A brutal execução da vereadora do PSOL, Marielle Franco e do motorista, Anderson Pedro Gomes, acabou despertando o País. Centenas de milhares de pessoas foram às ruas, nas principais cidades brasileiras, para protestarem contra tamanha atrocidade. Mais do que isso: para também exigirem providências urgentes. Dependendo de como o governo golpista se comportar, não será surpresa se nos depararmos com uma nova onda de protestos como os que sacudiram o Brasil em meados de 2013.
Se faltavam mártires para a Nação despertar, não faltam mais. A intervenção na segurança púbica do Rio que o impostor Michel Temer qualificou como a “grande jogada do seu governo” se transformou numa “grande dor de cabeça”.
Brasileiros de todos os quadrantes passaram a cobrar das autoridades os nomes e as punições dos assassinos e de seus mandantes. Isso coloca Temer, o ministro de Segurança Pública, Raul Jungmann, e, em especial, o general Braga Netto, comandante em chefe da intervenção no Rio, numa tremenda saia justa.
Jungmann, num pronunciamento em Fortaleza, prometeu punição para os criminosos “independente do tempo e dos recursos que forem necessários para isso”. Não poderia ter falado outra coisa. O general interventor mandou divulgar uma enxuta nota oficial na mesma linha. Ocorre que, se eles continuarem tergiversando e não apresentarem resultados concretos, a pretensa intervenção acabará antes de começar.
O assassinato da jovem vereadora de 38 anos e do também jovem motorista de 39 anos é muito mais do que uma simples execução tramada por pessoas descontentes com as denúncias de violência policial nas favelas feitas por Marielle. Foi uma afronta. Um desafio.
Os bandidos desacataram o governo golpista, os interventores da segurança pública e a sociedade em geral.
O crime foi cometido nas proximidades da Prefeitura do Rio, no bairro do Estácio. A pouco menos de um quilômetro da sede do Comando Leste, de onde Braga Netto comanda a intervenção, e do Batalhão de Operações Especiais – BOPE -, a tropa de elite da PM.
Os primeiros exames de balística mostram que a parlamentar foi alvejada com cinco tiros de uma pistola 9 mm., na cabeça. Só atiradores altamente treinados conseguem tal precisão, disparando com esta arma de dentro de um carro em movimento. Coisa de profissional.
A execução de Marielle comoveu o País. O Jornal Nacional que, nestas horas, costumar fazer como avestruz, enfiando a cara no chão, deu para o assunto 43 minutos de seu noticiário de 60 minutos. O âncora William Bonner até fez cara de tristeza e descontentamento.
Nas manifestações em São Paulo, onde mais de 20 mil pessoas se aglomeraram na Avenida Paulista, houve um coro de mais de 10 minutos das pessoas gritando “Fora Temer”. JN, sempre comedido e respeitoso com o presidente golpista, não conseguiu esconder.
No Rio, a multidão que compareceu tanto na Câmara dos Vereadores quanto a que ocupou a frente da Assembleia Legislativa trazia colocado no peito um adesivo verde que, de certa forma, sintetizava o pensamento de todos: “Quem matou Marielle e Anderson?”.
A Polícia Civil do Rio está presidindo as investigações. Uma das linhas da apuração mira no 41º Batalhão da Polícia Militar da região de Irajá. Lá estão os PMs mais violentos da cidade. Estatísticas da própria corporação mostram que o 41º BPM é responsável por 12% de todas das mais de 600 mortes cometidas por policiais em confrontos com traficantes e moradores de favelas.
Dias antes de ser executada, Marielle denunciou policiais deste batalhão como os responsáveis pelas mortes de dois jovens cujos cadáveres apareceram boiando num valão, na comunidade de Acari. Se isso se confirmar, a coisa fica mais feia ainda.
Mostra que a Intervenção pilotada pelo general Braga Netto não conseguiu intimidar nenhum tipo de criminoso – nem os fardados e muito menos à paisana.
Enquanto as tropas de ocupação têm se ocupado de distribuir gibis, no Jardim Catarina, em São Gonçalo, ou rosas brancas para as mulheres da Vila Kennedy, o crime organizado mata com requintes de atrocidade, nas barbas das autoridades.
