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Arnaldo César (*)

Sérgio Etchegoyen: o homem moderno que não enxergou o que se passava. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

A paralisação dos caminhoneiros caminhava para o seu quarto dia, quando o general Sérgio Etchegoyen, ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), chamou aos jornalistas amigos, num canto do Palácio do Planalto, para fazer um comentário aparvalhado.

O funcionário encarregado de abastecer o presidente impostor de informações sobre o que estava acontecendo nas rodovias brasileiras confessou-se surpreso por não ter visto nenhuma bandeira vermelha, políticos de esquerda ou direita e estandarte de qualquer outra cor decorando os quase 700 piquetes que tomaram conta das rodovias.

O general – que tem como subordinada uma multidão de “arapongas” e alcaguetas de toda a sorte – mostrava-se aliviado com o caráter apolítico do movimento. Elogiou a serenidade como o movimento estava sendo conduzido.

Na última terça-feira (dia 29/05), ou seja seis dias depois de conversa ao pé do ouvido com os repórteres que cobrem o governo, Etchegoyen – não esqueçam, o servidor encarregado da inteligência do governo que aí está – apareceu “Jornal Nacional”, exibindo um volumoso relógio de pulso, para dizer que os pedidos de intervenção militar que apareceram grafados em faixas e em alguns para-brisas de caminhões não faziam o menor sentido.

Marun, Padilha e Etchegoyen três dos quatro ministros responsáveis pelas trapalhadas do governo nesta greve, Foto:Antonio Cruz/Agência Brasil

Atabalhoadas negociações – Meio que falando em nome das Forças Armadas ele fez uma analogia que considerou apropriada para o momento. “Os militares não pilotam olhando para o retrovisor do passado. Estamos no século 21”, relembrou o ministro. Ele está convencido de que não há mais espaços para a volta da ditadura militar. Dissimulado esse general!

Além de Etchegoyen outros três colegas ministros se ocuparam das atabalhoadas negociações com os grevistas. São eles:  o abúlico Eliseu Padilha, ministro chefe da Casa Civil; o canhestro Carlos Marun, ministro da Secretaria de Governo e o “voz de veludo” Raul Jungmann, ministro extraordinário da Segurança Pública.

Os quatro somados a Michel Temer constituíram o quinteto mais atrapalhado da história da República. A começar pelo fato de terem feito duas negociações com oportunistas que não tinham a menor representatividade entre os manifestantes. Entregaram tudo que pleiteavam e a greve só fez engrossar.

Categoria “desacorçoada” – Embora Etchegoyen encha o peito para falar que é um homem moderno, sintonizado com o seu tempo, nem ele e tampouco os seus parceiros não perceberam, em momento algum, que estavam diante de novo tipo de protesto, no qual as lideranças são difusas. Ou, como preferem os acadêmicos: “horizontalizada”.

Em vez das ruidosas assembleias nas sedes dos sindicatos, os caminhoneiros refletem e tomam decisões sobre o encaminhamento da paralisação através de aplicativos como o WhatsApp ou mesmo de redes sociais como: Facebook ou Twitter.

Na reportagem de Josette Goulart para a revista Piauí , Etchegoyen teria mais informações do que as passadas por seus arapongas.

Se o quinteto tivesse se dado ao trabalho de ler reportagem feita pela jornalista Josette Goulart para a revista Piauí – FALTA COMBINAR NO WHATSAPP – teria sabido com certa antecedência como os caminhoneiros se comunicam, o que pensam e o que sejam para o País. Lá, dá para se perceber, claramente, que muitos desses líderes professam o mesmo ideário do neonazista Jair Bolsonaro, candidato a presidente da República pelo quase clandestino Partido Social Liberal – PSL.

O quinteto de golpista precisou de nove dias de “intensas” negociações para descobrir que a greve dos caminhoneiros está repleta de “infiltrados”. O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros – Abcam -, José da Fonseca Lopes, foi um dos primeiros a alertar ao governo para este fato. Prometeu inclusive “dar nome aos bois”. O que não aconteceu até agora.

O que Temer e sua camarilha jamais entenderão é que os caminhoneiros, a exemplo de uma parcela considerável da classe média-média deste País está desesperançada. No dialeto dos manifestantes das estradas: “desacorçoada”. Imaginavam que o combate à corrupção seria o bálsamo de todos os balsamos para curar as mazelas do País.

Emoções virão – Por não entender muito bem o que se passa nos meandros da “República de Curitiba”, este segmento da população via no juiz Sérgio Moro o “Messias que veio para salvar o mundo”. Especialmente, quando com suas sentenças esdrúxulas mandavam trancafiar empresários e políticos de esquerda. Iludiram-se.

Com o passar do tempo os brasileiros conservadores também passaram a perceber que a corrupção é endêmica. É praticada por gente de todos os quadrantes – tanto de esquerda quanto de direita. Bateram panelas, ofenderam a ex-presidente Dilma Rousseff e ficaram esfuziantes com a prisão de Lula. Só que nada mudou. Ao contrário. Piorou.

Decepcionados, passaram a achar que só os militares seriam capazes de salvar o Brasil do caos. Pouco se importando se junto com os governantes fardados viessem a ditadura, torturas e restrição das liberdades individuais.

E, o pior: nas cidades há contingentes enormes de cidadãos que pensam da mesma maneira. Isso explica o fato dos grevistas terem tido um apoio incondicional por parte da opinião pública. Justamente, aqueles que penaram com toda a sorte desabastecimentos.

A confusão provocada pelos caminhoneiros desesperançados é só o começo. Preparem seus corações! Emoções fortes estão por vir! É bom não esquecer que não faltam oficiais nas Forças Armadas sedentos para retornar à ribalta do Palácio do Planalto.

(*) Arnaldo César é jornalista e colaborador deste blog.

 

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