A prisão do terrorista George Washington de Oliveira Souza, de 54 anos, paraense de Xinguara, guarda segredos que precisam ser revelados para que toda essa trama macabra seja compreendida. Certamente a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que fez um eficiente e ágil trabalho ao identificá-lo e prendê-lo em pouco mais de 8 horas de apuração, não revelou tudo o que conhece. Provavelmente para não atrapalhar o que ainda investiga. Mas são informações que precisam ser reveladas.
A principal delas é de como os policiais chegaram a esse paraense uma vez que, mesmo tendo sido ele quem confessadamente fabricou “a bomba colocando uma banana de dinamite conectada a um acionador dentro de uma caixa de papelão que poderia ser disparada pelo controle remoto a 50 a 60 metros de distância”.
A montagem desse explosivo só foi possível graças a outro participante do acampamento armado com a conivência do Exército defronte do chamado Forte Apache, o QG da corporação situado no Setor Militar Urbano, em Brasília. Ali se reúnem os bolsonaristas que não aceitam o resultado da eleição e tentam provocar uma intervenção militar, tal como sempre pregou o presidente derrotado Jair Bolsonaro.
Foi no acampamento que o terrorista paraense expôs aos demais “que tinha a dinamite, mas que precisava da espoleta e do detonador para fabricar as bombas. No dia 23/12/2022, por volta das 11h30, um manifestante desconhecido que estava no QG me entregou um controle remoto e quatro acionadores”.
Mesmo tendo montado o explosivo, não foi o terrorista paraense quem o levou para junto ao aeroporto, onde acabou sendo descoberto antes de explodir. Esta tarefa coube a um terceiro participante da trama macabra.
Foi, na descrição de Oliveira Souza, o “homem chamado Alan que eu já tinha visto algumas vezes no acampamento (na porta do QG do Exército) se mostrou mais disposto e se voluntariou para instalar a bomba nos postes que (sic) transmissão de energia que fica próximo à subestação de Taguatinga, já que era mais fácil derrubar os postes do que explodir a subestação como foi pensado originalmente”.
O “homem chamado Alan”, segundo a PCDF é Alan Diego dos Santos Rodrigues, que o jornalista Alceu Castilho, diretor do site De Olho nos Ruralistas, descreveu como sendo de Comodoro, um dos redutos do agronegócio no Mato Grosso. Ele, bolsonarista assumido, embora dono da ADR Transportes, empresa aberta em maio passado, afirma no Face book que desde o dia 21 de julho trabalha no grupo Bom Futuro. Trata-se de um dos maiores produtores de soja do mundo, da família Maggi Schaffer.
Para surpresa do próprio terrorista paraense, porém, Alan, descumprindo o combinado, colocou o explosivo sobre o eixo traseiro do caminhão tanque estacionado defronte à revenda Volkswagen V12 Motors, nas proximidades do aeroporto. Isso foi exposto por Oliveira Souza no depoimento que veio a público:
“Eu entreguei o artefato ao Alan e insisti que ele instalasse em um poste de energia para interromper o fornecimento da eletricidade, porque eu não concordei com a ideia de explodi-la (sic) no estacionamento do aeroporto. Porém, no dia 23/12 eu soube pela TV que a polícia tinha apreendido a bomba no aeroporto e que o Alan não tinha seguido o plano original. Ontem, dia 24/12/2022 eu observei durante a tarde uma movimentação de pessoas estranhas nas redondezas do prédio onde eu estava hospedado e desconfiei que fossem policiais. Então eu arrumei as malas e coloquei as armas na caminhonete para ir embora na manhã do dia 25/12/2022. No dia 24/12/2022, por volta das 19h:00, policiais civis me abordaram embaixo do prédio e confessei a posse das armas e dos explosivos”.
O terrorista fez confusão de datas. Na realidade, não foi em 23/12 (sexta-feira) que ele soube pela TV que a bomba tinha sido levada para as proximidades do aeroporto. Foi na manhã de sábado, dia 24. Mesmo dia em que ele, às 19H00 foi preso. O que mostra a agilidade e a presteza da Polícia Civil do DF. Mas levanta dúvidas. Muitas dúvidas.
A maior dela é como foi possível identificá-lo já que ele sequer esteve perto do caminhão, com 63 mil litros de querosene de aviação, onde o artefato foi descoberto, na manhã daquele dia, pelo seu motorista, quando acordou. Foi através de uma vistoria no veículo, antes de seguir viagem para o aeroporto que a caixa de papelão foi descoberta e a Polícia Militar acionada.
Posteriormente, no dia de Natal, domingo, a Polícia Militar foi acionada por conta de explosivos que foram deixados em uma área de mata no Gama. No local foram encontrados ainda coletes balísticos, capas de coletes balísticos. Os policiais chegaram ao local, na DF-290, por volta das 15h30, após uma denúncia. À noite, a própria policia providenciou a detonação do material.
Certamente a Polícia Civil tem mais informações, provavelmente de investigações que já estavam em curso desde que na noite do dia 12 de dezembro – data da diplomação do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e de seu vice, Geraldo Alckmin – baderneiros tumultuaram a cidade, depredando prédios (inclusive o da 5ª Delegacia Policial) e queimando veículos e ônibus.
A questão é que alegam que as investigações estão em sigilo, o que impossibilita de divulgarem novos fatos. Diante disso, ficam perguntas sem resposta no ar, tais como:
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