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Marcelo Auler

Deltan Dallagnol recorreu às igrejas Batistas na busca de apoio ao  projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção. (Foto: Marcelo Auler -  ‎27/07/2015)

Deltan Dallagnol recorreu às igrejas Batistas na busca de apoio ao projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção. (Foto: Marcelo Auler – ‎27/07/2015)

“Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.” (Evangelho segundo São Mateus 7, 3-5)

Ao revisar sua carta dirigida ao colega procurador da República  de Curitiba, Deltan Dallagnol, aqui publicada em 22 de dezembro  – De Aragão a Dallagnol: “baixe a bola”, o subprocurador da República, Eugênio Aragão, inseriu um novo parágrafo com citação bíblica, ironizando a condição de Dallagnol, de membro da Igreja Batista. O próprio Dallagnol foi quem recorreu às igrejas evangélicas em busca de apoio ao projeto das Dez Medidas Contra a Corrupção, que ele e seus colegas da Procuradoria da República apresentaram a Congresso Nacional.

A carta surgiu após o próprio Dallagnol, em sua página do Face Book mandar um recado aos que, segundo ele, tinham complexo de Vira Lata, conforme noticiou o site Brasil 247 em Dallagnol celebra Lava Jato e manda recado a quem tem “complexo de vira-lata”. Na postagem o procurador de Curitiba dizia: “Se Você acha que o Brasil não tem jeito e veste a camisa do complexo de vira-lata, esta mensagem é para Você. É possível um Brasil diferente, e a hora é agora. A Lava Jato está fazendo a sua parte”.

Aragão, prontamente respondeu acusando-o coordenador da Força Tarefa da Lava Jato de desconhecer a História e recomendando que ele baixasse a bola: “Acredito que você e sua turma sejam talvez os que menos autoridade têm para falar disso, pois seus pronunciamentos são a prova mais cabal de SEU complexo de vira-lata (…) Talvez você devesse estudar um pouco mais de história, para depreciar menos este país”, expôs Aragão na carta que reproduzimos abaixo já com as devidas retificações feitas pelo autor e o novo parágrafo com a citação bíblica.

 

Carta aberta ao jovem colega Deltan Dallagnol

Eugênio José Guilherme de Aragão

“Denn nichts ist schwerer und nichts erfordert mehr Charakter, als sich in offenem Gegensatz zu seiner Zeit zu befinden und laut zu sagen: Nein.” – Kurt Tucholsky

(Porque nada é mais difícil e nada exige mais caráter que se encontrar em aberta oposição a seu tempo e dizer em alto e bom som: Não!)

Caro colega,

Versão inicial da carta em 22 de dezembro

Versão inicial da carta em 22 de dezembro

Acabo de ler por blogs de gente séria que você estaria a chamar atenção, no seu perfil de Facebook, de quem “veste a camisa do complexo de vira-lata”, que seria “possível um Brasil diferente” e que a hora seria agora. Achei oportuno escrever-lhe esta carta pública, para que nossa sociedade saiba que, no ministério público, há quem não bata palmas para suas exibições de falta de modéstia.

Vamos falar primeiro do complexo de vira-lata. Acredito que você e sua turma sejam talvez os que menos autoridade têm para falar disso, pois seus pronunciamentos são a prova mais cabal de SEU complexo de vira-lata. Ainda me lembro daquela pitoresca comparação entre a colonização americana e a lusitana em nossas terras, atribuindo à última todos os males da baixa cultura de governação brasileira, enquanto o puritanismo lá no Norte seria a razão de seu progresso.

Talvez você devesse estudar um pouco mais de história, para depreciar menos este país. E olha que quem cresceu nas “Oropas” e lá foi educado desde menino fui eu, hein… talvez por isso não falo essa barbaridade, porque tenho consciência de que aquele pedaço de terra, assim como a de seu querido irmão do Norte, foram os mais banhados de sangue humano ao longo da passagem de nossa espécie por este planeta. Não somos, os brasileiros, tão maus assim: na pior das hipóteses somos iguais, alguns somos descendentes dos algozes e a maioria somos descendentes das vítimas.

