Passaram-se 12 meses do fatídico 31 de agosto em que 61 senadores decidiram cassar os 54 milhões de votos dados legitimamente à presidente Dilma Rousseff por um crime que ela não cometeu. Apenas um mês da noite em que a Câmara dos Deputados, em um segundo golpe contra o país, recusou autorização para que o Supremo Tribunal Federal (STF) processar Michel Teme. Hoje (02/09) o país assiste calado, sem bater panelas, sem ir às ruas cobrar nada de ninguém, o presidente golpista e suspeito de vários crimes reais, ser chamado de “ladrão geral da República”.
“A colaboração premiada é por lei um direito que o senhor presidente da República tem por dever respeitar. Atacar os colaboradores mostra no mínimo a incapacidade do senhor Michel Temer de oferecer defesa dos crimes que comete. Michel, que se torna ladrão geral da República, envergonha todos nós brasileiros.” (Nota de Joesley Batista, divulgada na madrugada deste sábado, 02/09).
Mais grave é que a acusação, certamente com conhecimento de causa, partiu de um empresário também golpista e corrupto confesso. Ele mesmo admite ter financiado o golpe do impeachment de uma presidente eleita bem antes dele se desenhar. Foi quando ajudou a comprar deputados, antes mesmo de eles serem eleitos, que depois elegeriam Eduardo Cunha, hoje um presidiário, presidente da Câmara.
No cargo, Cunha, ao não ser atendido em suas chantagens, articulou a queda da presidente com a dos mesmos parlamentares que depois salvariam Temer do processo. Tudo sob o aplauso e o incentivo de alguns incautos e outros nem tantos, que achavam estar lutando pela moralização do pais.
Sem esquecer a campanha insidiosa da mídia golpista que assim como contribuiu em 1964 para implantar a ditadura civil-militar no país, hoje deve se responsabilizar por ter ajudado a gerar toda esta crise.
Ou seja, o país que outrora foi chamado de República das Bananas, que graças à luta de seu povo – incluindo aí a morte e/ou o sofrimento de muitos de seus filhos durante a sangrenta ditadura civil-militar -, reconquistou a democracia, foi capaz de escrever uma Constituição Cidadã, hoje chega ao fundo do poço.
Sob o silêncio sepulcral dos alguns incautos e outros nem tanto que construíram, direta e indiretamente, este surrealismo que presenciamos nos dias atuais. E a omissão constante dos ministros do Supremo Tribunal Federal, que assistiram de braços cruzados o golpe do impeachment. O país virou a malfadada Casa da Mãe Joana.
Correndo-se ainda o risco de constatar que se essa casa realmente existir, sua dona é capaz de impor mais respeito aos clientes do que o golpista, que hoje passeia pela China com uma faixa presidencial no peito, recebe de seus amigos e correligionários.
O surrealismo faz com que hoje a Presidência da República de uma nação com 207,7 milhões de habitantes esteja entregue na palavra (e nas provas) de um açougueiro que, comprando políticos, mídia e até artistas de novela, transformou-se em multimilionário.
O pior, ninguém bate panelas, nem ocupa as ruas de camiseta da seleção exigindo a queda do golpista que ajudaram a colocar onde ele está.
E a presidente com 54 milhões de votos foi deposta por “pedaladas fiscais” que não cometeu…
1 Comentário
Não a casa de pai janot