violência política estão no histórico militar da família Etchegoyen.
É com esse tipo de militar que Michel Temer pretende conter a previsível reação a seu programa neoliberal radical.”
Espero que seja pitbul pra prender ORCRIM da pfpr.
[…] Fonte: No rebatizado Ministério da Justiça e Cidadania, “o pit-bull de Temer” | Marcelo Auler […]
A raposa Temer é mais que dissimulado, mais que um golpista, mais que um traidor ele é o perigo brasileiro … Wikileaks:M. Temer era informante do governo USA
http://www.ocafezinho.com/2016/05/13/wikileaks-michel-temer-era-informante-do-governo-americano/ … …