Mensagem de Dallagnol, reproduzida no Brasil 247, que gerou a carta de Aragão.

Mensagem de Dallagnol, reproduzida no Brasil 247, que gerou a carta de Aragão.

Mas essa sua teorização vulgar não diz tudo sobre SEU complexo. Você à frente de sua turma vai entrar na história como quem contribuiu decisivamente para o atraso econômico e político que fatalmente se abaterão sobre nós. E sabe por que? Porque você e sua turma são ignorantes e não conseguem enxergar que o princípio fiat iustitia et pereat mundus nunca foi aceito por sociedade sadia qualquer neste mundão de Deus. Summum jus, summa iniuria, já diziam os romanos: querer impor sua concepção pessoal de justiça a ferro e fogo leva fatalmente à destruição, à comoção e à própria injustiça.

E o que vocês conseguiram de útil neste País para acharem que podem inaugurar um “outro Brasil”, quiçá melhor do que aquele em que vivíamos? Vocês conseguiram agradar ao irmão do Norte, que faturará bilhões de nossa combalida economia, e conseguiram tirar as empresas nacionais do mercado global altamente competitivo da construção civil de grandes obras de infraestrutura. Tio Sam agradece. E vocês, narcisos, se acham lindinhos por causa disso, né?

Vangloriam-se de terem trazido de volta míseros dois bilhões em recursos supostamente desviados por práticas empresariais e políticas corruptas. E qual o estrago que provocaram para lograr essa casquinha? Por baixo, um prejuízo de 100 bilhões e mais de um milhão de empregos riscados do mapa. Afundaram nosso esforço de propiciar conteúdo tecnológico nacional na extração petrolífera, derreteram a recém-reconstruída indústria naval brasileira.

desempregoClaro, não são seus empregos que correm risco. Ganhamos muito bem no ministério público, temos auxílio-alimentação de quase mil reais, auxilio-creche com valor perto disso, um ilegal auxílio-moradia tolerado pela morosidade do Judiciário que vocês tanto criticam. Temos um fantástico plano de saúde e nossos filhos podem frequentar a liga das melhores escolas do País. Não precisamos de SUS, não precisamos de Pronatec, não precisamos de cota nas universidades, não precisamos de bolsa-família e não precisamos de Minha Casa Minha Vida. Vivemos numa redoma de bem estar. Por isso, talvez, à falta de consciência histórica, a ideologia de classe devora sua autocrítica. E você e sua turma não acham nada de mais se milhões de famílias não conseguirem mais pagar suas contas no fim do mês, porque suas mães e seus pais ficaram desempregados e perderam a perspectiva de se reinserirem no mercado num futuro próximo.

Mas você achou fantástico o acordo com os governos dos EEUU e da Suíça, que permitiu-lhes, na contramão da prática diplomática brasileira, se beneficiar indiretamente de um asset sharing sobre produto de corrupção de funcionários brasileiros e estrangeiros. Fecharam esse acordo sem qualquer participação da União, que é quem, em última análise, paga a conta de seu pretenso heroísmo global e repassaram recursos nacionais sem autorização do Senado. Bonito, hein? Mas, claro, na visão umbilical corporativista de vocês, o ministério público pode tudo e não precisa se preocupar com esses detalhes burocráticos que só atrasam nosso salamaleque para o irmão do  Norte! E depois você fala de complexo de vira-lata dos outros!

O problema da soberba, colega, é que ela cega e torna o soberbo incapaz de empatia. Mas como neste mundo vale a lei do retorno, o soberbo também não recebe empatia, pois seu semblante fica opaco, incapaz de se conectar com o outro.

"Esse servicinho de vocês foi responsável por derrubar uma Presidenta constitucional honesta e colocar em seu lugar uma turba envolvida nas negociatas que vocês apregoam mídia afora".

