Na revista CartaCapital que chegou às bancas neste final de semana (edição 869 – de 30 de setembro) duas matérias falam da Operação Lava Jato.
Na principal – “A Súmula Hoffmann” -, André Barrocal, de Brasília, conta os limites impostos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a partir da decisão do ministro Teori Zavascki, ao delimitar à justiça federal de Curitiba apenas os casos relacionados ao esquema de corrupção desvendado junto à Petrobrás.
Na abertura da reportagem, que conta a posição de oito ministros do STF a favor de redistribuir para o ministro José Dias Tóffoli e para a Justiça Federal de São Paulo o caso que envolve despesas de campanha da senadora Gleisi Hoffmann pagas pela empresa Consist Software. o repórter diz que a decisão
“(…) promete uma guinada nas investigações e novos ventos nos rumos políticos e econômicos do País. Nem todas as descobertas terão de virar processos comandados por um magistrado único. Nada de concentrar tudo no ministro Teori Zavascki, do STF, em casos contra políticos, ou no juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, em ações que envolvam acusados sem foro privilegiado. A possibilidade de separação abala a tese central da força-tarefa de procuradores e policiais federais. A de que todas as malfeitorias encontradas até agora integravam um mesmo esquema de corrupção, montado pelo governo federal em troca de apoio no Congresso“.
No texto dele ainda merece destaque outra passagem:
“Entre os derrotados na goleada de 8 a 2 estava Gilmar Mendes. Pela segunda semana seguida, o ministro adotou uma posição de forte viés político-partidário. No julgamento que proibiu as doações empresariais de campanha, descrevera a proposta como uma “conspirata” da Ordem dos Advogados do Brasil para favorecer “o projeto do PT de se perpetuar no poder”. Na sessão que deu novos contornos à Lava Jato, repetiu a toada prejulgadora antipetista. Segundo ele, a Lava Jato revela a existência de um “método de governar” e de uma mesma “organização criminosa”, com o uso de recursos públicos para financiar “a atividade político-partidária e campanhas eleitorais”, “manter uma base partidária fisiológica” e “comprar o apoio da imprensa e de movimentos sociais”. Por essa razão, segundo ele, não faria sentido separar os processos oriundos da Lava Jato. Tudo deveria ficar com um só juiz”.
A posição de Mendes coincide com a do juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, e com os demais integrantes da força-tarefa responsável pelas investigações, Um deles definiu esta preocupação como diz Barrocal:
“Segundo um dos investigadores, se a Lava Jato sair do controle de Moro, com futuras operações de campo, prisões e quebras de sigilo dependentes de autorização de outros juízes, vai ficar mais difícil obter resultados. Essa fonte diz que a operação só tomou as proporções atuais por uma simbiose entre policiais, procuradores e Moro. Sem uma das três engrenagens, o sistema ruiria. Além disso, só Moro teria o domínio completo dos personagens investigados e de suas histórias”.
Trata-se de uma tese bastante discutível, que tem lá suas razões, mas que acabou não sendo acolhida pelos maioria avassaladora dos ministros do STF.
Divergências na PF-PR – Já a matéria secundária – “O Grampo da Discórdia” – é um texto de minha autoria sobre as divergências que continuam acontecendo dentro da Superintendência Regional da Polícia Federal, no Paraná, onde persistem as críticas aos métodos utilizados pela força-tarefa.
Trata-se, na verdade, da continuidade das apurações que comecei a fazer em julho passado quando estive em Curitiba. A primeira parte desta apuração eu publiquei nesse blog, em 20 de agosto: “Lava Jato revolve lamaçal na PF-PR”.
Nos dois textos, procurando ser o mais isento possível, mostro parte das divergências e discussões que ocorrem entre policiais federais e alguns advogados que atuam na defesa dos envolvidos nesta grande apuração.
Conto como surgiu a versão de que “dossiês” contrários à Lava Jato estariam sendo fabricado – o que, diga-se, jamais se confirmou; falo do envolvimento da doleira Nelma Kodama com um agente da Policia Federal que a presenteava com flores e bombons, retirando-a da cela nas noites de plantão; revelo que esse agente, que sofria de problemas psicológicos e deveria estar de licença médica, acabou suicidando-se; relato as tentativas da mesma doleira em colher informações com o seu antigo defensor, para repassá-las aos delegados que acusaram o advogado de preparar dossiês; explico como o delegado Mario Henrique Castanheira Fanton foi chamado à Curitiba para investigar os supostos “dossiês” e acabou se atritando justamente com aqueles que o convocaram.
Estas divergências, como descrevi em agosto e repriso agora, estão diretamente ligadas ao já badalado aparelho de escuta que o doleiro Alberto Youssef descobriu em sua cela, em março de 2014.
Como destacou a reportagem da revista,
o agente Werlang insiste: a ordem de grampear veio de delegados da força-tarefa. Os acusados negam.
Incrivelmente, apesar dos números fantásticos que a Lava Jato apresenta nesses seus 19 meses de apurações, até hoje não houve uma resposta satisfatória e definitiva da própria direção geral do Departamento de Polícia Federal, sobre o mesmo. Isto só faz aumentar as divergências e as críticas internamente na superintendência do DPF no Paraná. Um esclarecimento publico sobre esse grampo certamente acabará de vez com toda a discussão que persiste dese março de 2014.
