Arnaldo César
Foi encontrado, na segunda-feira (dia 18,) o corpo decapitado do jornalista Evany José Metzker, de 67 anos. Ainda não se sabe o motivo da atrocidade. O certo é que ele estava investigando uma quadrilha de prostituição de menores que agia em Catuji, no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. Como é de praxe nestas ocasiões, sindicatos e associações da categoria vão expedir notas indignadas contra a barbárie. E, logo depois tudo volta a ser como antes.
No ano passado, de acordo com a ONG “Artigo 19”, quinze jornalistas foram mortos, no Brasil, em pleno exercício da profissão. Desgraçadamente, pelo jeito que as coisas vão, este ano, bateremos o nosso próprio recorde. Vivemos em plena época da caça aos jornalistas. A liberdade de expressão que, até então, era atacada com pressão econômica junto aos veículos ou ameaças de morte aos repórteres e editores que não se concretizavam, agora é abatida à bala ou a facão, como deve ter sido o caso de Evany José.
Quem ganha à vida, no Brasil, com a produção de informação não tem o direito de apenas ficar assustado com tamanha barbárie. Neste momento, a nossa atividade está precisando de proteção. Centenas de profissionais de pequenos, médios e grandes veículos que investigam escândalos, desvios, desmandos, malfeitos, roubalheira, trapaças e crimes nunca esclarecidos correm sérios riscos.
“Proteger jornalistas é o mesmo que defender a democracia”. No discurso isso soa bonito, Na prática, não passa de um amontoado de palavras ocas.
É chegada a hora destas instituições de classe que escrevem frases deste quilate, nas horas de tragédia, organizarem uma relação daqueles que estão sendo ameaçados.
De posse destes nomes, que procurem o Ministério de Justiça ou a Polícia Federal em busca algum tipo de proteção para eles. As empresas jornalísticas, independente do tamanho que tenham, também têm obrigação de informar aos organismos de segurança as ameaças sofridas por seus contratados. Temos todos que nos prevenir.
Infelizmente, os cidadãos, de maneira geral, ainda não se deram conta de mais esta mazela. Ou melhor, desta forma cruel de se tentar amedrontar a imprensa brasileira.