“Os movimentos sociais devem ter garantidos a liberdade e os direitos sociais, claramente expressos na nossa Constituição cidadã, especialmente, o direito à livre manifestação. Prender Guilherme Boulos, quando defendia um desfecho favorável às famílias da Vila Colonial em São Paulo, evidencia um forte retrocesso. Mostra a opção por um caminho que fere nossa democracia e criminaliza a defesa dos direitos sociais do nosso povo”.
A declaração acima é da ex-presidente Dilma Rousseff em sua página do Face book sobre a prisão de Guilherme Boulos, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ocorrida na manhã desta terça-feira (17/01), quando negociava uma saída pacífica para uma reintegração de posse. No terreno, de propriedade privada, residem 700 famílias – cerca de três mil pessoas – na Ocupação Colonial, no bairro de São Mateus, na Zona Leste da cidade de São Paulo.
Boulos, que foi conduzido para a 49ª Delegacia Policial, no mesmo bairro, junto com José Ferreira Lima, também do MTST, depois de prestar depoimento foi obrigado a permanecer na delegacia aguardando uma decisão sobe a sua situação. A prisão foi feita sob a acusação de desobediência civil. Além do apoio da ex-presidente Dilma, o vereador do PT de São Paulo, Eduardo Suplicy e o coordenador da Pastoral do Povo de Rua, da Arquidiocese paulista, Padre Julio Lancelotti, foram pessoalmente à delegacia pressionar pela libertação do líder do movimento.
“Alegaram incitação à violência e descumprimento de ordem judicial, que é descabido. Fui negociar com o oficial de Justiça. Ele estava presente para oficiar que o Ministério Público havia pedido a suspensão da reintegração ontem (segunda-feira, 16) e o juiz ainda não tinha julgado. E (fui falar) que seria razoável eles esperarem o resultado antes de reintegrar as pessoas. Foi o que eu disse a eles. Se isso é incitação à violência, então incitei a violência“, disse Boulos após o depoimento.
Retransmito abaixo o vídeo dos Jornalistas Livres sobre a reintegração de posse e prisão de Boulos:
É evidente o arbítrio na prisão do líder do MTST no momento em que negociava uma saída pacífica. Ela se assemelha ao que no passado ocorria como prisão por vadiagem. Como informa o JornalGGN, segundo a Mídia Ninja, a tropa de choque “arbitrariamente” citou a participação de Boulos ‘em atos contra o governo Temer’ como justificativa para detenção e diz ter horas de gravações dele em outras manifestações, mostrando clara perseguição política aos movimentos sociais.”
As três mil pessoas desalojadas – logo após tratores começaram a derrubar barracos – não têm para onde ir. A Secretaria de Habitação do município sugeriu que eles se inscrevam em programas habitacionais, o que não lhes garante teto imediatamente. Nas ruas de São Paulo já são milhares de pessoas que residem em cabanas e barracos improvisados por falta de residência.
Tentando resistir ao despejo, moradores criaram barricadas queimando madeiras e, segundo a Polícia Militar, teriam soltado rojões contra a tropa de choque que re4spondeu com bombas de gás lacrimogêneo, spray de pimenta e jatos d’água. os nas ruas, ainda querem prender quem tentou o tempo todo e de forma pacífica ajuda-los. É tradicionalmente conhecia a violência usada pela Polícia Militar no governo de Geraldo Alckmin na repressão a movimentos sociais como estes
5 Comentários
A prisão do Boulos é mais um factóide para municiar a capa de jornais e revistas golpistas. Quando o justiceiro de Curitiba voltar das férias (onde mesmo? Ah, nos “esteitis”) ele próprio se encarregará de municiar a imprensa golpista. Isso é só um “lanchinho” na sua ausência.
Eu não chamaria de “factoide”, pois é de extrema gravidade a violência do PSDB contra os ocupantes do terreno e contra o Boulos. E o mesmo PSDB mostra suas garras na cracolândia em SP
Reproduzo abaixo o comentário que postei no GGN, sobre a prisão de Guilherme Boulos.
