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Por Arnaldo César (*)

Assolados por golpes, traições, maracutaias, roubalheiras de toda sorte, corrupção das grossas, propinagem descarada, desvio de função e descaramento generalizado, os brasileiros perderam a capacidade de se indignar. Uma presidente, legitimamente eleita, é destituída sem motivo num processo de impeachment meia bomba e a vida segue calmamente.

Dentro deste clima de total e absoluta promiscuidade, um grupo de parlamentares, na calada da noite, tentou golpear seus pares, na marotíssima manobra para anistiar aqueles parlamentares que fizeram traquinagens com o Caixa 2 de campanha. Manobra vergonhosa!

E, o pior: todos os partidos, inclusive o encalacrado PT, foram pegos com a boca na botija de mais esta patranha. Todos tem o rabo preso e estavam ansiosos para livrar suas respectivas biografias na hipótese de suas contas vierem a ser investigadas por uma razão qualquer.

Geddel Vieira Lima

Geddel Vieira Lima defendeu os colegas espertinhos que quiseram anistiar o Caixa 2 das campanhas. Temer, o desautorizou e disse que está havendo problema de comunicação no seu (dfes)governo. Problema de comunicação ou falta de sinceridade? Foto: reprodução internet

Os formadores de opinião, especialmente os jornalistas que vivem e trabalham em Brasília, acostumados a toda sortes de vilanias trataram a questão como mais uma asneira praticada pelos nobres representantes do povo.

Teve até um ministro do governo golpista, Geddel Vieira Lima, que veio a público defender os seus colegas espertalhões.

Ninguém, no Brasil de hoje, pode ser considerado uma vestal. Nem mesmo o “Rei da Moralidade Pública”, o juiz Sérgio Moro, comandante em chefe da “República de Curitiba”. Nunca, em nenhum momento, ele deixou de politizar suas ações na Lava jato. Mandando ás favas, a indispensável neutralidade que um magistrado deve cultivar nos tribunais.

A omissão dos cidadãos diante disso tudo é um sinal claro da fragilidade em que se encontra a democracia do País. Assim como todas as demais instituições que garantem o funcionamento da Nação. Senão vejamos:

O Legislativo está em frangalhos, tentando legislar em causa própria para se proteger das roubalheiras praticadas pelos seus membros.

O Executivo é ocupado por um usurpador, sobre o qual recaem suspeitas de ter recebido propinas. O mesmo acontece com a maioria do seu ministério, constituída por políticos envolvidos com a Justiça.

Dias Tofoll: alerta aos colegas ministros do STF

Dias Toffoli: alerta aos colegas ministros do STF

No Judiciário não é diferente. Em vez de se contentar em ser o fiel da balança da institucionalidade brasileira, ele tem atuado ultimamente em consonância com interesses políticos partidários. Tanto que um de seus membros, o novato Dias Toffoli, pediu vênia para alertar os colegas ministros que estavam passando dos limites.

Se a democracia brasileira está totalmente estropiada, o Estado de Direito padece das mesmas feridas. Virou moda no Brasil acusar, julgar, punir e encarcerar sem precisar provar nada. Basta um procurador ou um juiz se convencer de que um crime foi cometido. Atua-se, hoje no Brasil, exatamente, como se fazia na Alemanha nazista, dos anos 40.

A coisa anda tão escancarada que soou brincadeira – para não dizer estupidez – o discurso do presidente usurpador no plenário das Nações Unidas, quando vociferou que “o impeachment feito no Brasil era um exemplo de democracia para o mundo”.

Depois de tamanha tolice, dá para entender as razões pela qual Barack Obama e todo e qualquer chefe de estado que se preze não terem dado as caras na sede da ONU, para prestigiar o pronunciamento do “Senhor Fora Temer”. Um sujeito, diga de passagem, ousado. Tanto que não teve qualquer prurido em ir lá mentir descaradamente sobre o número de refugiados acolhidos no Brasil.

Num ambiente contaminado em que os Três Poderes agem em função dos interesses pessoais ou de seus grupos, não será surpresa que um ex-presidente venha a ser encarcerado, sem qualquer prova cabal, e ninguém mova uma palha qualquer por ele.

Nas favelas do Rio, o espertalhão que acha que leva vantagem em tudo é conhecido como “Malandro Agulha”. Por uma razão muito simples: sempre acaba levando na cabeça.

É o caso dos brasileiros que, até agora, só têm levado na cabeça.

Até quando aceitarão calados tal situação?

(*) Arnaldo César é jornalista e colaborador do blog. 

2 Comentários

  1. Denyse disse:

    Pode ser que outro já tenha dito isto, mas, Sinceramente, eu queria saber como mover “uma palha”. Como fazer isso? Se alguém iluminado desse uma idéia, tenho certeza que muitos mesmos acatariam.

  2. Denyse disse:

    Sinceramente, eu queria saber como mover “uma palha”. Como fazer isso? Se alguém iluminado desse uma idéia, tenho certeza que muitos mesmos acatariam.

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