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Cíntia Alves, a jornalista que foi às fontes que não deram nem provas, nem convicções aos procuradores

Marcelo Auler

reprodução do JornalGGN

reprodução do JornalGGN

Quem frequenta esta página sabe que não tenho o hábito de compartilhar reportagens de outras páginas. Deixo de fazê-lo, por dois motivos. Primeiro, como este é um blog que se propõe a trazer reportagens novas, informações mais ou menos exclusivas, e que tem um único responsável que apura, escreve, edita, e cuida mal e porcamente da parte administrativa, não me sobra muito tempo para trazer compartilhamentos.

Além disso, como sou um dos mais novos nesse mundo dos blogueiros, sei que muitos dos meus leitores frequentam os sites mais antigos dos meus colegas. Muitas vezes são eles que, nos comentários, trazem links interessantíssimo. Sem falar que sei que seria muita pretensão eu querer levar leitores para blogues mais conhecidos. Por fim, tem o fato de que não acho bom quando se copia todo o trabalho dos outros colegas, o que acaba “roubando” os leitores deles. Por isso, quando compartilho, normalmente acrescentando alguma coisa, apenas publico parte da notícia e remeto o link para o autor original.

Hoje estou fazendo isso com a reportagem É provável, ouvi o boato, não comprou mas é dono: as pérolas da Lava Jato no caso triplex da brilhante colega Cíntia Alves, do, a quem não conheço pessoalmente. Reproduzo aqui parte da matéria que ela escreveu confessando minha “dor de cotovelo” por não ter tido a ideia e a iniciativa. É trabalho jornalístico como não se vê muito atualmente, de quem gastou tempo e dedicou-se pacientemente a ouvir o que estava à disposição de todos, mas ninguém se dispôs a fazê-lo. Ao que parece, nem mesmo o Estadão, que reproduziu os áudios repassados pela Força Tarefa,  sem qualquer comentário ou análise. Quem sabe fez isso propositadamente para tentar convencer aos incautos que a Força Tarefa está certa?

O trabalho da Cíntia Alves desmonta mais um pouco o discurso de Deltan Dallagnol, na medida em que mostra como os procuradores e interrogadores forçavam a barra na expectativa de ouvir o que queriam: que o triplex era do Lula. Eles podem até ser apartidários, como venderam no show-midiático protagonizado na quarta-feira passada ( 14/09), mas fica evidente que o desejo é pegar o ex-presidente de qualquer jeito. Depois de ler o que Cíntia escreveu, entende-se melhor porque eles nos mostraram que “não temos provas, mas convicção”. Abaixo reproduzo o início da matéria e o link para o JornalGGN,

É provável, ouvi o boato, não comprou mas é dono: as pérolas da Lava Jato no caso triplex

Quando o assunto é o apartamento no Guarujá que, na visão de procuradores, a OAS reformou para entregar a Lula como propina disfarçada, até fofoca entre montador de armário e projetista ligados no noticiário tem valor para a força-tarefa Lava Jato 

Jornal GGN – Quando o assunto é o apartamento no Guarujá – que, na visão de procuradores da República, a OAS reformou para entregar a Lula como propina disfarçada – até fofoca entre montador de armário e projetista ligados no noticiário tem valor para a Lava Jato. A constatação é feita a partir da análise de depoimentos gravados em vídeo pela própria força-tarefa e divulgados nesta semana na página do Estadão no Youtube.

O GGN acompanhou o interrogatório de sete do total de 11 testemunhas do caso triplex, nesta terça (20), e verificou que a Lava Jato não conseguiu confirmar que o imóvel 164-A do Condomínio Solaris é propriedade de Lula. No máximo, o que os investigadores arrancaram foram frases como “provavelmente sim”, “tinha esse boato”, “li nos jornais”, “é possível” ou até mesmo a pérola “não comprou mas é o dono”.

Como no papel o triplex está em nome da OAS Empreendimentos, a Lava Jato busca provas que sustentem a seguinte teoria: se a empresa onde Léo Pinheiro tem sociedade investiu quase R$ 1 milhão em melhorias num imóvel que já custava algo em torno de R$ 1,8 milhão, é porque tinha um bom cliente em vista ou, melhor ainda, um proprietário oculto: Lula.