“Esse servicinho de vocês foi responsável por derrubar uma Presidenta constitucional honesta e colocar em seu lugar uma turba envolvida nas negociatas que vocês apregoam mídia afora”.

A operação de entrega de ativos nacionais ao estrangeiro, além de beirar alta traição, esculhambou o Brasil como nação de respeito entre seus pares. Ficamos a anos-luz de distância da admiração que tínhamos mundo afora. Vocês atropelaram a constituição: segundo ela, compete à Presidenta da República manter relações com estados estrangeiros, não ao musculoso ministério público. Daqui a pouco vocês vão querer até uma representação diplomática nas capitais do circuito Elizabeth Arden, não é?

Ainda quanto a um Brasil diferente, devo-lhes lembrar que “diferente” nem sempre é melhor e que esse servicinho de vocês foi responsável por derrubar uma Presidenta constitucional honesta e colocar em seu lugar uma turba envolvida nas negociatas que vocês apregoam mídia afora. Esse é o Brasil diferente? De fato é: um Brasil que passou a desrespeitar as escolhas políticas de seus vizinhos e cultivar uma diplomacia da nulidade, pois não goza de qualquer respeito no mundo. Vocês ajudaram a sujar o nome do país. Vocês ajudaram a deteriorar a qualidade da governação, a destruição das políticas inclusivas e o desenvolvimento sustentável pela expansão de nossa infraestrutura com tecnologia própria.

E isso tudo em nome de um “combate” obsessivo à corrupção. Assunto do qual vocês parecem não entender bulhufas! Criaram, isto sim, uma cortina de fumaça sobre o verdadeiro problema deste pais, que é a profunda desigualdade social e econômica.

Não é a corrupção. Esta é mero corolário da desigualdade, que produz gente que nem vocês, cheios de “selfrighteousness”, fariseus com a pretensão de serem justos e infalíveis, donos da verdade e do bem estar Gente que pode se dar ao luxo de atropelar as leis sem consequência nenhuma. Pelo contrário, ainda são aplaudidos como justiceiros.

Com essa agenda menor da corrupção vocês ajudaram a dividir o país, entre os homens de bem e os safados, porque vocês não se limitam a julgar condutas como lhes compete, mas ousam julgar pessoas, quando estão longe de serem melhores do que elas. Vocês não têm capacidade de ver o quanto seu corporativismo é parte dessa corrupção, porque funciona sob a mesma gramática do patrimonialismo: vocês querem um naco do Estado só para chamar de seu.

Ninguém os controla de verdade e vocês acham que não devem satisfação a ninguém. E tudo isso lhes propicia um ganho material incrível, a capacidade de estarem no topo da cadeia alimentar do serviço público. Vamos falar de nós, os procuradores da república, antes de querer olhar para a cauda alheia.

Por fim, só quero pontuar que a corrupção não se elimina. Ela é da natureza perversa de uma sociedade em que a competição se faz pelo fator custo-benefício, no sentindo mais xucro. A corrupção se controla. Controla-se para não tornar disfuncionais o Estado e a economia. Mas esse controle não se faz com expiação de pecados. Não se faz com discursinho falso-moralista. Não se faz com homilias em igrejas. Faz-se com reforma administrativa e reforma política, para atacar a causa do fenômeno e não sua periferia aparente. Vocês estão fazendo populismo, ao disseminarem a ideia de que há o “nós o povo” de honestos brasileiros, dispostos a enfrentar o dragão da corrupção como um São Jorge redivivo.

dallagnolperseguindo-lulaVocê e eu sabemos que não existe isso e que não existe, com sua artificial iniciativa popular das “10 medidas”, solução viável para o problema. Esta passa pela revisão dos processos decisórios e de controle na cadeia de comando administrativa e pela reestruturação de nosso sistema político calcado em partidos que não merecem esse nome. Mas isso tudo talvez seja muito complicado para você e sua turma compreenderem.

Só um conselho, colega: baixe a bola. Pare de perseguir o Lula e fazer teatro com PowerPoint.

