Mais duas vozes levantam-se contra o absurdo da censura imposta a esse blog pelo Juizado Especial de Curitiba, a pedido dos delegados federais Erika Mialik Marena e Mauricio Moscardi Grillo, ambos da Operação Lava Jato.
Não me surpreendem, por conhecer há anos tanto Elio Gaspari como Rosental Calmon Alves.
Sei que o artigo que Gaspari publicou na sua coluna em O Globo e na Folha de S.Paulo neste domingo (05/06) não é uma solidariedade ao que o blog escreve ou ao que defendemos. Nisso ele não se envolve e tem a sua opinião própria.
Mas, trata-se sim de um bandeira que, por formação, Gaspari também não abre mão: a defesa intransigente dos principio constitucional da liberdade de expressão. O mesmo principio que venho defendendo aqui e alertando que se trata de algo a preocupar não apenas jornalistas e comunicadores, mas a todos os brasileiros. Afinal, pelo que entendo, a liberdade de expressão não é um benefício para quem escreve ou comunica, mas sim para quem recebe a notícia.
Da mesma forma que acontece com Rosental Calmon, criador e diretor do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas da Universidade do Texas e que, na definição perfeita do Fernando Brito do no Tijolaço – Protesto contra censura a Auler atravessa fronteiras – é uma “referência como poucas há em matéria de jornalismo investigativo e online”. Como ele lembrou na mensagem que nos enviou pelo Face book, reproduzida por Brito, nossa geração profissional foi forjada na luta contra a censura:
“O Marcelo Auler e eu somos da geração de jornalistas formada durante a ditadura militar, quando víamos e sentíamos em carne própria a censura. É um absurdo que, de maneira recorrente, juízes brasileiros continuem fazendo a gente se lembrar dos tempos da ditadura, ao aplicar censura prévia, o que é claramente proibido pela Constituição de 1988. Tomara que este cerceamento à liberdade de expressão do Marcelo seja corrigido o mais breve possível por instâncias superiores, como felizmente tem ocorrido em outros casos. O Judiciário brasileiro precisa, de uma vez por todas, entender que não estamos mais em tempos de censura, como a suprema corte brasileira já reiterou várias vezes“.
Do artigo de Gaspari, destaco duas passagens que colocam em xeque a forma como a juíza Vanessa Bassani baixou a proibição ao nosso blog. Na primeira, questiona como se pode identificar o que é ou não ofensivo ao autor:
“Como um pobre cristão pode descobrir o que se pode considerar ofensivo ao doutor Moscardi, ela não explicou“.
Logo em seguida, ele faz outro questionamento em busca de uma resposta plausível:
“Dias depois a juíza procurou esclarecer. Auler deveria se “abster de divulgar novas matérias […] com a capacidade de caluniar ou difamar a pessoa do reclamante e que digam respeito aos mesmos fatos tidos como inverídicos”. Fica faltando polir o significado de “capacidade de caluniar”, bem como o de “fatos tidos como inverídicos”. Há a calúnia e a mentira, fora daí, tudo é poesia“.
Abaixo, a íntegra do artigo de Gaspari.
O litígio que envolve a delegada federal Erika Marena e seu colega Mauricio Moscardi contra o blogueiro Marcelo Auler pôs na vitrine a jurisprudência caótica em que está a liberdade de expressão no país.
Eles pediram, e obtiveram, sentenças dos juízes Nei Roberto Guimarães e Vanessa Bassani mandando que Auler tirasse de seu blog oito reportagens sobre a ação da Polícia Federal na Lava Jato.
A coisa fica feia quando se lê que a doutora Bassani determinou que o jornalista se abstivesse de publicar textos “com conteúdo capaz de ser considerado ofensivo ao delegado”.
Como um pobre cristão pode descobrir o que se pode considerar ofensivo ao doutor Moscardi, ela não explicou.