Essa tese fica transparente na entrevista da Lava Jato com o arquiteto da OAS Roberto Moreira Ferreira. Em seu depoimento, ele conta à força-tarefa que acompanhou duas visitas de Marisa Letícia, esposa de Lula, ao apartamento no Guarujá.

A primeira se deu em fevereiro de 2014, quando Léo Pinheiro foi “mostrar a unidade” à ex-primeira-dama e seu marido. Segundo o arquiteto, eles ficaram “olhando o apartamento, conheceram cada ambiente, ficaram na varanda falando amenidades”, enquanto técnicos da OAS ficaram à distância para preservar o casal. Os investigadores perguntaram se Lula tinha apartamento naquele prédio, ao que Ferreira respondeu: “Não que eu tivesse conhecimento.” (…)

Quem também ouviu falar que o apartamento é de Lula foi o dono de uma empresa de transportes chamado Sergio Antônio dos Santos Santiago, responsável pela entrega dos metais supostamente utilizados no elevador privativo do triplex. Ele indicou que só ficou sabendo que era do ex-presidente após ser intimado para depor na Lava Jato – ou seja, quando a imprensa toda já disseminava a versão dos procuradores“.

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7 Comentários

  1. Re disse:

    poxa, fiquei feliz. estava acabando de escrever um post para publicar no fb sobre o excelente trabalho dessa jornalista que tem a pachorra todo santo dia de ler a íntegra dos documentos e desmistificar as manchetes da mídia corporativa que vende mentiras como se fossem verdades, abalizadas pela manchete que é só o que muita gente lê. canso de ler texto que contradiz a manchete. é uma sacanagem o que fazem, põem na manchete o que querem transmitir mesmo que não seja verdade, mas como devem ter um mínimo de obrigação com as coisas, a verdade aparece no texto, contradizendo a manchete. isso é crime, eu acho. uma falsidade. um método engana trouxa. quando acabei de escrever o post, me perguntei – quem é Cíntia Alves? Só sei que é do GNN e acompanho sempre suas matérias. Aí dei um google no nome dela e achei este gesto do Marcelo Auler de abrir exceção para falar do trabalho paciente desta jornalista – semelhante ao do pp Auler na verificação de fatos, comprovação das coisas (deus está nos detalhes, rs), publicando matéria dela. E vejam – talvez devido ao trabalho dela e do Nassif, o GGN vive agora sendo atacado e sai do ar, o Nassif diz que cada vez que falam da Lava a Jato isso acontece. Parabéns ao Marcelo Auler e à Cíntia Alves.,

  2. Eugênia disse:

    O quê está acontecendo, é que, quanto mais esse juiz irresponsável e contraventor, procura possíveis delitos do Sr Lula, ele encontra sempre um ou dois delitos da mesma pessoa para quem ele protege. Porque esse juiz é um malandro. Por que não prende logo o Sr Lula? Sr Lula não é bandido como essa turma que ele, o juiz, protege. Inclusive esse governo ilegítimo, inelegível e corrupto e seus ministros bandidos.

