Jogadinha infame

Arnaldo César (*)

Michel Temer foi buscar apoio do governador Geraldo Alckmin (Foto: Beto Barata/PR – 12/2016)

O PSDB mandou avisar que, na próxima segunda-feira (dia 12/06) decidirá se pula fora da canoa furada do governo golpista de Michel Temer. Esta questão tem alvoroçado os tucanos mais jovens. Já foram alertados pelo eleitorado: se continuarem carregando esse andor terão serias dificuldades para se reelegerem nas eleições vindouras. Por isso, pressionam os caciques do partido pelo desembarque.

Muitos deles desconhecem o que vem acontecendo nos bastidores. Desde que Joesley Batista piou feito um rouxinol, o asséptico PSDB de FHC e Mário Covas vem sendo, descaradamente, chantageado por Temer e sua gangue. Na esbaforida reunião de sábado passado (dia 03/06) com o governador Geraldo Alkmin Temer fez um movimento brusco no tabuleiro onde peemedebistas e tucanos acertam suas diferenças.

Cheio de salamaleques, ênclises e mesóclises, o presidente impostor fez ver ao governador paulista que o seu partido domina o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado Federal. Um simples estalar de dedos seria o suficiente para mandar o presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves, para as profundezas do fundo do inferno. Aliás, já há dois pedidos de cassação de Aécio protocolados neste Conselho.

Quem perambula pelos corredores do Congresso sabe dessas traquinagens há algum tempo. A plenos pulmões, o deputado Sílvio Costa (PTdoB/PE) denunciou a chantagem dos golpistas, na sessão da Câmara Federal do último dia 06/06. E, o mais interessante: não foi contestado por ninguém. Nem por tucanos e tampouco por peemedebistas.

O senador afastado Aecio Neves foi usado por Temer paea pressionar Alckmin. Foto: Marri Nogueira/Agência Senado

Como se sabe, o PSDB sempre fez política com punhos de renda. Não fica bem para os doutores de bico grande ver o neto de Tancredo Neves ser expulso do Senado Federal como um ordinário “ladrãozinho de galinha”.

A bem da verdade, Aécio nunca foi isso. Quando meteu a mão na cumbuca, sempre embolsou de dois milhões para cima.

Tucanos de alta plumagem, entre os quais os senador Aloisio Nunes Ferreira, Tasso Jereissati e o deputado Antônio Imbassahy têm se esforçado com denodo para impedir o desembarque do PSDB do Planalto. Agarram-se na ideia de que as reformas da previdência e trabalhista são determinantes para a economia do País. E, não vêm nada demais continuar ao lado de Temer mesmo com os dedos grampeando o nariz.

Manter Temer sangrando diante de um vendaval de escândalos e malfeitos até 2018 chama-se “pragmatismo político”.  Ou numa expressão mais realista: vale tudo. Como diria o sábio ministro do STF, Gilmar Mendes, com o seu semblante de buldogue, “ética, às favas”.

Chantagear, trair, sonegar, roubar, mentir e enganar são os verbos da moda da política brasileira. E, depois insistem para que os cidadãos de bem continuem acreditando que não há outra saída a não ser através da política. O conceito é correto. O grande problema é que, até agora, os políticos honestos e honrados no Congresso Nacional formam uma minúscula minoria. Suas vozes são fanhosas. Os bucaneiros dominam a cena.

Não será o judiciário – com seus tribunais supremos – que irá nos arrancar do caos em que nos metemos. A contaminação por lá é tão devastadora quanto no Legislativo e no Executivo. Ao cidadão de bem que ainda acredita nesta Nação só resta uma saída: Eleições Diretas Já. A única maneira de nos livrarmos tantos espertalhões corruptos.

(*) Arnaldo César Ricci é jornalista e colaborador do Blog.