Dias depois a juíza procurou esclarecer. Auler deveria se “abster de divulgar novas matérias […] com a capacidade de caluniar ou difamar a pessoa do reclamante e que digam respeito aos mesmos fatos tidos como inverídicos”. Fica faltando polir o significado de “capacidade de caluniar”, bem como o de “fatos tidos como inverídicos”. Há a calúnia e a mentira, fora daí, tudo é poesia.
Durante a ditadura, as ordens da censura eram claras. Tipo assim: “nenhuma referência, contra ou a favor de Dom Hélder Câmara”.
A ministra Cármen Lúcia enganou-se quando disse que “cala a boca já morreu”.
Leia ainda sobre a censura ao Blog:
Jornalismo nas Américas: “a censura (no Brasil) tem sido prática recorrente”
Da Folha de S.Paulo: Operação Censura
Delegado reclama do blog, pede segredo de Justiça e medida coercitiva contra jornalista
ABI e Abraji protestam contra a censura imposta ao blog
Justiça retira matérias do blog e proíbe falar do DPF Moscardi
Ao tentar censurar Nassif, delegado confessa viés político da Lava Jato
19 Comentários
DITADURA, É A ÚNICA MANEIRA DE VOCÊS NÃO ATRAPALHAREM O GOVERNO. VOCÊS NÃO FAZEM NADA, NÃO TRAZEM SOLUÇÃO PARA NADA E FICAM METENDO O NARIZ SEM DAR SOLUÇÃO. CRITICAR É MOLE, DEEM SOLUÇÃO ENTÃO PARA OS PROBLEMAS DO PAÍS, ACABEM COM A MISÉRIA, FAVELAS, MAZELAS, GENTE PEDINDO, PEDINDO,PEDINDO, ROUBANDO, ROUBANDO, ROUBANDO, MATANDO, MATANDO, MATANDO, RODRIGOS FILHOS DE MAIAS, DIRCEUS, MULAS, DIRMAS, PSOIS, PCDBS, PCBS, SÓ PORCARIA DESDE 1930, SÓ PORCARIA, QUE NÃO AJUDA EM NADA, REPÓRTERES MEDÍOCRES METENDO O PAU NO GOVERNO E NÃO AJUDAM EM NADA, GLOBOLIXO, DESFOLHA, ESTADINHO, O MAIS COMÉDIA 247, NOSSA SÓ LIXO. VÃO PROCURAR O QUE FAZER SEUS INTELECTUAIS FALIDOS E NA GRANDE MAIORIA PENSAM QUE SÃO INTELECTUAIS. SÃO MUITO CHATOS, DEIXEM O BRASIL E VÃO MORAR NA VENEZUELA, VÃO ENCHER O SACO DO LOUCO ASSASSINO DO MADURO E LEVEM A B… DO CIRO GOMES, A LOUCA DA HOFFMANN, A COMÉDIA DA D’ÁVILA O FROUXO DO HADDAD, O BOIOLA DO DORIA, É MUITA PORCARIA JUNTA. JORNALISMO DE VERDADE QUEM FAZ É O BLIND. VÃO EMBORA DE FININHO E NÃO VOLTEM MAIS.
[…] “Como um pobre cristão pode descobrir o que se pode considerar ofensivo ao doutor Moscardi, ela [a juíza] não explicou”, ironizou o jornalista Elio Gaspari em sua coluna dominical de 5 de junho, na nota “O ‘cala a boca’ vai bem, obrigado”. […]
Tenho um weblog também, o meu é sobre o que o homem atual quer e seu comportamento.
Se você puder olhar ele e me expressar o que achou fico grato.
Eu de novo! Palato de comentar em sites que acho interessantes.
