Ex-capitão Adriano, “arquivo morto” que perseguirá os Bolsonaros
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12 de fevereiro de 2020

Marcelo Auler, de Brasília.

A casa no sítio, na localidade de Palmeira, município de Esplanada (BA), onde Adriano Nobrega foi morto (reprodução da internet)

Uma simples fotografia do sítio, localizado no início da rodovia estadual BA-233, no povoado de Palmeira, município de Esplanada (BA), a 170 quilômetros de Salvador demonstra, no mínimo, a incompetência – para não se falar em má fé – da polícia da Bahia. Estado que há muito é governado por petistas.

No interior desta casa, na manhã do domingo (09/02), sozinho, estava o mais procurado criminoso do Rio de Janeiro, o ex-capitão da PM-RJ, Adriano Nóbrega. Um verdadeiro arquivo do submundo do crime carioca. E testemunha das ligações da família Bolsonaro com este submundo. Do lado de fora havia entre oito e dez policiais, número que varia com a origem da notícia. Apesar disso, o foragido não conseguiu ser pego com vida. O arquivo foi apagado. Tal e qual o próprio Adriano previu dias antes.

Com essa simples fotografia cai por terra todo o argumento verbalizado pelo secretário de Segurança Pública da Bahia, o delegado da Polícia Federal, Maurício Barbosa. Segundo ele, “tentamos, mais uma vez, trazer aqui a pessoa presa, mas a escolha, infelizmente, não foi da nossa equipe, foi de quem efetuou a resistência e quis confrontar com nossos policiais”.

Jamais se conseguirá saber ao certo se houve ou não a tentativa relatada pelo secretário. Nem o grau de resistência do ex-capitão do BOPE do Rio e chefe da milícia na capital fluminense. Mesmo que os fatos tenham ocorridos como descritos, o resultado apresentado mostra o despreparo da polícia baiana. Sua incompetência. O que, aliás, acaba por alimentar as suspeitas de uma ação premeditada, com os resultados desejados.

Afinal, a mesma fotografia da casa isolada na área rural reforça aquilo que o sociólogo e estudioso das milícias, José Cláudio Souza Alves, destacou em entrevista a Fernanda Mena – Sociólogo e estudioso das milícias José Cláudio Souza Alves questiona a ação policial -, na Folha de S.Paulo, na segunda-feira (10/02): “Estamos falando de um quadro simplificado: um cerco a uma casa no campo. Investiram recursos públicos para desembocar naquilo que é o oposto do desejável. É inacreditável.”

A quantidade de sangue no chão permite se suspeitar de que Adriano morreu ali mesmo. (Foto: Reprodução da Internet).

Pouco importa quantas armas Adriano dispunha quando foi cercado pelos policiais. Nem o fato de ser exímio atirador. Aliás, por outro relato da Folha de S.Paulo, na casa encontraram a marca de apenas um tiro na parede. Detalhe que permite se levantar suspeitas sobre a troca de tiros que alegaram ter ocorrido.

Da mesma forma que a quantidade de sangue que ficou no chão permite se suspeitar que o miliciano morreu no local. Levá-lo, para um hospital – onde ele chegou morto – permite a suspeita que desfizeram o local do crime para evitar perícia. Uma prática comum quando policiais querem esconder execuções. Tal como mostramos na postagem Ex-capitão Adriano, “arquivo morto” que perseguirá os Bolsonaros.

Outro detalhe chama a atenção, até mesmo de leigos. Adriano estava cercado e sozinho. Sem comparsas por perto. E cercado permaneceria. Bastava que assim o quisessem. Pelo tempo necessário. Poderiam até lhe cortar água, luz e alimentos.

Também não vem ao caso se eram oito ou dez soldados do lado de fora. Ainda que fossem poucos, bastava chamar por reforço.

Tampouco deveria interessar a pressa na operação de resgate do preso. Afinal, há mais de ano ele era foragido e, pela primeira vez tinham condições reais de capturá-lo vivo.

Operação de estupidez e ignorância

A regra em casos como este tem sido de se vencer pelo cansaço. Por uma negociação, para ele se entregar. Oferecendo-lhe garantias de que não seria torturado, como certamente cansou de fazer com seus inimigos e adversários. Mas preferiram invadir o imóvel, contrariando o bom senso em operações como esta:

“Uma operação de cerco lida mais com espera, controle e dissuasão do que com um confronto direto”, afirmou, na entrevista à Folha, Alves, que é professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e autor do livro “Dos Barões ao Extermínio – Uma História da Violência na Baixada Fluminense” (APPH, 2003).

Na mesma entrevista, ele lembrou: “Estamos falando de um quadro simplificado: um cerco a uma casa no campo. Investiram recursos públicos para desembocar naquilo que é o oposto do desejável. Não dá para falar em operação policial de inteligência, mas sim de estupidez e de ignorância.”

Para fazer o cerco e persuadir o foragido, porém, seria preciso ter o desejo de pegá-lo com vida. Isso parece não ter sido o objetivo daquela operação policial.

Afinal, com ele vivo, seriam grandes as possibilidades de se tentar extrair as informações que possuía. Informações de valor inestimável nas apurações dos crimes em que se envolveu. Porém, certamente, bastante comprometedoras para muitos.

