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Arnaldo César (*)

Temer equilibra-se na corda bamba de onde já caíram três ministro: Romero Jucá, Fabiano Silveira e Henrique Alves. Fotos reprodução.

Temer equilibra-se na corda bamba de onde já caíram três ministro: Romero Jucá, Fabiano Silveira e Henrique Alves. Fotos reprodução.

Com três dos seus fiéis escudeiros atropelados pela Lava Jato e ele próprio enrolado até a raiz dos implantes de cabelo com os propinodutos da Petrobras, o presidente interino Michel Temer deu uma voz de comando, na última quinta-feira (dia 16), determinando força total nas medidas econômicas.

Depois de o rolo compressor do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ter esmagando gente graúda nos Legislativo e no Executivo, o intruso mandatário acredita que a opinião pública e as elites empresariais ficarão mais mansas se forem mimoseadas com informações alvissareiras no campo econômico.

O ministro da Fazenda, Henrique Mireilles e sua equipe vão ter que tirar um coelho da cartola por dia custe o que custar. Temer deve estar imaginando que uma enxurrada de boas notícias irá ofuscar qualquer rojão detonado pelo ministro Teori Zavascki, pelo procurador Geral da República, Rodrigo Janot ou pelo juiz Sérgio Moro.

O Globo, a Folha e o Estadão já embarcaram nessa canoa furada. Suas páginas estão recheadas de economistas, politicólogos e analistas da casa asseverando que, na economia, as coisas começaram a caminhar na direção correta. Raciocinam e escrevem como se o Brasil não estivesse passando pela maior depuração moral da sua história.

Pensam ainda que o País é um saci. Que conseguirá caminhar apoiado única e tão somente na perna da economia?. Temer e seus meninos resolveram criar um “bypass” para a Lava Jato. Como se isso fosse possível diante do estado de polarização em que se encontra dividido o País.

Michel Temer pode ver repetir-se o que aconteceu no governo Medici, de triste lembrança. OO discurso era um, mas a opinião do publico divergia. Foto Reprodução

Michel Temer pode ver repetir-se o que aconteceu no governo Medici, de triste lembrança. OO discurso era um, mas a opinião do publico divergia. Foto Reprodução

Durante a ditadura militar, o governo do general Garrastazu Médici fez algo parecido. O PIB dava saltos de 7% ao ano. Nas ruas e na mídia trombeteava-se a ideia de um “Brasil Grande”. Nos porões, contudo, a tortura e os assassinatos de adversários do regime comiam soltos! Deu no que todos nós sabemos que deu. Cinco anos depois o tal “Brasil Grande” mergulhou numa recessão que durou mais de uma década seguida. Lembram-se da inflação de 86% ao mês?

Como será quando o canário Eduardo Cunha resolver cantar? Ou, quando vier à tona a delação premiada de Marcelo Odebrecht e seu pai? Temer, provavelmente, chamará uma entrevista coletiva, no Planalto, para dizer absurdos como os que despejou contra os brasileiros, na última quinta-feira.

De dedo em riste e com uma retórica típica dos papa-defuntos, Temer irá dizer que “não terá direito de assumir a presidência, se tivesse feito tudo o que estão lhe acusando”. E, a tolice será aplaudida como uma demonstração de coragem e firmeza. Exatamente, como fez, nestes últimos dias, a imprensa golpista.

Os agentes econômicos – até mesmo aqueles que se manifestam ao lado de um inflável pato patético na porta da FIESP, em São Paulo – sabem que um maremoto de delações irá passar por debaixo desta ponte. E, enquanto isso não acontecer não meterão a mão no bolso para fazer novos investimentos.

Inocentes são os que acham que tudo vai dar certo nas mãos do “timoneiro” Temer. Não vai. Não só por que já não tem a ficha limpa e está impedido de concorrer pelo TRE, assim como muitos outros dos que o acompanharam nesta aventura do golpe. Pode prometer mundo e fundos na área econômica. Enquanto esse processo de depuração moral no País não chegar ao fim com uma abrangente reforma política, continuaremos vivendo na corda bamba.

(*) Arnaldo César é jornalista

4 Comentários

  1. Carlos disse:

    O Machado foi, para mim, quem mais abalou o Temer com sua ótima delação! Mas a mídia trabalha muito para atenuar oque foi dito.

  2. Nilson disse:

    Só quem segura este traidor corrupto, são seus comparsas, os mafiosos midiáticos e parlamentares.

  3. João de Paiva disse:

    Agrada-me bastante o estilo direto, objetivo e contundente usado pelo jornalista Arnaldo César. Ele não usa eufemismos,chama o golpe de Estado pelo que é: um golpe. Chama a mídia comercial pelo que ela é: canalha e golpista. Infere, sugere e nos apresenta Michel Temer como aquilo que é: um anão político e moral, um corrupto e mentiroso, enrolado até a medula em esquemas de corrupção e negociatas envolvendo dinheiro público usado em benefício particular.

    A única ressalva que faço é que Arnaldo César parece iludido ou enganado em relação à PGR e ao STF. As duas instituições são atores e partícipes do golpe de Estado.

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