Mais uma bela postagem sua
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[…] Brasileira de Imprensa (ABI), Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, o artigo de Élio Gaspari, o editorial Operação Censura, da Folha de S. Paulo, noticiado em sites como o Brasil247, as […]
Em qualquer Jornal (do golpe) do Benvindo, no youtube, voce encontrará sempre a mesma “análise lúcida e equilibrada” da Reporter Crisálida, sobre quem sacaneia o Brasil e seu povo. Confira! Não me lembro em qual, ele se referiu à censura.
Abraço.
Com todo respeito as diversas opiniões e comentários aqui postados, acho que a analise mais lúcida e equilibrada, com relação a censura imposta a esse blog, é a da Reporter Crisálida, manifestada no Jornal do Benvindo Sequeira.
Fiquei curioso, mas nao encontrei. Pode me mandar o link????
O QUE ESTÁ POR TRÁS DOS PEDIDOS DE PRISÃO DA CÚPULA GOLPISTA:
http://www.ocafezinho.com/2016/06/07/as-razoes-por-tras-do-pedido-de-prisao-de-renan-sarney-e-juca/
Não é preciso ser jornalista para entender a disparidade das notícias publicadas nos jornais que dominam a imprensa brasileira (Folha, Estadão, Globo), incluindo os jornais falados e a televisão como um todo, que são dominados pelos grandes grupos. Todos são responsáveis pela atual crise política. Se o leitor quiser saber alguma notícia com fatos, que é a missão verdadeira da imprensa, tem de recorrer aos Blogs, como este que estou colocando esta opinião. Caso contrário, só lhe resta se tornar, como disse um blogueiro dessa área, um MIDIOTA.
Prezados leitores, prezado jornalista Marcelo Auler.
É fundamental não criarmos ilusões em relação ao jornal Folha de São Paulo, aos seus proprietários e editores, bem como a alguns dos mais famosos colunistas e articulistas que lá escrevem. Um desses colunistas com os quais não devemos alimentar falsas expectativas é Elio Gaspari. Jornalistas que o conheceram quando era diretor de redação da revista Veja relatam que ele conversava diàriamente com a linha dura da censura daquele governo ditatorial. Neste início de século, Elio Gaspari lançou três livros sobre a Ditadura; pelo resumo que li dessas obras, ele parece agir como porta-voz do Golbery. Aliás, quem lê esses livros de Gaspari e toma como verdade factual o que é narrado ali pode até ver com simpatia aquele nefasto período em que os milicos revogaram a democracia, mas montaram governos que muito agradaram à oligarquia plutocrata e aos verdadeiros opressores e imperialistas: os estadunidenses.
Uma crítica elegante e sutil – que os mais desavisados podem até interpretar como elogio a Elio Gaspari -foi feita pela jornalista e professora Sylvia Debossan Moretzsohn e publicada no observatório da imprensa (http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/_ed710_a_longa_tradicao_das_entrevistas_inventadas/). Tão pertinente e oportuno é esse artigo de Sylvia, que o reproduzo abaixo. Portanto é fundamental que os leitores tenham visão crítica em relação a tudo que lêem, sobretudo se escrito por esses colunistas decanos que transitaram lépidos e fagueiros pelas engrenagens da ditadura militar-civil imposta ao Brasil entre 1964 e 1989.
Segunda-feira, 13 de Janeiro de 2014 | ISSN 1519-7670 – Ano 17 – nº 780
IMPRENSA EM QUESTÃO
LEITURAS DE VEJA
A longa tradição das “entrevistas” inventadas
Por Sylvia Debossan Moretzsohn em 04/09/2012 na edição 710
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Uma revista publica um pingue-pongue – entrevista em formato de perguntas e respostas – com um jornalista que imediatamente denuncia em seu blog o “engodo”, porque não teria dado entrevista alguma; a revista responde reafirmando a autenticidade do texto e tudo fica por isso mesmo, a palavra de um contra a da outra.
