O clima de Fla-Flu (ou de Flamengo e Vasco) que tomou conta da política brasileira tem embotado corações e mentes daqueles que torcem pela democracia e pelo futuro do Brasil.
Uma parte significativa dos analistas vende para a opinião pública que esta enorme confusão que tomou conta do País é para colocar Dilma para fora do Palácio do Planalto através de um processo de impeachment. Nada mais enganoso.
O que os golpistas querem de verdade é a renúncia da presidente. O enredo escrito pelas elites e entregue nas mãos de Michel Temer para ser executado tem por objetivo levar Dilma, Lula e o PT à loucura. Desgastados politicamente eles jogariam a toalha e pediriam para ir embora. Neste caso apostam no “quanto pior, melhor”.
Qualquer estagiário de direito – que não tenha sido aluno de Hélio Bicudo ou de Miguel Reale – sabe que não há como destituir a presidente legalmente, por conta de pedaladas fiscais. Basta ver que isso não é crime de responsabilidade como determina a Constituição de 88.
O rito estabelecido para o impeachment prevê três etapas. A primeira – a que está em curso – é para saber se a Câmara dos Deputados irá autorizar a abertura do processo. Se a oposição conseguir aglutinar 342 parlamentares, a coisa terá que ser aprovada pelo Senado Federal.
Vencida esta segunda etapa, abre-se um processo presidido pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, para saber se as acusações são procedentes. Nesta fase, a presidente é afastada por 180 dias e o País passa a ser administrado pelo vice. Há, portanto, um longo e tormentoso caminho pela frente.
Se tudo correr dentro da celeridade com que o “impoluto” Eduardo Cunha, presidente da Câmara, sonha, esta história só poderá ter um desfecho em novembro deste ano.
A debandada do fisiológico PMDB do governo, na última terça-feira (29/03), é o primeiro ato desta trágica encenação. Como diz a imprensa adestrada: “Dilma está solitária, sem mais nenhuma condição de governar”. Assim como eles têm feito desde quando ela venceu as eleições de outubro de 2014, todo o esforço é no sentido de impedir que ela administre a Nação e renuncie.
Neste aspecto o painel luminoso projetado na fachada da catedral da elite brasileira, a sede da FIESP, na Avenida Paulista, em São Paulo, é explícita: ”Renúncia Já”. O senador tucano Aloysio Nunes também não esconde o jogo. “Não quero o impeachment. Quero vê-la sangrar até 2018”, disse o nobre representante dos paulistas, que nas priscas eras chegou a flertar com o maoísmo, no exílio em Paris.
O problema é que Dilma já disse várias vezes que não é mulher de renunciar e muito menos atirar contra o próprio peito. Apesar de todas as trapalhadas que vem cometendo nesta “partida de xadrez” ninguém do PT deu mostras, até agora, de que irá atirar a toalha.
Despudoramente as oposições capitaneadas pelo PSDB, DEM e agora PMDB estão detonando o País. Ou para não ser tão deselegante, estão nos empurrando para uma confusão social.
Não citar a Operação Lava Jato até este ponto da análise foi proposital. Para ela foram reservados papéis de destaque nos próximos atos desta pantomina.
Provavelmente,se Dilma e Lula resistirem toda a sorte de pressões, ameaças e chantagens o pessoal de Curitiba, capitaneados pelo juiz Sérgio Moro, irá se encarregar de “engendrar” uma ilação qualquer para apeá-los do Planalto. Nada que uma escuta autorizada não resolva.
O que o constitucionalista Michel Temer e seus fiéis escudeiros nesta aventura não souberam prever é se o País resistirá a tanta esperteza. Talvez, no meio desta representação a plateia resolva enxotá-los para sempre da política nacional e do mundo artístico.
8 Comentários
O típico procurador que persegue Lula:
http://www.revistaforum.com.br/2016/03/30/maioria-do-conselho-decide-demitir-procurador-acusado-de-agressao-a-esposa/
O jogo do PMDB não vai dar certo esta vez, perdido o impeachent ele vai murchar, o resultados da Investigação do Fim do Mundo cedo ou tarde aparecerão e serão expostas e toda a nudez será castigada, não haverá perdão, o PMDB sucumbirá como ultimo resquício da Ditadura Militar.
Amém!
Parabéns pelos textos Marcelo,não sabia que vc tinha Face, muita gente não sabe.Vou compartilhar.Obrigada.
Não encontro opção de compartilhamento de teus posts nas redes sociais.
Página Marcelo Auler no Facebook
https://www.facebook.com/jornalistamarceloauler/timeline
A saída, no caso, é vc copiar o link (no caso desta matéria: https://www.marceloauler.com.br/eles-so-querem-a-renuncia/) e colar no espaço do twitter e da um espaço e escrever ou reescrever o título da matéria. No facebook é mais fácil. Na hora qu e vc cola o link o próprio facebook faz a busca e depois de localizado pode apagar o link e fazer o comentário..
Espero que ajude.