Faça seu trabalho em silêncio, investigue quem tiver que investigar sem alarde, respeite a presunção de inocência, cumpra seu papel de fiscal da lei e não mexa nesse vespeiro da demagogia, pois você vai acabar ferroado. Aos poucos, como sempre, as máscaras caem e, ao final, se saberá quem são os que gostam do Brasil e os que apenas dele se servem para ficarem bonitos na fita! Esses, sim, costumam padecer do complexo de vira-lata!

Antes da próxima homilia diante de correligionários incautos, reflita sobre a lição do Evangelho: “Por que reparas no cisco que está no olho do teu irmão, quando não percebes a trave que está no teu? Ou como poderás dizer ao teu irmão: ‘Deixa-me tirar o cisco do teu olho’, quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão.” (Evangelho segundo São Mateus 7, 3-5)

Um forte abraço de seu colega mais velho e com cabeça dura, que não se deixa levar por essa onda de “combate” à corrupção sem regras de engajamento e sem respeito aos costumes da guerra.

Eugênio José Guilherme de Aragão

9 Comentários

  1. Roberto de campos disse:

    Primeiramente não deveria ser publicado comentários com pseudônimos ,quanto a república golpista e entreguista de Curitiba,estão todos a serviço do imperialismo e capitalismo americano,são todos realmente vira latas.

  2. Luiz Carlos P. Oliveira disse:

    A lava a jato seria louvável, se fosse apartidária. Juízes, procuradores e membros da PF que declararam, nas redes sociais, suas preferências partidárias, deveriam ser afastados, para que a operação voltasse a ter credibilidade. Acredito que todos os brasileiros são a favor dela, mas que não fosse politizada. Cadeia para culpados. Mas não sem um julgamento justo e isento.

  3. João de Paiva disse:

    O que era bom ficou ótimo. Eugênio Aragão detonou o propanolol, esfregando-lhe na cara, a partir de um texto atribuído ao evangelista Mateus – HIPÓCRITA!

    Esse ‘tapa estalado’, com a mão molhada, deve estar ardendo na face desse hipócrita que é chefe dos procuradores da Fraude a Jato.

    • Viva a Lava Jato disse:

      Viva a Lava jato! Abaixo a bandidagem e paus mandados!!!

      #intervençãojá

      • Luiz Carlos P. Oliveira disse:

        Você se refere a qual pau mandado e bandidagem? Apoia a lava jato da maneira que ela está sendo conduzida? Apoia acordos diretos do Moro com a Justiça americana sem envolvimento do Brasil? Apoia uma lava a jato partidarizada? (se acha que ela não é partidarizada, tente explicar o tratamento dado ao Aécio no seu “depoimento” ao Moro). Apoia powerpoint como prova de crime? Se sua resposta for “sim” em todas as perguntas, está confirmado: você tem problemas cognitivos sérios.

      • João de Paiva disse:

        O uso de pseudônimo, a adjetivação rasa e a incapacidade de argumentar denotam a vileza de teu caráter. Além de covarde, por não assinar com o próprio nome, pede intervenção. A direita nazifascista que grassa no Brasil sabe apenas odiar, ofender, brigar, cometer crimes bárbaros como o ocorrido em Campinas na noite de réveillon. Estuda mais, lê, aprende a argumentar de forma educada e civilizada; caso não tenhas essa capacidade, dispenso tuas réplicas sobre meus comentários.

