Trago aqui a chamada para a brilhante iniciativa do nosso colega Marceu Vieira em criar, com sua experiência de jornalista político que acompanhou Leonel Brizola no Rio, um diálogo com o eterno líder trabalhista sobre os momentos atuais. É perfeito. Mesmo quem conviveu com Brizola menos do que muitos dos meus colegas, reconheço as palavras como se o velho “caudilho” (termo que Fernando Brito deverá detestar) usava.
Mas, por falar em Brito, acho que a leitura deste artigo ganha mais importância começando-a pelo Tijolaço, onde Brito fez uma introdução/depoimento sobre o texto de Marceu: A “entrevista” de Brizola sobre o golpe, por Marceu Vieira. Nele, Brito afirma:
“Na minha opinião, o Brizola de Marceu se expressa, além do linguajar, com o conteúdo muito coerente com o que sei do seu pensamento e da sua capacidade de superar diferenças quando a questão é o povo brasileiro e a defesa de suas liberdades.
O Brizola de Marceu fala mansamente, como compete a quem não está mais aqui. Se estivesse, haveria mais clarinadas em sua voz”.
Portanto, vale as duas leituras. Abaixo apenas o link e três trechos da brilhante “conversa” de Marceu com o “espírito” de Leonel de Moura Brizola.
Marceu Vieira, em seu blog
O cronista digital revisitou o arquivo particular do tempo em que atuava como repórter político, sobretudo no “Jornal do Brasil”, e, levado por uma alucinação, reentrevistou Leonel Brizola (1922-2004), o velho trabalhista gaúcho, governador do Rio Grande do Sul uma vez, do Rio de Janeiro duas. No armário reaberto de sua memória, Brizola disse a ele o que pensa do pedido de impeachment de Dilma, das infelicidades do PT, do protagonismo de Eduardo Cunha, de Michel Temer, de Aécio Neves, do juiz Sérgio Moro, do PMDB, da TV Globo, da imprensa em geral, das manifestações pró e contra o governo, do “Big Brother Brasil”, da seleção do Dunga, da novela das oito e de mais um pouco de um pouco mais.
Governador, o senhor tem acompanhado o atual momento do Brasil?
Veja. Devo te dizer que tenho acompanhado com muita preocupação tudo isso que aí está. A rigor, o que se está tentando construir, hoje, no Brasil, é um golpe.
(…)
E o papel do juiz Moro?
Veja. Este rapaz, o juiz Moro, é um jovem magistrado, voluntarioso, que tem lá suas boas intenções e as suas convicções. Daqui o assisto. Mas, francamente, percebo algum deslumbramento nos seus procedimentos. Não quero desagradá-lo nem desrespeitá-lo. Mas a divulgação da conversa do Lula com a presidente Dilma, olha, francamente, aquilo foi um inominável excesso. Com todo o respeito ao magistrado Moro, foi sim. Lula, em conversas privadas, é desabrido, não resiste a um k-7. A mim mesmo já me disse coisas que eu não ousaria repetir. Mas, honestamente, na minha convicção, divulgar aquela conversa, olha, foi um sinal de perigo para o que ainda pode vir.
(…)
Se Dilma sofrer o impeachment, e o vice Michel temer assumir, que cenário o senhor vê para o Brasil?
O cenário de um desastre. Francamente, de um desastre. Um vice sem nenhum voto?! O PMDB deste Temer, veja bem… tisc… É um partido que está aí cortejando o poder em troca de cargos desde o funeral da ditadura! Desde o funeral da ditadura! Havia lá companheiros que respeitávamos. Mas, hoje, a rigor, o PMDB é um partido que vive das sobras de quem chega lá. Eu mesmo, quando governei o Rio, convivi com esta gente. Eu te alerto, e quero alertar o povo brasileiro! Se este Temer assumir, se o PMDB conquistar a Presidência sem ter tido um voto sequer, isso será o desastre!
O que o senhor pensa de Eduardo Cunha, presidente da Câmara?
Francamente, é o que nós pensamos, este rapaz não teria condição sequer moral, que dirá legal, de pedir o impeachment da presidente Dilma! Veja que ele está mais enrolado do que linha de pandorga presa em paineira. Este rapaz, o Cunha, ele, sim, deve explicações severas ao Brasil! E deve ser cobrado firmemente. Francamente! Veja, Alceu…
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