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Arnaldo César (*)

“Figuras ilibadas” como Michel Temer, Eduardo Cunha, Moreira Franco e Eliseu Padilha, comandaram o pulo no trapézio do PMDB - Foto Pública

“Figuras ilibadas” como Michel Temer, Henrique Alves, Eduardo Cunha, Moreira Franco e Eliseu Padilha comandaram o salto triplo de olhos vendados do trapézio. As chances são grandes de o PMDB cair no picadeiro do circo que ajudou a montar. Foto Pública

Comandado por “figuras ilibadas” como Michel Temer, Eduardo Cunha, Moreira Franco, Henrique Alves  e Eliseu Padilha, o PMDB acabou de dar um salto triplo, com os olhos vendados, sem rede de proteção. Poderá se esborrachar no centro do picadeiro. Assim como poderá alcançar o outro trapézio e sair glorioso da pirueta.

Hoje, embora os números ainda sejam incertos, as chances são maiores de se estatelar no picadeiro.

A cambalhota está em curso. Serão necessários mais uns 15 dias para termos certeza de que o pedido de impeachment da presidente Dilma irá prosperar, no plenário da Câmara Federal.

Desde quando se lançou nesta tresloucada peripécia, na última quarta-feira (29/03), até agora os autores da façanha parece que não estão muito confortáveis. Seis dos sete ministros que mantinham no Planalto pediram para continuar.  Na melhor tradição fisiológica do velho PMDB de guerra não querem largar as boquinhas.

Michel Temer já não consegue enxergar o resultado do "salto" classificado como premeditada por Renan Calheiros. Foto Reprodução

Temer não enxerga o resultado do “salto” que Calheiros classificou de premeditado
Foto Reprodução

Uma das figuras de proa da agremiação criada por Ulysses Guimarães foi aos jornais, na quinta-feira (dia 31), para dizer que “Michel Temer cometeu um erro. Foi precipitado”. Ainda na linguagem circense: “michou!”.

Pela contabilidade mais conservadora terão que entregar 600 postos de trabalho regiamente remunerados pela administração pública. Já as estatísticas não tão ortodoxas falam em 6 mil posições em toda a máquina pública, incluindo aí as cobiçadíssimas estatais.

A plateia, por sua vez, continua sem fôlego. Olha atônita para o coitado do trapezista girando, sem rumo. De antemão, sabe-se que nenhum dos desfechos será bom para o País. Se for bem sucedido, o PMDB vai tentar tomar o poder das mãos da presidente legitimamente eleita. Para o desalento geral, também não conseguirá governar.

O País, já totalmente polarizado, mergulhará num estado de convulsão social. A economia, hoje, andando de ladinho adernará de vez. Afinal, Joaquim Levy, funcionário do terceiro escalão do Bradesco, tentou colocar em prática a política do corte de gastos públicos – tão ao gosto daqueles que apoiam Michel Temer e seus meninos – e deu com os burros n’água.

A hipótese muito provável de se estatelarem no chão também não é uma boa. O trapezista trapalhão não sairá de cena. Ou seja, o PMDB dentro ou fora do governo ainda tem sete governadores, 17 senadores e 67 deputados federais. Mesmo estropiado pelos devaneios de Temer continuará sendo um jogador importante, ou melhor, uma das principais atrações do picadeiro.

Como sempre fez, desde a sua fundação, irá mercadejar com o governo uma maneira de retornar para o aconchego do Palácio do Planalto. Talvez, mude o técnico. Mas, na essência continuará sendo o que sempre foi: uma federação de políticos oportunistas, destituídos de qualquer resquício de ideologia ou de comprometimento com a coisa pública (res publica).

Alguns peemedebistas da linha de frente, como o presidente do senado Renan Calheiros, usam uma típica frase de para-choque de caminhão para resumir este enredo: “O PMDB – diz o encalacrado parlamentar – sempre saberá renascer das cinzas”.

O ministro do STF, Luís Roberto Barroso, em um encontro, na quinta-feira (dia 31), com estudantes da Fundação Lemann, num dos auditórios do tribunal, não se conteve: “Meu Deus do céu! Essa é a nossa alternativa de poder? Não vou fulanizar, mas quem viu a foto sabe do estou falando”.

Barroso, sem querer, tocou o dedo na ferida.

Por um ato de vingança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, a presidente poderá vir a ser julgada por um crime que não cometeu. Enquanto isso, Cunha aparece fagueiro, sorridente e vitorioso na foto que levou o ministro Barroso aclamar pela proteção do Criador do Universo.

Quando a política dos homens precisa da interferência de um Ser superior é sinal que nós – os mortais – ainda vamos arrastar muitas correntes. Mas, se estamos num circo, não devemos esquecer: “O show deve continuar”. Mesmo com os trapezistas assumindo o lugar dos palhaços.

( *)  Arnaldo César é jornalista

3 Comentários

  1. […] O procurador, entretanto, pode ficar mais tranquilo. A partir de todos os indicativos que surgiram na semana passada (de 27/03 a 02/04)  sabe-se agora que é pouco provável que o impeachment passe pelo plenário da Câmara dos Deputados, tal como admitiu aqui no blog Arnaldo Cesar, no artigo Hoje tem marmelada? […]

  2. PANAMA PAPERS disse:

    SENHORAS E SENHORES,

    VEM AI A VERDADEIRA LAVA JATO, LAVANDO A SELETIVIDADE – POR JORNALISTAS INVESTIGATIVOS.

    PANAMA PAPERS….

  3. M.M.M disse:

    Não precisa ser de direita ou esquerda, rico ou pobre, branco ou preto para entender o que está acontecendo. Basta ter consciência.
    Juntos pela DEMOCRACIA. O seu voto não vale menos que o de ninguém. Politicos Corruptos não tem legitimidade para trocar “o corrupto de hoje pelo corrupto dele”. Não é esse o caminho. Definitivamente NAO. A imprensa já comandou um movimenso parecido. O Estado já foi usado por funcionários Públicos para comandar o cerceamento.
    Portanto, para o bem do país, para o bem da DEMOCRACIA – #TODOSJUNTOSPELADEMOCRACIA
    #NAOVAITERGOLPE

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