Durante o “Circo da Democracia”, evento realizado no teatro da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na noite de quarta-feira (18/04), em mais uma comemoração aos 30 anos da Constituição Cidadã a serem completados em 5 de outubro, o vice-presidente do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH), Darci Frigo, debaixo de aplausos da plateia que lotava Na plato recinto, pediu:
“Volta Fachin, volta. Volta, porque as suas decisões estão causando muito sofrimento ao povo brasileiro. Nós precisamos que você volte; que você volte às suas posições históricas“.
Nesta rápida intervenção, Frigo, coordenador da organização Terra de Direitos, que ao trabalhar por 17 anos na Comissão Pastoral da Terra – CPT conheceu o atual ministro do STF ainda procurador do Estado do Paraná e, depois, como assessor do ministro do Desenvolvimento Agrário, Nelson de Figueiredo Ribeiro (no governo de José Sarney), período em que o hoje relator da Lava Jato no STF posicionava-se a favor das causas sociais, deixou claro um sentimento que afeta a todos que conviveram com o advogado: “aquele que está lá, no Supremo Tribunal Federal não é o Fachin que nós conhecemos”.
Na plateia, que aplaudiu a fala de Frigo, estavam o arquiteto argentino e Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Peréz Esquivel e o reitor da Universidade, Ricardo Marcelo Fonseca. No palco, o teólogo Leonardo Boff.
A manifestação de Frigo, feita logo após o discurso da professora Vera Karam de Chueiri, diretora da Faculdade de Direito da UFPR, soma-se a outro texto postado em 5 de abril, no Facebook, pelo advogado paranaense Wilson Ramos Filho, professor da UFPR e também fundador do coletivo Declata – Defesa da Classe Trabalhadora. No texto, Xixo, forma como Ramos Filho é chamado, não cita o nome do falecido amigo, mas para muitos não há dificuldade em apontar Fachin como o destinatário do recado.
“Eu, escutando as palavras da professora Vera que, como muitos daqui, foi colega do ministro Luiz Edson Fachin, eu achei por bem dizer nesse momento que nós que convivemos com o ministro Fachin, nós gostaríamos que aquele professor, amigo, que tinha compromisso com os pobres, que tinha compromisso com as causas dos Direitos Humanos, é preciso dizer que ele precisa voltar.
Ele precisa voltar. Porque aquele que está lá, no Supremo Tribunal Federal não é o Fachin que nós conhecemos (aplausos).
Volta Fachin, volta. Volta, porque as suas decisões estão causando muito sofrimento ao povo brasileiro. Nós precisamos que você volte; que você volte às suas posições históricas.
Eu não podia deixar de fazer esse momento de agravo. Se ele voltar, e se ele se recompuser, nós podemos fazer um grande momento de desagravo, nesse mesmo lugar. Mas, hoje, é preciso agravar a posição do ministro Fachin. Nós não podemos aceitar em hipótese alguma que ela persista no Supremo Tribunal Federal”.
“Entramos juntos na faculdade, em 1976. Fizemos política estudantil, perdendo todas as eleições. Rimos e choramos variadas vezes. Na vida é assim. Celebramos o nascimento de sua filha bem antes da nossa formatura.
Meu amigo, inteligência vivaz, sempre tinha uma tirada, um sujeito de espírito. Nunca nos afastamos. Ele foi ser advogado público, lecionava Civil. Eu, advogado trabalhista.
Tivemos muitas causas em comum, defendendo coletivos vulneráveis.
Por culpa dele, grande incentivador, voltei para a vida acadêmica sem abandonar as lutas sociais. Devo-lhe isso. Um grande sujeito.
Sempre houve reciprocidade, entretanto. Quando sua companheira precisou, eu era dirigente estadual da OAB. Na segunda vez deu certo. Fui de conselheiro em conselheiro por ela, não como favor. Ela tinha todas as credenciais e era a melhor opção.
Meu amigo queria ser magnífico, com maiúscula. Novamente me envolvi por inteiro na pré-campanha. Na última hora, achou melhor não disputar. Meu amigo não gostava de perder.
Fizemos viagens juntos, pelo Brasil, ao México, à Europa. Algumas vezes em casais, outras só os meninos, oportunidades em que esticávamos a prosa no bar dos hotéis. Eu adorava a sagacidade dele. Era um sujeito adorável sob vários aspectos.