Foi na semana passada. A edição 2284 da Veja Rio, que começou a circular no domingo (26/8), trazia, na coluna “Beira Mar”, uma suposta entrevista com o colunista esportivo Renato Maurício Prado, do Globo, sobre o fim de seu contrato com a SporTV, depois de uma discussão ao vivo com o apresentador Galvão Bueno, durante um programa de debates nos últimos Jogos Olímpicos.
Já na terça-feira (28), na nota “Pingo nos is”, ao pé de seu blog, reproduzida no dia seguinte em sua coluna no caderno de Esportes do jornal impresso, Renato afirmava que não dera entrevista: teria apenas atendido ao telefonema da repórter e explicado que não queria falar, “até por entender que nós, jornalistas, não somos notícia”. Ressaltava inclusive um erro na menção à sua participação num programa de rádio, já extinto havia mais de dois anos, e lamentava a utilização de uma foto sua, feita para sua coluna no Globo, pois, para o leitor, ficava a impressão de que ele teria posado para Veja.
Em nota oficial, publicada na quinta-feira (30/8), a revista rejeitava o desmentido.
O que se diz no contestado pingue-pongue não tem qualquer relevância para além do previsível noticiário sobre “celebridades e personalidades do Rio”, que é o tema dessa seção da revista. A questão do método, sim, é que é de extrema relevância, independentemente do assunto, da importância das fontes ou da parcela do público a que se destina esse tipo de informação. Ou fraude.
A farsa da reportagem
Não é de hoje que Veja é criticada por utilizar artifícios estranhos aos mais elementares princípios éticos do jornalismo. Entre eles, a descontextualização, ou mesmo a pura e simples invenção de declarações. Recordo aqui, apenas para ilustrar, um caso de grande repercussão ocorrido há pouco mais de dois anos: o texto intitulado “A farra da antropologia oportunista“, publicado em maio de 2010, que acusava pesquisadores de forjar a existência de comunidades indígenas ou quilombolas em proveito próprio – das ONGs das quais participavam – e em detrimento das perspectivas de desenvolvimento do país. Para tanto, utilizava supostas afirmações de dois antropólogos, Mércio Pereira Gomes e Eduardo Viveiros de Castro, que argumentariam no sentido pretendido pela revista.
A farsa da reportagem foi denunciada em pelo menos três artigos neste Observatório (ver “Como demonizar populações vulneráveis“, “Reflexão sobre ‘espertinhos’ e ‘espertalhões’“ e “Dados fantasiosos, informações deformadas“) e na resposta do professor Gomes (“Resposta a uma matéria falsa“), que recusava à Veja “o falso direito jornalístico” de atribuir-lhe “uma frase impronunciada e um sentido desvirtuante” daquilo que pensava sobre a questão indígena brasileira.
O protesto de Viveiros de Castro também circulou amplamente pela internet e provocou uma troca de mensagens entre ele a revista (ver aqui), na qual ficava evidente a inexistência de entrevista e a deturpação dos argumentos do pesquisador, retirados de um artigo seu.
O mais curioso é que Veja concluía sua resposta dizendo que o antropólogo a havia autorizado a utilizar o tal artigo “da forma que bem entendesse”. O que, a rigor, jamais poderia ocorrer, porque evidentemente nenhum texto pode ser utilizado de qualquer jeito: precisa ser citado de acordo com a sua própria coerência interna, conforme o contexto em que foi escrito.
O elogio da fraude
Criada em 1968 por Mino Carta, Veja passou por uma série de mudanças ao longo dessas mais de quatro décadas, e só um estudo detalhado poderia apontar o que a levou a se distanciar progressivamente da prática rigorosa do jornalismo para enveredar por uma política editorial que pretende amoldar a realidade às suas pautas, utilizando quaisquer recursos para a obtenção dos resultados previamente definidos. O recente episódio que envolveu o colunista esportivo seria, portanto, apenas uma derivação social e politicamente irrelevante de um processo incorporado há muito tempo.