  3. Prezado Marcelo,
    Sou um dos leitores de suas matérias. Gosto da sua seriedade e do seu estilo. O que me faz usar este espaço não é, necessariamente, para comentar seu texto, mas ponderar sobre compartilhamento, citado na abertura da sua matéria.
    Antes, me permita um preâmbulo.
    Sou leitor de produção de imprensa desde os anos setenta, ainda na adolescência, quando não perdia um exemplar de O Pasquim. Este era meu periódico predileto. Depois passei a gostar do Jornal do Brasil. Neste eu preferia os cronistas e as entrevistas. Nunca gostei de matéria jornalística, por boa que fosse. Mais tarde passei a fazer leitura da Folha e da Revista Senhor. Estes eram, basicamente, meus veículos de mídia impressa que fazia questão de assinar e carregar para onde ia. Na Folha, por exemplo, caíram nos meus gostos a coluna do Florestan Fernandes, a crônica do Otto Lara Rezende, entre outros. Como disse, preferia opiniões. Matéria mesmo, nunca gostei. Menos ainda, da Folha.
    Mais tarde, em momentos raríssimos, passei a adquirir a Carta Capital, a revista Cult e a Caros amigos. Isso, para ficar mais próximo da chamada mídia impressa.
    Com a Internet, a mudança foi radical. Hoje não compro mais nenhum periódico, até por questão de economia. Minhas leituras de material de mídia são aqui na Internet. Tenho uma lista de blogs e sites que visito com regularidade.
    São muitos. E tem muita coisa boa.
    Como são muitos, me surgiu uma ideia: criei um blog e passei a fazer como sendo uma biblioteca. Além de fazer a leitura de meu gosto, passei a postar no blog. Postagem com a fonte completa, inclusive com Links. Daí, compartilho no Facebook, no Twiter e no G+.
    De repente, me vierem duas perguntas.
    Será se estou cometendo algum crime? Pesquisei e conclui que não, pois não estou fazendo plágio de ninguém.
    Segunda. Estarei provocando algum prejuízo aos autores e proprietários de sites e blogs?
    É este ponto que me levou a ponderar sobre seu comentário.
    Você levantou dois.
    1. De sua produção ser original etc. Perfeito! Parabéns!
    2. De “roubar” leitores de outros escritores com o compartilhamento.
    Foi este último ponto que me interessou.
    E aqui, a questão que quero deixar a você.
    1. Com esta ideia da “biblioteca”, a despeito das dúvidas que eu mesmo tinha, fiquei tranquilo.
    Tenho amigos e amigas que são bons leitores e, basicamente, de livros. Alguns têm forte rejeição ao que é publicado na Internet.
    Conversando com duas delas, perguntei sobre a ideia do blog, se estaria prejudicando alguém etc.
    O que ouvi de ambas: só por causa dele, frequentamos três blogs que sequer tínhamos conhecimento. Um deles é o blog da boitempo. Que maravilha! Disseram.
    Daí, Marcelo, me permita discordar de você: compartilhar não é “roubar”, mas ajudar a quem publica na Internet. O mérito é e sempre foi de quem produz, jamais de quem vende ou divulga. Você não acha?
    E digo mais; se toda esquerda, sem purismo, compartilhasse seus trabalhos, formaria uma força incomparável, difícil de ser vencida, pois tem conteúdo, tem proposta, é séria, regra geral.
    Acho que vou continuar com minha “biblioteca”, a não que alguém me diga: meus textos, não! Aí eu paro.

    Nonato Menezes
    A biblioteca: http://www.alemdarena.blogspot.com

    • Marcelo Auler disse:

      Prezado Nonato
      Agradeço, primeiro, sua leitura do blog. Em seguida ao comentário e aos possíveis compartilhamento que faz do material Quando falo em “roubar” leitores não leve no sentindo estrito da palavra, mas de uma forma mais genérica. O que defendo é que um blog ao divulgar o que outro escreve, o faça apenas em parte. Cito o exemplo do Tijolaço e do JornalGGN os quais, com relação ao meu material, reproduzem uma parte e oferecem um link para que a leitura continue no blog de origem. Com relação à ideia de compartilhamento por todos – e o nosso leitor e amigo João de Paiva vende essa mesma ideia, dos blogueiros se unirem – fica difícil de concretizar até porque a produção é muito ampla e diversa. Eu, por exemplo, sendo sozinho, já teria dificuldades em fazê=lo. De qualquer forma vou repensar meus pontos de vista. Um forte abraço e obrigado pela atenção que me dispensou, Marcelo Auler

    • Gustavo Paiva disse:

      Apenas para reforçar o que foi dito. Sou um profissional de informática e já estudei um pouco sobre Search Engine Optimization – SEO. SEO trata-se do mecanismo utilizado por ferramentas de busca, Google e afins, para classificar a relevância de determinado site e como consequência fazer com que esse site apareça na frente de outros na busca. Uns dos principais critérios para essas ferramentas são a quantidade de links – páginas que referenciam o site – e replicação de conteúdo. Ou seja se um site é muito referenciado ele é um site relevante. Se um conteúdo é muito replicado é um conteúdo relevante.

  4. Plagiando Mia Couto:
    “Injustiça é o mundo prosseguir assim mesmo quando”assistimos a democracia e a justiça serem assassinadas de forma tão descarada aqui no Brasil.

  5. Sara Gomes disse:

    Não acredito, estão todos mentindo para por a culpa el Lula, já vi vários imóveis e não comprei isso não prova nada!

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