O que o impostor Temer chama de “a grande jogada” está completando 30 dias. As pessoas que estudam o tema da segurança pública sabem que na hipótese de um confronto entre militares e bandidos, quem será sacrificada será a população pobre que vive na periferia ou dentro da favela.
Com o volume de informações acumuladas, ao longo de mais de 30 anos de embates com a bandidagem carioca, trinta dias são mais do que suficiente para elaborar um plano de ação que comece a tomar os territórios ocupados por traficantes e milícias. Assim como, desmonte o poderio de policiais corruptos e matadores.
Chegou o momento de o general Braga Netto dizer a que veio. Sob suas ordens existe um contingente de mais de 100 mil militares e policiais. Desde as 21h30 da última quarta-feira (dia 14), essa multidão de homens armados deve uma resposta aos brasileiros: “Quem matou Marielle e Anderson?”
Até o fechamento deste artigo, na noite de quinta-feira (dia 15), a pergunta continuava no ar. Por enquanto, o interventor e seus comandados têm para nos oferecer são ilações e explicações ocas.
(*) Arnaldo César é jornalista e colaborador deste blog.
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6 Comentários
belo texto Arnaldo, como balas de 9mm serem roubadas dos correios na Paraíba, será, história pra boi dormir?!! Quem matou Marielle e Anderso?!!
O fato de Jungmann ter descaradamente mentido (acho que a nova versão também é falsa) não sugere algo sobre o papel ddesgoverno Temer nessa execução?
Fora da pauta, mas URGENTE!
NETFLIX ENTRA NA CAMPANHA DIFAMATÓRIA CONTRA LULA:
⚠ URGENTE! Compartilhem! ⚠
Vem aí a série O MECANISMO, da Netflix (estreia 23 de março). A série conta a história da Lava Jato e já está sendo amplamente divulgada nos Estados Unidos e em toda a Europa. Os dois produtores da série (José Padilha e Elena Soarez) são antipetistas conhecidos. José Padilha é, inclusive, amigo de vários jornalistas dO Globo e tem colunas escritas no jornal dos Marinho.
A série é lançada em ano de eleição e visa desmoralizar Lula não só no Brasil mas no mundo inteiro, além de vender uma imagem de heroi para o juiz Sergio. “O Mecanismo” é baseado no livro sobre a Lava Jato escrito por Vladimir Netto. Vladimir é repórter do Jornal Nacional e filho de nada menos que Miriam Leitão. No lançamento do livro que virou série, apareceram figuras como Sergio Moro, Newton Ishii (o japonês da federal) e vários jornalistas da Globo.
O livro no qual a série é baseada tem o claro objetivo de divinizar Sergio Moro. Na obra, o juiz não tem defeitos, é difícil acreditar que ele sequer vá ao banheiro como cada um de nós. O livro demoniza Lula e faz críticas severas a Dilma, dando a impressão de que ela era co-chefe de um bilionário esquema de corrupção. Não há nenhuma menção à parcialidade da Lava Jato, à proteção que a mesma fez ao PSDB, ao grande acordo nacional “com o supremo e tudo”.
A Netflix já tem mais de 10 milhões de assinaturas no Brasil, alcançando diretamente cerca de 40 milhões de pessoas. O número de pessoas alcançadas é difícil de calcular pois a Netflix permite que várias pessoas compartilhem uma mesma assinatura, além disso milhões de brasileiros assistem a suas séries por meios gratuitos como torrents e sites. Agora a Netflix faz parte do golpe. Fiquem atentos!
Thiago dos Reis
vou cancelar a netflix já!! cancelem !!!!
Após a repercussão internacional da execução da vereadora Marielle Franco, a Globo tenta assumir liderança da narrativa, como em 2013. Todo o cuidado é pouco!
https://www.diariodocentrodomundo.com.br/como-fez-nos-protestos-de-2013-a-globo-tenta-cooptar-as-ruas-despertadas-pela-morte-de-marielle-por-kiko-nogueira/
ONU quer investigação independente para o cruel assassinato de Marielle:
https://www.telesurtv.net/news/onu-investigacion-asesinato-marielle-franco-brasil-20180315-0057.html
PS – O principal cúmplice já foi identificado: Boçalnato e seu discurso de ódio e de aplicação da violência como solução para qualquer problema. A execução de Marielle é fascismo em sua forma pura.