Como os membros da família Bolsonaro, dos quais o miliciano, se não era próximo, tinha ao menos boas relações a ponto de merecer inúmeras homenagens e dedicações.

Uma relação muito bem desenhada pelo deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ), em um gráfico que relembra o famigerado powerpoint da turma da Lava Jato, quando atacaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Tal relação é que faz todo mundo concluir que a “queima de arquivo” promovida pela polícia baiana – do governo petista, recorde-se – beneficiará em muito o clã Bolsonaro. Em especial o hoje senador Flavio, que quando deputado estadual no Rio, empregou a hoje viúva de Adriano – Daniele – e a mãe do miliciano – Raimunda.

Duas servidoras que, por tudo que já se sabe, eram fantasmas. Recebiam sem comparecer ao prédio do Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio. Provavelmente são daquelas servidoras do gabinete do então deputado que nem crachá tinham confeccionado. Não precisavam. Não tinham que trabalhar. Apenas repartir o que recebiam com o também amigo em comum dos Bolsonaros e de Adriano, Fabrício Queiróz. No famoso esquema da “rachadinha” que o Ministério Público do Estado do Rio anda a investigar.

A “queima de arquivo”, além de calar de vez Adriano, terá ainda seu efeito colateral. Imporá o medo aos demais envolvidos no esquema da “rachadinha”. A começar pela viúva e pela mãe do miliciano morto no domingo. Apesar da suposta raiva pela perda do ente querido que as duas devem estar vivenciando e do sentimento de vingança que podem estar nutrindo, elas saberão com quem não devem mexer. Ela e os outros ex-funcionários do gabinete de Flávio, na Alerj, cujos salários também foram divididos. 

Portanto, a operação policial que o professor Alves classificou como “de estupidez e de ignorância” prestou um total desserviço à apuração do esquema da “rachadinha” envolvendo Flávio Bolsonaro.

Sem falar que, com a eliminação de Adriano, talvez informações importantes sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes podem estar sendo enterradas com ele. Mesmo sem que tivesse participado daquele crime, certamente ele teria o que informar a respeito.

Ao mesmo tempo, porém, a família Bolsonaro e o mui amigo Queiróz devem estar bastante agradecidos. Eles sabem que serão cobrados sempre das ligações com Adriano. Mas poderão ser cobranças sem provas. Sem testemunhos. Pois o principal deles foi queimado. Outros foram e estão amedrontados.

 

 

 

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14 Comentários

  1. Rusuco disse:

    A pressa em cremar, faz pensar , que há um CORPO LARANJA no lugar do corpo.

  2. juliano Sarraf disse:

    o que bolsonaro foi fazer na Bahia antes do reveillon ? inclusive veio só para Bahia e passou apenas 2 dias e logo em seguida voltou para passar o fim de ano com a familia e mulher operada , seu filho estava na Bahia no momento do suposto assassinato do miliciano , agora pensem comigo….. Moro não colocou o nome do miliciano como procurado , pq ?? e até agora ninguém falou nada sobre isso , nem o ministro da “””justiça””e nem o presidente , eles armaram toda essa fake news , o miliciano deve está fora do país a muito tempo , poderiam fazer documentos falsos e pimba , pronto o arquivo vivo estaria longe e nós aqui enterrando o assunto sobre quem mandou matar marielle e só fica o crime de rachadinhas da familicia coisa que é fácil se perdoar no Brasil

  3. NINA TATERKA PRADO disse:

    eu ainda tenho dúvidas quanto esta morte. digo: ele morreu mesmo? a familicia tem todo o aparato p sumir com ele com uma grana no bolso e fingir sua morte. facil.

  4. José disse:

    Cadê o corpo?

  5. Selma Maria Mistura disse:

    O texto quase não é ruim, até começar co. O “ain… maa e o petêêê…”. Aff, que bosta! 🙄

  6. Cleide disse:

    Vc podia ter evitado, levando Adriano para morar com vc ou então vindo prender ele pessoalmente pq vcs jornalistas que são “competentes” kkkkkkkkkkkkkkkkk. Bandido na Bahia não se cria. Bandido bom é bandido morto.

  7. Felipe pearl disse:

    Incompetência ou não da polícia, tinha que matar mesmo. Bandido tem que morrer
    E outra coisa vai bagunçar no inferno não na Bahia.

  8. Cassote disse:

    Quem garante q a foto é no sítio?
    Só essa foto com sangue no chão?
    Se teve acesso a essa… Teve a outras… Expõe tudo ou para de imaginar o q pode ter acontecido…

    Qdo tiver provas… Posta…
    Pq o tal Adriano tinha medo de morrer mas n deixou nenhum arquivo com o advogado caso matassem ele… comédia essa politicagem batata.

  9. Sílvia Oliveira Ribeiro disse:

    não entendi a ênfase no governo petista. É para provar ou propor qual relação?

  10. Vermelho disse:

    Se isso não foi queima de arquivo, vamos ter que inventar outro nome, pois confronto, ato de resistência e outros quetais não encaixam. Os policiais foram ao tal sítio com uma missão muito bem definida e a cumpriram direitinho!

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