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moreira-franco-o-primeiro-jpg-editadaArnaldo César (*)

Promessa de Cunha. Quem irá lhe lembrar que promessa é dívida?

Se promessa é dívida, alguém precisa cobrar-lhe o que prometeu. E já se sabe quem é o primeiro da lista.

O ministro Moreira Franco, secretário do Programa de Parcerias e Investimento, gosta de ser visto como um político destemido. Nos jantares e almoços com empresários e jornalistas costuma proferir frase do tipo: “a política brasileira é para gente corajosa”. Os dias que se seguem em Brasília não são dos mais favoráveis para o “enfant gâté” do presidente golpista Michel Temer.

Ambos acabam de fazer um périplo pela Índia e Japão por ocasião de uma rodada de negociação entre os governantes dos países que o formam os Brics. Moreira foi para lá com a missão de convencer os empresários presentes a investirem no Brasil pós-golpe. Não foi bem sucedido.

O ex-governador Moreira Franco deverá ser o primeiro da lista de denunciados do ex-deputado Eduardo Cunha. Foi o próprio Cunha quem prometeu.

O ex-governador Moreira Franco deverá ser o primeiro da lista de denunciados do ex-deputado Eduardo Cunha. Foi o próprio Cunha quem prometeu.

Em pleno voo para a Ásia foi atingido por uma saraivada de denúncias formuladas pelo ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, Claudio Melo Filho, que o teria mimoseado com propinas para não permitir a construção do aeroporto de Caieiras, na região metropolitana de São Paulo, na época em que Moreira integrava o rol de ministro da ex-presidente Dilma Rousseff.

Gastou boa parte do seu tempo em Tóquio tendo que se defender junto à imprensa e aos empresários de que o executivo da Odebrecht cometeu uma “mentira afrontosa”. Já as tão prometidas parcerias – a principal razão de ele estar zanzando por lá – não firmou nenhuma.

A viagem nem havia acabado, ele e o seu protetor tiveram que antecipar o retorno ao país em 12 horas. Para seu desespero, Eduardo Cunha, outra figura “impoluta” do PMDB acabava de ser encarcerada por determinação do “Savanarola de Curitiba”, ou melhor, juiz Sérgio Moro.

Para quem já esqueceu, antes mesmo de ocupar a cela de 12 metros quadrados no presídio curitibano, Cunha já havia bradado aos quatro cantos que se fosse preso o primeiro a quem ele viria para puxar as pernas é, justamente, Moreira Franco.  Cunha diz colecionar documentos e gravações tipo: “marca de batom na cueca”, envolvendo o ministro Moreira da época em que era vice-presidente da Caixa Econômica e ministro dos Aeroportos.

Moreira teria tido um desacerto de contas na repartição de algum butim com Cunha. Assim sendo, foi parar na lista negra do ex-presidente da Câmara. O desentendimento foi tão devastador que Cunha o escalou como o primeiro nome a ser denunciado ao Savanarola e seus meninos da força tarefa da Lava Jato.

Numa fala aos investidores japoneses, Moreira Franco, do alto de sua cabeleira precocemente encanecida, bravejou: “tenham certeza, faremos um novo processo do ponto de vista regulatório e moral”. Uma frase, sem dúvida, muito corajosa para quem está com o justiceiro de Curitiba nos calcanhares.

Este, contudo, não foi único dissabor enfrentado pelo ministro privatizante. As doses cavalares de otimismo com o novo governo despejadas por ele e Temer junto aos investidores japoneses não colaram. Na cabeça de todos que compareceram nestas conferências predominava uma única questão: “o que acontecerá com o Brasil depois de 2018?”.

Ao contrário do que imaginam os golpistas, controlar gasto público não é a única exigência do capital internacional. Querem segurança institucional para investir seus recursos por médio e longo prazos. Estão olhando o futuro para aquém de 2020.

O problema para esse pessoal que o que se descortina lá na frente é o nome do Lula com 34% da preferência dos eleitores, segundo a última pesquisa da Vox Populi.

Vê-se, portanto que o prateado Moreira está vivendo dias cinzentos. Se for fazer companhia ao desafeto Cunha, nas masmorras de Curitiba, como ficará a credibilidade deste projeto de governo calçado no liberalismo e nas privatizações? Não ficará.

 

 (*) Arnaldo César é jornalista

1 Comentário

  1. C.Poivre disse:

    A que ridículo chegou nossa PF, mantida com os impostos dos brasileiros:

    http://horia.com.br/noticia/pf-identifica-o-famoso-aneves-da-lista-da-odebrecht

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