Apoiei-o quando quis ser nomeado, não sem antes enfaticamente desaconselhar. Dizia-lhe que aquilo lá iria acabar com a vida dele, perderia a privacidade, a liberdade e teria que conviver com um monte de gente que nada tem a ver conosco. Sentia-se convocado. Quase como se fosse predestinado. Ele tanto fez que conseguiu. Cumprimentei-o, explicitando que desta última vez, a em que ele foi escolhido, meu candidato era outro. Elegante, compreendeu. Era muito gentil esse meu falecido amigo.
E deste jeito morreu. Não posso dizer que foi surpreendente seu passamento. Já vinha dando sinais. Não foi uma morte súbita. Mas muito me entristeceu. A morte tem dessas coisas, ainda que esperada ao cabo de longa enfermidade ou ultrapassado o limite razoável de anos, deixa um vazio, um aperto no peito, uma angústia, sei lá. No fundo, até o último momento, ficamos com a irracional esperança de que a morte não ocorra. Morrendo, só restam as virtudes. Na morte é assim.
Morreu. Foi um grande amigo. Nunca mais riremos, choraremos, tomaremos vinho ou chimarrão. E já sinto saudades do meu finado amigo”.
Agradecimentos: O Blog, na busca por notícias exclusivas e com enfoques diferentes, durante 16 dias esteve em São Bernardo do Campo (SP) e em Curitiba (PR) acompanhando o noticiário em torno do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Isso foi possível graças à ajuda dos leitores e colaboradores que contribuíram para nossas despesas com doações. Agradecemos a todos e, em especial, a Ivete Caribé da Rocha, que nos acolheu na capital paranaense, e a Lara Staff e seus filhos que nos abriram as portas para trabalharmos próximos à Polícia Federal, onde Lula está.
5 Comentários
Caro Ministro Fachin,
O Senhor declarou à imprensa há alguns dias que sua família tem sido ameaçada por bandidos.
E saiba que nåo é difícil notar que este fato estaria acontecendo.
O senhor foi nomeado ministro em 2015 pela Presidente Dilma Roussef, o que nos leva a acreditar que foi pelo seu saber jurídica e não por politicagem, como nas indicaçōes do Ministro Gilmar e do Ministro Alexandre Morais.
E se fosse uma indicação política da Presidenta, eram de ser esperadas decisōes com alguma tendência progressista, diametralmente opostas às decisões que vêm tomando há muito tempo.
Pelo que vemos nesse seu voto contra o Lula e em muitíssimos outros, não é difícil concluir que estas ameaças às quais os senhor vem se submetendo, para garantia de sua família, devem estar vindo da direita, onde temos um senador que declarou outro dia”encaminhe por uma pessoa daquelas que a gente possa mandar matar”.
Assim minístro, com a máxima vênia possível, sugiro sua Renúncia.
Pois veja no caso presente, se por ventura o seu vota contrário ao ex presidente Lula foi influenciado pela pressão dos bandidos, ele será preso e deixará de concorrer à presidência, para a preservação de sua família.
Veja, a sua família foi protegida e milhōes de pobres perderam as suas esperanças de melhorar um pouco de vida.
Com essa renúncia sugerida, não teríamos a sua honra denegrida por uma mudança radical de procedimento, teríamos a sua família protegida e principalmente, evitaríamos a decepção e desgraça de milhōes de brasileiros.
Alguém, um dia, terá que me explicar como um senhor nos setenta chega ao ponto alto de sua carreira, chega a ministro do stf, e, chegando lá, trai a tudo que sempre foi e se destrói.
Não tem a minima lógica a desgraça destes senhores e a desgraça que praticaram contra o país.
Muito estranho mesmo.
Este sujeito apodreceu como todos os traidores apodrecem e não servem nem para adubo. Os carrascos que guilhotinam, enforcam e fuzilam inocentes tem a dignidade a dignidade das lesmas que morrem ao primeiro raio de sol. Nossa LUTA É POR LULA E PELO SOL!!!!
Ou estão sob chantagem, ou nunca foram o que transparência. Em ambos os casos há falta de caráter. Morreram, só falta se darem conta.
Este ministreco que fingiu ser um defensor da democracia antes (e para) de tomar posse no “çupremo” já está morto como pessoa respeitável e como antigo jurista, apenas se esqueceu de deitar. Foi atingido em cheio por um ataque de covardia aguda complicado por sabujismo latente.