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A Associated Press (AP) colaborou com Hitler; nossa imprensa colabora com golpes?

Marcelo Auler

Reprodução do The Guardian na matéria da Colaboração da Associated Press com Hitler

Reprodução do The Guardian na matéria da Colaboração da Associated Press com Hitler

Compartilho aqui uma chamada para a interessantíssima matéria do  The Guardian, que a atenta e perspicaz repórter Florência Costa traduziu e colocou na sua página do Facebook onde se encontra também o link para reportagem original no jornal inglês. A tradução, como ela mesmo informa, foi feita às pressas e pode ter erros. Eu também, em viagem, estou postando às pressas para nossos seguidores conhecerem este trabalho. Desculpo-me antecipadamente por falhas.

Destaco a frase em que ela chama a atenção para o que nos espera:

“Os historiadores brasileiros da mídia também terão nos próximos anos muito material para pesquisar….”

Na verdade, as muitas Comissões da Verdade que funcionaram nos últimos tempos no país já mostraram a colaboração ferrenha da chamada grande imprensa com o Golpe de 1964 que derrubou um governo democraticamente eleito e instaurou a ditadura militar.

Depois, tornaram-se vítimas dela, com a censura e perseguição a jornalistas, mesmo aqueles que não desenvolviam atividades políticas. Por exemplo, a turma do Pasquim que foi toda presa. Mas, não podemos esquecer que grandes jornais também mamaram nas tetas dos governos militares. As Organizações Globo são o exemplo mais marcante, mas não o único.

Apesar disso, dos pedidos de desculpas que nem sempre convenceram, estamos vendo novamente toda a grande imprensa envolver-se em um novo Golpe. Será o segundo em que ela participará nos últimos cinquenta anos. Isto para não falarmos da pressão da Tribuna de Imprensa, de Carlos Lacerda, que acabou levando Getúlio Vargas ao suicídio. Nem nas acusações feitas contra Juscelino Kubitschek de Oliveira, jamais provadas.

A justificativa é de que o impeachment, previsto na Constituição, não é golpe. Não o seria, se houvesse realmente um crime cometido pela presidente Dilma Rousseff. Mas, não apenas este crime não existe, como os jornais, televisões e rádios – com raras exceções – abraçaram a bandeira golpista, deixando de cumprir o principal papel deles, que é de informar com a maior isenção possível. Podem até, nos seus editoriais, tomarem partido de A, B, ou C. Mas devem, antes e acima de tudo, informarem aos leitores.

Não o fazem. Apenas retransmitem o que os golpistas falam, sem contestarem ou sem checarem o que estão informando. Talvez um dia se fará a comparação entre o papel da AP naquela época, que redistribuía as matérias que vinham dos ministério de propaganda nazista, com o papel atual da nossa mídia ao divulgarem fatos sem a preocupação de checagem, de um maior aprofundamento. Muitos dos nossos colegas hoje, pressionado pelas suas redações, não são capazes de ler os documentos na íntegra e perceberem as nuances. Isso é fruto da política adotada pelos grande jornais que a cada dia têm menos gente para trabalhar e contam com muitos repórteres inexperientes e afoitos.

Mas, isto será assunto para uma próxima postagem. Por enquanto, quero apenas publicar a chamada para a página da Florência. Não vou republicar a íntegra porque ela merece ser lidas no Face da autora.

ACORDO COM O DIABO: A COLABORAÇÃO DA ASSOCIATED PRESS (agência de notícias americana) COM O REGIME DE HITLER REVELADA POR UMA HISTORIADORA ALEMÃ

A melhor matéria do dia (manchete do The Guardian, a tradução, feita muito rapidamente, portanto descontem os eventuais erros, está aqui no post e o original também). Vale muito a leitura! Os historiadores brasileiros da mídia também terão nos próximos anos muito material para pesquisar….