Vale ressaltar que pessoalmente defendo a ampla apuração de todos os atos criminosos que estão sendo descoberto por esta Operação. Reafirmo aqui minha total confiança no trabalho do juiz Sérgio Moro, a quem conheço e aprendi a respeitar, há mais de sete anos. Isto, porém, não me impede de levantar questionamentos com base em tudo o que ouvi e apurei, dos dois lados. Não por outro motivo, aceitei de bom grado o parágrafo final da reportagem que foi proposto em São Paulo pelo editor Sérgio Lírio e o diretor de CartaCapital, Mino Carta:
“Só o completo esclarecimento do tal grampo poderá demonstrar que a Lava Jato não ultrapassa os limites da legalidade em seu ímpeto louvável de punir a corrupção no Brasil. Para quem está imbuído da missão de limpar o País, a transparência não é só recomendável. É essencial”.
A revista está nas bancas à disposição dos que se interessarem pelo assunto.
10 Comentários
[…] de setembro – O grampo da discórdia na Lava Jato: “Só o completo esclarecimento do tal grampo poderá demonstrar que a Lava Jato não […]
[…] O grampo da discórdia na Lava Jato […]
[…] O grampo da discórdia na Lava Jato […]
[…] lembrar – repetindo o que reportamos em 26 de setembro na matéria O grampo da discórdia na Lava Jato – que ao descobrir a escuta na sua cela, Youssef não tinha prestado nenhum […]
[…] hoje não se conhece as consequências disso. Não apenas nele. Em 26 de setembro, na postagem “Lava Jato: o grampo da discórdia” , […]
[…] demonstrado em várias postagens – “Lava Jato remove lamaçal na PF-PR“; “O grampo da discórdia na Lava Jato“; “Surgem os áudios da cela de Youssef: são mais de 100 Hs” – uma […]
[…] da .SR/DPF/PR, cuja resposta usei na reportagem publicada em CartaCapital e comentada aqui: “O grampo da discórdia na Lava Jato”. Agora, o esclarecimento veio diretamente de Brasília. Como ela não saiu publicada na revista, […]
[…] dos delegados da Força Tarefa da Lava Jato. Nesta ocasião, como também noticiamos em “O Grampo da Discórdia”, aqui e na revista CartaCapital que está nas bancas, Fanton […]
opiniao!?
Os meninos do MP da republica do parana
nao foram a NY receber premio, e sim pagamento por servicos prestados! (inclua-se alguns politicos,militares e supostamente empresarios)
Faz parte do dominio global, empresa privada e sempre dominada pelos banqueiros(globais-supostamente nacionais), isto quer dizer (burguesia rentista)
nacionalize os bancos privados
nacionalize as empresas estrategicas (eletrobas/petrobras/telebras etc..}
o ouro foi substituido pelo petroleo nas decadas de 70 como base de valor (padrao) por isso e necessario nacionalizar o petroleo (descoberto e nao descoberto) impedir que conpanhias de extracao tenham direitos ao subsolo ou upsolo
aqueles paises que permitem e permitirao a propriedade do seu subsolo/upsolo pertencer a qualquer entidade que nao seja a nacao esta condenada a miseria do seu povo e/ou ao trabalho escravo (forever)! o que vem acontecendo com o brasil a 515 anos e necessario que o povo entenda isso! portanto cabe aos “blogssujos” criar slogans/caricaturas
para facilmente expor essa realidade. A todo o povo brasileiro.
todos os deputados e senadores tem email nos sites do congresso A campanha entao e encher eles com emails dizendo que sabemos o que estao fazendo!
nao sou conspirador mas,
quarta frota ativada
sete bases na narco colombia
base no paraguay
fuzileiros navais no peru e no chile
espionagem na presidencia/abin/petrobras
— acordo sobre alcantara – (cabeca de praia)perda da soberania
amazonia minerais/oxigenio/agua/terras raras/amazonia azul/presal
muito bem pagos juizes/politicos/militares/imprensa/ong’s
o problema e bem mais complexo do que parece!
ABAIXO alguns websites em que se pode conectar alguns pontos…
BRICS/MERCOSUL/UNASUL/CELAC
http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2015/09/67_DEFESA_P1-othon.pdf
http://independenciasulamericana.com.br/2015/09/cia-financia-pf-para-construir-democracia-extrema-que-levaria-a-tirania-oligarquica/
https://en.wikipedia.org/wiki/United_States_Southern_Command
http://www.commondreams.org/views/2009/08/07/seven-new-us-military-bases-colombia-hardly-move-left
http://www.globalsecurity.org/military/library/news/2010/07/mil-100707-mcn01.htm
http://www.brasil.gov.br/governo/2013/09/presidenta-dilma-critica-acoes-de-espionagem-no-pais
Is she being blackmailed? Is Moro a tool? What is Othon doing in Jail?
What was the Brazilian Admiral recently doing in the US?
Petrobras/Eletrobras/Presal Hummm!
http://www.aljazeera.com/indepth/opinion/2012/05/2012526163512636123.html
http://www.dominionpaper.ca/accounts/2005/09/23/us_militar.html
http://www.globalsecurity.org/space/world/brazil/alcantara.htm
note / military beachhead
copy paste envie ao seu senador e aos seus deputados nao importa o partido.
[…] O post de Marcelo, na íntegra, você pode ler aqui. […]