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Adeus, Marisa! Força, Lula!

Marcelo Auler

ADEUS MARISA! FOTO DO FACE DE JANDIRA FEGHALI

Foto copiada do Face Book de Jandira Feghali

Nessa hora, não temos muito o que falar. Mas, como homenagem a ela, reproduzo aqui partes do texto que meu colega e irmão, Ricardo Kotscho escreveu em seu Blog Balaio do Kotscho – Simples e discreta, Marisa era mulher de luta, publicado em 02/02/2017 , Kotscho conviveu com a família de Lula e Marisa durante 40 anos. O texto completo pode ser lido no próprio Balaio:

Marisa beija lula

Simples e discreta, Marisa era mulher de luta

Ricardo Kotscho

“(…) É muito difícil para mim escrever sobre esta mulher no passado.

Tivemos uma convivência fraterna nestes últimos 40 anos, desde que a conheci no auge do movimento dos metalúrgicos no ABC liderado por seu marido Lula, no final dos anos 1970.

Nas incontáveis viagens que fizemos juntos nas campanhas de Lula, nas muitas caravanas de ônibus em que percorremos todas as regiões do país, era ela quem cuidava de mim, um desastrado que esquecia tudo pelo caminho. Simples e discreta, era mulher de luta. Só não resistiu ao danado do AVC (…)

“(…) A história do casamento de Lula e Marisa confunde-se a tal ponto com a do país que muitas vezes fica difícil enxergar fronteiras neste condomínio de emoções familiares e nacionais. Não é força de expressão.

Lula e Marisa, casamento em 1974.

Lula e Marisa, casamento em 1974.

Para Marisa, a casa nunca foi apenas o refúgio familiar, mas também um ponto de intersecção de alguns dos fatos políticos mais importantes do Brasil nas últimas décadas.

As greves do ABC, a repressão do regime militar, a luta pelas Diretas, a fundação do PT e as campanhas presidenciais do marido ganharam as ruas e viraram História, mas antes atravessaram a soleira da porta e transitaram pela sala e a cozinha de Marisa (…)”

“(…) A política incorporou-se assim à sua vida como algo natural, quase uma extensão da rotina doméstica, frequentemente acomodada para abrir novos espaços à mesa do almoço ou receber visitantes que desde os anos 70 passaram a ter na casa do líder metalúrgico um ponto de referência nacional.

Lá estiveram senadores, deputados, vereadores, personalidades de todos os matizes. Alguns se incorporaram à família definitivamente, como Frei Betto, que cansou de dormir no chão da sala (…)

Marisa e Lula no enterro de dona Lindu, a mãe dele, 1980 Foto ariovaldo santos JB“(…) Nem sempre, porém, esse trânsito do país para dentro da sua casa foi tranquilo. Na greve de 1980, Marisa e Lula acordaram sobressaltados pelos gritos dos agentes do Dops (Departamento de Ordem Política e Social). Eram cinco e meia da manhã, ainda estava escuro.

“Foi terrível, mas mantivemos a tranquilidade. Lembro-me que ele ainda disse _ calma, vou tomar um café antes de sair _ enquanto eu arrumava a mala”.

Lula ficou preso 31 dias, saiu duas vezes nesse intervalo. Uma, para visitar a mãe agonizante; outra, para o funeral de dona Lindu (…)

E foi Marisa quem cortou e costurou a primeira bandeira do PT em sua casa e também estampou as primeiras camisetas com a estrela.

Marisa sempre tentou preservar um pouco mais a vida familiar, pelo menos nos raros fins de semana em que o marido está no apartamento onde residem em São Bernardo do Campo.

(…) Proíbo conversa política e filtro as ligações telefônicas. Notícia ruim, à noite, fica para o dia seguinte”, sentencia, com a voz firme mas serena (Marisa, Lula e a priumeira bandeira do PT.(…) Sete anos depois, quando foi a Brasília pela primeira vez, e viu aqueles prédios monumentais de Niemeyer, ela disse a Lula:

“Eles não vão abandonar o poder nunca. Hoje (véspera da eleição de 2002) tenho certeza de que ele vai chegar lá. E espero que faça algo pela juventude _ tenho certeza que o fará. A violência me assusta. Quando leio os jornais já nem presto atenção nos nomes, fixo apenas a idade das vítimas”.

(…) Apenas duas décadas depois, à beira da piscina no Alvorada, jogando mexe-mexe e ouvindo uma música sertaneja, a gente se divertia lembrando daqueles tempos, quase sem acreditar no que estava acontecendo nas nossas vidas.

Quando me despedi deles dois anos depois, no Palácio do Planalto, Lula disse em seu discurso que passou até no Jornal Nacional:

“O Ricardo, que vive conosco há tantos e tantos anos, que já viu tantas coisas boas e ruins, certamente continuará nosso companheiro de sempre. E eu acho que o Palácio do Planalto já está com saudades. Muito obrigado”.