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Isso é um aviso à “esquerda” que adora bater no PT.
ter, 17/01/2017 – 14:47
Prezados,
A prisão, detenção, condução coercitiva (ou seja lá que termo eufemístico queiram os tucanalhas e assemelhados usar) de Guilherme Boulos, filósofo, articulista de jornal e líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) é pedra que cantei há muito tempo. Toda a máquina repressora do estado paulista trabalhava com o intento de prender Guilherme Boulos, pois numa época em que faltam líderes e na qual as manifestações contra as arbitrariedades de governos, contra a violência e repressão do Estado, contra os golpes de Estado, contra a cassação de direitos dos cidadãos, contra a exclusão social, o líder do MTST se mostra um dos poucos bem articulados e capazes de falar diretamente ao povo, de forma simples, clara e objetiva.
Notem os leitores que o outro movimento social de expressão, o MST, e suas principais lideranças (João Pedro Stédile, José Rainha e outros) são sistemàticamente perseguidos, há décadas. O nazimoraes ordenou a polícia civil invadir a Escola Florestan Fernandes, mantida pelo MST, ao arrepio da Lei, sem mandado judicial. A alegação da polícia foi de que uma mulher contra quem havia um mandado de prisão se encontrava naquela escola. Cascata! O que hoje ocupa o ministério da justiça, que até maio era SSP-SP, ordenou a invasão e a violência. A polícia invadiu a escola atirando para o alto e para o chão; um idoso com mal de Parkinson foi brutal e covardemente agredido, tendo duas costelas quebradas.
A ação combinada entre o P2 do exército infiltrado num grupo de jovens que combinavam participar de uma manifestação contra o governo golpista, na Av. Paulista, e a PM-SP tem as 20 digitais do nazimoraes, hoje no ministério da justiça.
Essa ação violenta e abusiva contra Guilherme Boulos tem o caráter preventivo, pois as forças reacionárias e golpistas que comandam a repressão já perceberam que se impedirem Lula de concorrer à presidência em 2018, Guilherme Boulos é a liderança popular capaz de falar diretamente aos mais pobres e excluídos, articular e propor um plano de governo com foco no desenvolvimento soberano e inclusivo e assim angariar apoio e votos. Os agentes do golpe, da repressão, do ultra neoliberalismo privatista e entreguista sabem que Ciro Gomes não passa de um falastrão e fanfarrão; é por isso que investem contra Guilherme Boulos, tentando criminalizá-lo, silenciá-lo ou no mínimo inviabilizá-lo para uma carreira política.
Os agentes do golpe, da repressão, do ultra neoliberalismo privatista e entreguista sabem também que pessoas como Luciana Genro, Marina Silva, Rui Costa Pimenta ou qualquer outra que se diga de ‘esquerda’, mas que se ocupe sempre de malhar o PT e outros grupos que também se identificam com as idéias de Esquerda não têm qualquer viabilidade política. Aliás, esses ‘líderes’ que citei constituem exatamente aquela “esquerda” de que a direita tanto gosta, pois jamais serão capazes de vencer eleições em prefeituras e estados importantes, muito menos chegar à presidência da república.
Os analfabetos políticos, os coxinhas, os nazifascistas devem estar vibrando com a detenção e Boulos. Mas os momentos de glória deles serão breves. O PIG nacional vibra e mancheteia a prisão do líder do MTST. Mas no âmbito internacional a repercussão será oposta, extremamente negativa, mostrando que o Estado Fascista de Exceção já em vigor no Brasil, após o golpe de Estado que derrubou a legítima Presidenta da República, caminha celeremente para uma ditadura escancarada.
Tão logo seja liberado da delegacia/prisão, Guilherme Boulos deve deixar a ‘zona de confôrto’ em que se manteve até agora, sendo apenas o líder e orientador de um movimento social que luta pelo direito à moradia daqueles socialmente excluídos. Boulos deve se filiar a um partido político de Esquerda e se colocar como candidato – ou ao governo de SP ou à presidência da república. Se ele pensava que os agentes do golpe, da repressão, do ultra neoliberalismo privatista e entreguista não o incomodariam se ele não estivesse à frente da disputa política, com essa investida violenta contra ele o recado deve ter ficado claro: ou ele se cala e se acovarda ou se apresenta para a disputa política franca.
Na minha opinião o arbítrio está instalado no país desde o dia em que os 300 picaretas (muitos deles criminosos) da Câmara dos Horrores votaram pelo “impeachment” (apelido que deram ao Golpe de Estado), depuseram uma Presidenta constitucionalmente eleita e honesta para colocar em seu lugar um traidor vulgar, medíocre, despreparado juntamente com uma gangue de corruptos da pior qualidade.
[…] Fonte: Boulos preso: o retorno ao arbítrio. | Marcelo Auler […]