Matéria de Philip Oltermann, correspondente do The Guardian em Berlim: A agência de notícias americana Associated Press cooperou formalmente com o regime de Hitler nos anos 30, fornecendo a jornais americanos material diretamente produzido e selecionado pelo ministério de propaganda Nazi. A revelação foi feita por uma historiadora alemã.

Quando o partido Nazista conquistou o poder na Alemanha em 1933, um de seus primeiros objetivos foi dar o tom aos jornais nacionais e internacionais. O The Guardian foi banido em um ano e em 1935 até grandes agências britânicas-americanas como Keystone e Wide World Photos foram forçadas a fechar seus escritórios depois de serem atacadas por empregar jornalistas judeus.

Sem título

A Associated Press, que sempre se descreveu como “o corpo de fuzileiros navais do Jornalismo” (“a primeira a entrar e a última a sair”) foi a única agência de notícias ocidental que conseguiu permanecer de portas abertas na Alemanha de Hitler. Assim a AP, como é chamada a Associated Press, se beneficiou e tornou-se o principal canal de notícias e fotos do Estado totalitário.

Em um artigo na publicação acadêmica Studies in Contemporary History (veja ao lado), a historiadora alemã Harriet Scharnberg mostra que a AP somente foi capaz de manter seu acesso firmando uma cooperação de não dupla com o regime Nazista. A agência, com sede em Nova York, cedeu controle de sua produção assinando o chamado Schriftleitergesetz (editor’s law), prometendo não publicar qualquer material “que enfraquecesse o Reich”.

Este compromisso fez com que a AP contratasse repórteres que também trabalhassem para a divisão da propaganda nazista. Um dos quatro fotógrafos empregados pela AP nos anos 30, Franz Roth, foi membro da divisão de propaganda da unidade paramilitar SS, cujas fotografias eram pessoalmente escolhidas por Hitler.

Continua: https://www.facebook.com/florencia.costa.108/posts/1040906375975874?fref=nf&pnref=story.unseen-section

5 Comentários

  1. C.Paoliello disse:

    A “imprensa” ou mídia monopolizada não apenas apoia como coordena e chefia o golpe cujo centro está nas Organizações Globo, que já deveria ter perdido a concessão há muito tempo por se enquadrar em todos os ítens proibidos às concessionárias de rádio e tv.

  2. Jesus Luz disse:

    Deixa o temer entrar lá com a tropa de choque dele, que a imprensa sossega rapidinho, vira tudo gente fina de novo.

    O que não sossega daí vai ser as assaduras na galerinha da força tarefa, e no juiz serginho loro, aquele que não deixa gravar palestra e anda acompanhado por 20 bofes da federal, trajando camisas justinhas (estilo Madonna).

  3. C.Paoliello disse:

    A “lava jato” e o ataque às empresas nacionais:

    http://blogdoalok.blogspot.com.br/

  4. Papa Fox disse:

    Marcelo, assim como a imprensa , dividida entre independentes e vendidos ( vide capa do Estadao na INTERNET aonde assumiu-se de vez o pagou/levou com os patinhos e o “impichamento ja” , a história também marcará a divisão da Polícia Federal :

    Enquanto uma classe esperneia pela nomeação do novo ministro e forçam uma autonomia policialesca, agindo e apoiando um Golpe de Estado, a Federação dos Agentes Federais saúda o novo ministro e crítica duramente um Estado Policial, sem deixar de defender o combate LEGAL a corrupcao :

    http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/46691

    http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/46371

  5. Lúcio de Castro disse:

    É uma honra conhecer um repórter maior como Marcelo Auler, cujo trabalho segue honrando e iluminando as novas gerações de repórter. Muito menos do que deveria, basta ver a nossa imprensa nos dias de hoje. Mas a história não tem pressa. Assim como sabemos quem foi quem na imprensa nos anos de chumbo, todos saberão exatamente quem são os jornalistas de hoje coniventes com a sordidez muito mais cedo do que se imagina.
    Com a grande admiração de sempre,
    Lúcio de Castro

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