  4. Luiz Carlos P. Oliveira disse:

    Minha preocupação com o crescimento da bancada evangélica na política não é de hoje, pois sempre comentei com amigos que isso me preocupava. Venho falando isso a mais ou menos uma década. Num Estado Laico (qualquer um), é preocupante ver fundamentalistas religiosos ascendendo ao poder. Mais preocupante é constatar que a quase totalidade (senão total) desses fundamentalistas estão, de forma direta ou indireta, envolvidos em casos de corrupção. Religião e política não combinam. Principalmente por que, na religião, o que os rege é um livro escrito por homens, com a “pretensa” palavra de Deus. Um livro em que, sabem os estudiosos bíblicos, conter cerca de 2.600 contradições. Ora, se é a “palavra de DEUS” e muitos acreditam nas escrituras, como pode Deus se contradizer? Infelizmente os lideres dessas religiões estão formando, a cada dia, mais e mais fanáticos. E estes acham que, na política, temos que seguir os preceitos por eles pregados. Não, não temos. Jamais poderemos aceitar que uma lei seja baseada em preceitos religiosos e é justamente o que a bancada corrupta denominada “da bíblia” quer fazer com o Brasil. Criaturas cujo único livro que leem são os evangelhos. Se dizem cristãs, mas usam como base oara sua religião o Velho Testamento que é, sem dúvida, um dos livros sagrados não de cristãos, mas do Judaísmo. Judeus usam o Novo Testamento? Certamente que não. Eles tem o VT, a Cabala, a Torah e o Talmude, entre outros.
    Não estou aqui criticando religiões em si, apenas demonstrando as contradições de quem se acha dono da verdade e do perigo de uma Igreja-Estado, como o foi na Idade Média, justamente chamada de Idade das Trevas da Humanidade. Esse é o grande perigo. Para aqueles que ainda não perceberam isso, lembro os casos de chutes numa imagem Católica, os ataques físicos (sim, físicos) a seguidores do Candomblé, da Umbanda e de Espiritualistas Afro-brasileiros.
    Se esses fundamentalistas se tornarem maioria absoluta no Congresso, o que podemos esperar? Uma lei que proíba todas as religiões, exceto a deles, voltando aos horrores da inquisição? Sinceramente, deviamos pensar mais a fundo sobre esse risco iminente.

  5. Luiz Carlos P. Oliveira disse:

    O Aragão pode dizer essas coisa. Eu, infelizmente, não posso, por motivos óbvios. Acho até que ele foi “light” nas suas colocações. A minha visão sobre os justiceiros de Curitiba vai muito além da carta ao Dallagnol. Digamos… coisas impublicáveis

    • ari disse:

      Um dos piores cenários para um país é uma teocracia e esse cidadão, com frequência, usa linguagem religiosa.

      Então, ser “religioso” é ajudar a quebrar um país, lançar milhares de pessoas no desemprego e colaborar fortemente para que milhões de brasileiros voltem à miséria? É perseguir sistematicamente um cidadão – o Lula – mesmo sem provas, apenas para permitir que interesses escusos assumam o poder? É aquele powerpoint vergonhoso, em cumplicidade com a Globo? Como diria Isaias, “que direito tendes de esmagar o meu povo e moer a face dos pobres?”

      A bem da verdade, algo muito grave vem acontecendo e aparentemente não vem merecendoa atenção adequada. Falo do crescimento das bancadas religiosas no congresso, nas assembleias e nas câmaras. A ideia de um “Brasil para Cristo” pode ser entendida como sinônimo de uma quase teocracia. Uma religião extremamente conservadora, onde figuras como Malafaia e Feliciano começam a exercer influência na vida nacional. E não há que descartar a igreja católica, bastando sintonizar a TV Canção Nova, onde pontifica, entre outros, o PE. Paulo Ricardo, o malafaia da Igreja, a Século 21, onde há pregações no mais puro estilo “ópio do povo”, a Rede Vida, onde pontifica Yves Gandra e que, há algum tempo, dava espaço para um Ricardo Salles, da EnDIREITAndo o Brasil ou a TV Aparecida, onde um padre, ao apresentar um documentário, por sinal bem feito, sobre o MST, repetia o tempo inteiro que a igreja era neutra no assunto, eventualmente com medo de afastar alguns dos doadores de suas campanhas. Por sinal, os deputados da igreja católica votaram a favor do golpe.

      Na votação do Plano Municipal de Educação podia-se ver vereadores argumentando com base na bíblia. O Estatuto da Família é um atraso monstruoso que se discute na câmara federal. Religião virou um grande negócio e pastores há que já figuram entre os mais ricos do país.

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