Entretanto, nesse processo há um aspecto essencial e aparentemente inocente que deveria chamar a atenção, sobretudo de jovens aspirantes a jornalistas, especialmente agora que a discussão a respeito da adequada formação retorna, com o debate sobre a exigência do diploma universitário: é que as regras elementares do método jornalístico não são tão elementares assim. Pois que mal faz inventar entrevistas, desde que elas sejam simpáticas às fontes?
Em Notícias do Planalto, lançado em 1999 e prestes a ser reeditado, Mario Sergio Conti relata a esperteza de Elio Gaspari, então em início de carreira:
“[Gaspari] estava numa agência de notícias no Galeão. O aeroporto era o ponto de passagem dos poderosos da República. Os políticos, ainda em trânsito da antiga para a nova capital, embarcavam nos vôos matutinos para Brasília. No Galeão desembarcavam as celebridades estrangeiras que visitavam o Rio. Como se podia entrar na área da alfândega, os jornalistas circulavam e faziam entrevistas. Os repórteres da agência tinham de falar com os passageiros famosos, redigir as matérias na sala de Imprensa, tirar cópias num estêncil a álcool e mandá-las para os jornais. Gaspari logo constatou que o tempo médio de embarque e desembarque, vinte minutos, era escasso. Enquanto entrevistava um deputado, perdia outros três que entravam no avião para Brasília. Passou a acordar de madrugada para ler os jornais e, com base neles, escrever pequenas entrevistas de políticos comentando os assuntos do dia. Se concordavam com as respostas, passavam a ser os entrevistados de fato e de direito. Assim, podia mandar aos jornais três, quatro entrevistas, em vez de uma. Os entrevistados agradeciam porque, além de estarem nos jornais, às vezes pareciam mais inteligentes ou engraçados do que realmente eram.”
Esses políticos jamais poderiam sonhar que algum dia lhes cairia no colo um assessor tão bom, e ainda por cima gratuito. Conti prossegue, muito divertido:
“Em Veja, o método foi refinado e usado anos a fio. Gaspari inventava um raciocínio para avivar uma matéria, geralmente de madrugada, no calor do fechamento, e mandava um repórter achar alguém famoso que quisesse assumir a autoria. A frase “O povo gosta de luxo, quem gosta de miséria é intelectual” nasceu assim, proposta por Gaspari ao carnavalesco Joãozinho Trinta. O truque era puro Elio Gaspari. Tinha algo de molecagem, mas ficava nos limites das normas jornalísticas, na medida em que ninguém era forçado a encampar uma declaração. O seu fim último era levar um fato novo ao leitor(…)”. (grifo meu).
Então ficamos assim: inventar declarações e atribuí-las a terceiros faz parte das normas jornalísticas, desde que sejam favoráveis a essas fontes. Nada impede, tampouco, que se recorte um artigo e nele se insiram perguntas, para dar a impressão de um pingue-pongue. Terão razão, afinal, certos teóricos que dizem que jornalismo é ficção?
Essas coisas as escolas – pelo menos, as escolas de qualidade – não ensinam. Pelo contrário, refutam e denunciam. No entanto, renomados jornalistas – nos quais, natural-mente, muitos jovens se miram – praticam e enaltecem o que deveriam combater. E a fraude só causa revolta quando contraria os envolvidos.
Mas nem por isso deixa de ser o que é.
***
[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)]
INSTITUCIONAIS INSEGURANÇAS
“A realidade não é apenas negada, ela é também proibida.”
(Thomas Leithhäuser, Ideologia e Consciência)
O conceito de segurança está associado à subjetividade. Dentro de um bunker, cercado por tropas com atualizadas e eficazes armas e todo sistema defensivo atuante, a pessoa ainda poderá se sentir insegura.
Mas, tratando não só da questão individual como coletiva, a confiança nas instituições do país é, indiscutivelmente, alimentadora de um nível de segurança.
