São muito interessantes os resultados apurados, esta semana, pela Polícia Federal com a “Operação Onipresença”, em Santa Catarina. Foram indiciados 27 médicos do Hospital Universitário Polydoro Ernani de São Thiago, da UFSC, em Florianópolis. Vão ter que explicar as razões pelas quais não comparecem ao local de trabalho, apesar de ganharem salários que variam de R$ 16.597,12 a R$ 19.930,12.
As informações passadas pelo Ministério da Saúde à PF mostram que três deles apesar de regiamente remunerados nunca deram as caras no Hospital. Os 24 restantes até davam as caras, mas cumpriam menos de um terço da jornada de trabalho para a qual foram contratados.
Esse “afinco” e “comprometimento” dos profissionais de saúde catarinenses gerou um prejuízo aos cofres públicos, no ano passado, de R$ 36 milhões.
O valor até que é modesto. Normalmente, quando se fala da “Máfia de Branco” costumam-se citar cifras bilionárias que escapam através das brechas de concorrências capciosas ou de furtos descarados dos estoques de medicamentos e insumos dos hospitais e postos de saúde.
Colocar a polícia nos calcanhares dos médicos faltosos é um fato novo que dará muito que falar. O Conselho Regional de Medicina daquele estado deve estar indignado. A corporação local está se articulando para vir às ruas protestar contra a arbitrariedade do governo. Certamente, irão aproveitar nestes atos para voltar a torpedear o programa “Mais Médicos”.
Muita água ainda vai rolar por debaixo da ponte da “Operação Onipresença”. Como já é de praxe, haverá sempre um atalho legal para protegê-los de ter que ressarcir o Erário do dinheiro que receberam sem trabalhar. Restará, então, o constrangimento público imposto á esta categoria por conta do corridão que levaram da Polícia Federal.
É bom lembrar que os médicos não são os únicos que lançam mão destes expedientes deploráveis. Todos – inclusive os jornalistas – não resistem à ideia de receber dinheiro público sem trabalhar. Evoluímos. Pelo menos, em Santa Catarina, a impunidade deixou de passar em brancas nuvens.
4 Comentários
Resta-nos o consolo que os delegados, juizes, e promotores cumprem rigorosamente seus horários (aliás, juiz e promotor bate ponto???), e nossos processos não estão parados na justiça e a criminalidade está controlada e o teto salarial é respeitado. E se eles têm três meses de férias por ano e emendam todos os feriados isso tá dentro da lei.
Essa operação deveria se estender a todo o Estado, aqui em minha cidade, pelo Portal Transparência, se vê que a prática é comum entre os iguais.
Olá Solange,, obrigado por compartilhar seu comentário. De que cidade você é?
O CRM de SC não deve estar nem um pouco indignado, uma vez que o próprio PRESIDENTE DO CRM é um dos 27 investigados pela PF, caros amigos!