E eu vou ficar com saudades da Marisa”.

DonaMarisa Presente, Força Lula.

 

2 Comentários

  1. Pedro Augusto Pinho disse:

    ASSASSINADOS PELO ÓDIO

    “Se tiver que passar por um vale escuro não temerei mal algum
    pois vosso bastão e vosso cajado me dão segurança”
    SALMO 23, 4

    Minha professora do primário, na escola pública, consciente do tempo que vivíamos e conhecedora da História do Brasil, ensinava uma poesia que ao tratar da Inglaterra concluía: tem na ambição voraz a nódoa que a acompanha.
    São passados cerca de 70 anos. Quantas guerras movidas pela cobiça, pela vaidade ou pelo rancor? Quantas famílias destroçadas pela imoderada ambição?
    Estas ideias vem-me ao saber do falecimento da Primeira Dama Marisa Letícia Lula da Silva.
    A pequena contribuição de seu marido, o Presidente Lula, para dar dignidade, dar autoestima ou, como previa a letra até então morta da Constituição, dar cidadania à maioria absoluta da população brasileira, levantara uma onda de ódio no País.
    Por que o ódio? É importantíssima esta resposta se desejamos ver nosso País progredir em paz e harmonia.
    Aquela parcela ínfima da população que se autodenomina elite, que se aproveitou dos séculos da escravidão, que vive das gorjetas dos impérios coloniais alienando riquezas brasileiras, algumas insubstituíveis e que jamais poderão ser restabelecidas, impedindo o desenvolvimento cultural, intelectual e econômico do País, que ignorantes e arrogantes só sabem se impor pela força, antes das armas agora do único poder sem voto, se ergueu contra o projeto de governo que se propunha resgatar para a maioria absoluta dos brasileiros sua Nação.
    Mas isto não poderia ser explícito, o ódio de encontrar o porteiro ou a babá no aeroporto, a filha da empregada doméstica na universidade cursada pelo filho ou neto, e dar um salário minimamente condizente com o trabalho dos que contribuíam para sua riqueza e ócio.
    Criou-se então um mito ao qual se acostumara por gerações: apropriar-se do dinheiro público, como se fosse típico do partido que chegava ao Poder pela primeira vez. Não quero isentar ninguém nem me cabe advogar quem quer que seja. Mas são ridículas as acusações, não se encontraram provas que associem o Partido dos Trabalhadores e, principalmente, o Presidente Lula, Dona Marisa Letícia e seus filhos a qualquer falcatrua, ainda mais com dinheiro público. As condenações, em quase sua totalidade, deveram-se à síntese pronunciada pela Ministra do Supremo Tribunal Federal: não tenho prova, mas a literatura me permite condenar. Permite, digo eu, errar impunemente?
    A imprensa, oligopolista, familiar, desta elite a que me refiro, buscando os interesses estrangeiros para defender, sem qualquer pudor, escudada na impunidade que o judiciário cúmplice lhe acobertava, martelava dia após dia uma culpa nunca provada, uma acusação vazia a Lula, família e partidários.
    A Lava Jato, programada e treinada pelos Estados Unidos da América, foi o foco mais destacado. Daí as condenações sem processo, as tentativas de suicídio, a pena de 43 anos ao Almirante Othon, com 77 anos, um herói nacional. São atos inomináveis, dignos de um estado de exceção a que o Judiciário lançou o Brasil.
    E insuflada a parcela mais favorecida da sociedade vai às ruas. Não lhes faltam recursos de toda ordem, nem acólitos abjetos de grupelhos financiados para tal fim. Alexandre Herculano, notável romancista e historiador, escreve no Prólogo da História da Origem e Estabelecimento da Inquisição em Portugal, como se instala esta emoção, de forma irracional e autoflagelante: “Há aí o vulgo que faz o que sempre fez; que saúda o vencedor, sem perguntar donde veio, nem para onde vai; que vocifera injúrias junto ao patíbulo do que morre mártir por ele, ou vitoreia a tirania, quando passa cercada de pompas que o deslumbram”.
    A pressão sobre o marido e filhos foi excessiva para uma senhora que todos que a conheceram dizem ser amável, doce e acolhedora.
    Os assassinos são todos estes, mentirosos, arrogantes, rancorosos, que condenam sem prova, que fraudam e alteram fatos e problemas, sem que as vítimas sequer possam defender das fortíssimas e provocadas pressões sociais.
    A morte de Dona Marisa Letícia Lula da Silva será mais um crime impune em nossa história, como o que vitimou Getúlio Dornelles Vargas.
    Pedro Augusto Pinho, avô, administrador aposentado

  2. […] Fonte: Adeus, Marisa! Força, Lula! | Marcelo Auler […]

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