Com o recente golpe pelo impeachment da Presidente Dilma Rousseff, desfez-se a pouca, se ainda restasse alguma, credibilidade nas instituições nacionais, especificamente nos poderes legislativo, judiciário, executivo e no ministério público.
O legislativo, assim como toda classe política, vem sendo seguidamente desmoralizado pela imprensa em geral. Mas o espetáculo, amplamente divulgado, do domingo, 17 de abril de 2016, no Congresso Nacional, emoldurou este fragilizado poder. Votos em defesa da tortura, parlamentar enrolado na bandeira nacional para entregar a riqueza brasileira do pré-sal a empresas estrangeiras, voto às esposas e filhos pelos que sabidamente vivem com relações moralmente reprováveis, apenas acentuaram a descrença neste poder.
Como então esperar leis que, minimamente, protejam o direito à cidadania. Cabe uma breve conceituação do que entendo por cidadania e o faço adotando a ideia da “paridade da participação” da filósofa norteamericana Nancy Fraser. Ela se firma em três condições:
primeira a objetiva – aquela que assegura alguma garantia material, econômica, a toda população. A plataforma do Bolsa Família, o Programa de Renda Mínima, ora em plebiscito na Suíça, são exemplos desta condição objetiva.
segunda a intersubjetiva – voltada para o valor cultural, ou seja, o respeito à diversidade e desigualdade, a garantia da efetiva e idêntica oportunidade para todos terem “estima social”. O Ministério da Cultura, a Secretaria da Igualdade Racial, dos Direitos Humanos constituem exemplos garantidores desta condição.
terceira a política – onde não será negada ou dificultada a voz das minorias ou seja excluir toda e qualquer forma de marginalização política. Uma Empresa Pública de Comunicação faz parte desta terceira condição.
É evidente que deste legislativo, quer pela baixa capacidade crítica quer pelos “compromissos de campanha”, não se espera qualquer contribuição à cidadania ou à “paridade participativa” do povo brasileiro.
Passemos ao judiciário.
Vale aqui a desconstrução do mito da meritocracia. Ressalvo entender que as duas únicas formas de acesso às funções públicas deveriam ser o voto popular ou o concurso público amplo e geral. As funções de confiança e as terceirizações seriam consideradas burlas inaceitáveis ao provimento e exercício de funções nos Poderes Públicos em toda extensão.
Agora tomo o conceito de “ideologia do desempenho” do sociólogo alemão Reinhard Kreckel. Esta ideologia busca firmar e legitimar um processo de exclusão social pela qualificação pessoal. Para não transformar um artigo numa tese acadêmica, lembrarei apenas a questão do tempo.
Um jovem da classe média terá uma disponibilidade de tempo muito maior para ler, estudar, ir ao cinema ou espetáculo cultural, enriquecer seu conhecimento do que uma criança de família despossuída, obrigada desde a infância a vender seu tempo, sua força física, para garantir a sobrevivência.
Forma-se assim no judiciário e em outras esferas do poder – ministério público, carreiras do executivo – uma casta mais disposta a manter seus privilégios do que corrigir as desigualdades e disfunções sociais. E esta característica é reforçada pelo “pertencimento”, ou seja, dela se excluirão todos os que não tenham a “mesma origem” ou se insurjam ou não ajam como seus “pares”.
Bastam os salários destas funções e seus ganhos indiretos para comprovação desta solidariedade. Claro está que, além das dificuldades colocadas na própria legislação, vide nosso legislativo, os procedimentos excludentes do sistema judicial e um julgamento partidarizado, não necessariamente político mas pela classe social, não serão garantidores da segurança institucional, a não ser por exceção.
Surge, então, a comunicação social para propugnar, defender e reforçar todo este contexto de insegurança.
Usarei a palavra midia no sentido mais amplo, envolvendo toda sorte de comunicação social, inclusive a vinculada por canais virtuais.
