Marcelo Auler
Mais uma nota da Coluna do Moreno, deste sábado (28/11) publicada em O Globo, com a qual concordo e assino embaixo. Magistrado deve falar nos autos e não em auditórios, sejam eles quais forem.
No mais, é como, certa vez, o então ministro do STF Paulo Brossard, depois que tentei saber seu voto numa questão relacionada ao julgamento do também então presidente Fernando Collor, expulsou-me de sua casa, sob o argumento de que “juiz fala nos autos e não em entrevistas”.
Diante da minha insistência, ameaçou prender-me por “desacato à autoridade”.
Hoje, muitos deles sonham até com programas de auditório.
3 Comentários
Errado, Marcelo Auler. Nesta 1ª nota nem você nem o Moreno têm qualquer razão. Se você e o Moreno acreditam e apregoam essa ‘independência’ dos poderes é porque não sabem, de fato, como funcionam os poderes do Estado. A propósito pergunto: como são feitas as indicações para a suprema côrte dos EUA? E nos países europeus democráticos como se dão as indicações para os tribunais superiores? O mais grave é que você e ele sabem; e mesmo assim tentam iludir o leitor com essas opiniões baseadas num falso moralismo ou numa meritocracia à la Aécio Cunha.
Defender essa ‘independência’ nada mais é que compactuar com o espírito de corpo (ou seria de porco, para usar um trocadilho infame). Há momentos em que os jornalistas parecem se esquecer das próprias reportagens e investigações que fazem. Se o colunista do globo e o titular deste blog relerem o que eles mesmos publicaram recentemente, constatarão as contradições. O juiz Flávio Alberto Souza cometeu diversos crimes, como denunciado em toda a imprensa e neste blog; no julgamento pelos pares, foi aposentado, recebendo vencimento proporcional ao tempo ‘trabalhado’. Os procuradores do MP – como aquele que tentou intimidar os que criticavam o fato de o MP não ser controlado por ninguém – são, também, corporativistas, falsos moralistas ou ‘meritocratas’ intocáveis e que se acham inimputáveis, intocáveis e acima da Lei.
É bom que você, Marcelo Auler, assim como seu colega do globo leiam o que grandes juristas escreveram sobre a decisão ilegal e inconstitucional dos ministros da 2ª turma do STF, ao decretar a prisão do senador Delcídio do Amaral. Para facilitar a vida de vocês e dos leitores curiosos vou indicar três artigos desses juristas. Todos esses artigos podem ser lidos no portal GGN. Os títulos são os seguintes
1) Para (não) entender a prisão de um Senador pelo STF;
2) Por mais odioso que Delcídio seja, pior é começar a destruir o que já temos ;
3) Prisão de senador foi baseada no Estado de exceção.
Por fim vou citar uma frase que sintetiza o que você e o Moreno tentam negar, mas que sempre foi e continua a ser a mais absoluta verdade. “Mas a política, como a órbita terrestre de Galileu, embora negada, é o que move o mundo.”
Quem escreveu a frase foi seu colega jornalista, o Fernando Brito, na matéria intitulada “A pesquisa Datafolha só mostra a derrota da política. Só que ela sobrevive há milênios”
O que Fernando Brito mostra e demonstra é o mesmo que tenho afirmado e comentado aqui, desde o início do ano. Ao fim e ao cabo TODAS as grandes decisões são políticas, inclusive aquelas tomadas por procuradores e magistrados. Os fatos estão aí a demonstrar essa afirmativa.
Errata: o nome do juiz criminoso, que foi aposentado pelos colegas, é Flávio Roberto Souza e não Flávio Alberto Souza.
[…] O Moreno tem razão (2): mais discrição é preciso […]