Alguns estudiosos da pedagogia afirmam que ao analfabetismo literário segue o televisivo e chega, hoje, ao virtual. Isto significa dizer que em nenhum ponto da formação do conhecimento há espaço para a crítica. Assim todo processo da comunicação social, com as mínimas exceções que também existem nos outros sistemas até aqui tratados, só faz naturalizar todas as desigualdades. E a tal ponto que pessoas passam a aceitar como correto serem flageladas e estupradas física e psiquicamente.
Os abundantes exemplos podem ser visto nas midias e destaco as entrevistas ao vivo com transeuntes, colhidos ao acaso.
Chegamos à absoluta insegurança que nos transmitem as instituições nacionais.
O processo democrático para rever este quadro só pode ser pela elaboração de um novo Estado por uma nova Constituição, esta o mais amplamente debatida por toda sociedade, formulada por todos os atores sociais para que a cidadania e a nacionalidade brasileiras sejam garantidas e protegidas.
Não é possível, obviamente, sair do zero, mas é possível, e já ocorreu, afastar o poder econômico por limitações formais e adotar restrições à midia. Existem exemplos no exterior que como recomendava Ortega y Gasset devem ser buscados mas nunca transplantados.
Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado
O leitor Márcio Carvalho foi aos pontos nevrálgicos. As reportagens de Marcelo Auler incomodam justamente porque os doutos delegados da PF, integrantes da ORCRIM da Lava a Jato, estão enrolados em contradições, em sindicâncias fraudulentas, em máfias e perseguição aos delgados e agentes que estavam empenhados em investigar e denunciar as ilegalidades criminosas cometidas pela ORCRIM em que se transformou a FT da Lava a Jato. O agente Dalmey, assim como o delegado Fanton passaram a ser perseguidos pela ORCRIM da Lava a Jato, exatamente porque investigavam as irregularidades e ilegalidades criminosas cometidas por essa organização criminosa que envolve policiais federais, promotores do MPF e juízes.
PENSE NA QUANTIDADE DE VERGONHA QUE ESSA JUIZINHA VAI PASSAR, QUANDO FICAR SABENDO O TIPO DE PESSOA QUE ELA ESTAVA DEFENDENDO….. KKKKKKKKKKKKKKKKKKK
“Juiza” desse tipo não sente vergonha de nada e o pior de tudo: é inimputável.
O que a sociedade espera do Doutor Moscardi e da Doutora Erika Mialik são sérias justificativas do porquê ter havido uma escuta clandestina na cela de Alberto Youssef antes dele fazer sua delação premiada.
Por que doutor Moscardi o senhor se calou na cpi da petrobras na câmara e não explicou a razão de ter feito uma sindicância falsa, que apurou não ter havido a escuta, e o DPF apurou novamente que houve a escuta ilegal e recuperou mais de cem horas de conversas gravadas?
Por que Doutora Erika o Agente Dalmey, que colocou a escuta na cela do Youssef, disse que lhe entregava os audios gravados de 24/24horas?
Por que Doutor Rosalvo, superintendente da PF em Curitiba, o senhor se calou na cpi da Petrobrás sobre este tema, sendo que o Agente Dalmey acusou o Senhor de lhe pedir a instalação da escuta clandestina na cela de Alberto Youssef?
Os Juízes do Juizado Especial Estadual de Curitiba não quiseram saber estas dúvidas que toda sociedade está ansiosa pra saber e que o jornalista Marcelo Auler denunciou em seu blog.
Por favor nobres autoridades, vocês são servidores públicos sustentados pelo dinheiro do povo e devem esclarecimentos sobre tais fatos ao povo.
Senhor Ministro da Justiça, a sociedade roga a Vossa Excelência que preste tais esclarecimentos da Polícia Federal que lhe é subordinada.
O fantasma do Golpe está trazendo de volta a censura e o recrudescimento da violência policial. Deplorável retrocesso. Cadê a seta pra caverna?