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Arnaldo César (*)

Os Vocalistas Tropicais foram que lançaram, em 1948.o sucesso Daqui não saio, daqui ninguém me tira! que hoje parece ser o hino oficial de Temer e sua trupe.

Os Vocalistas Tropicais foram que lançaram, em 1949, o sucesso “Daqui não saio, daqui ninguém me tira!”, que hoje parece ser o hino oficial de Temer e sua trupe.

É admirável o arsenal de truques, mentiras, abusos, caradurismo e irresponsabilidades de toda a ordem que a camarilha de Temer tem utilizado para se manter no poder. Nenhum homem de bem suportaria ser denunciado pelo crime de corrupção passiva e continuar no cargo. O mínimo que se espera dele é o afastamento para poder provar a sua inocência.

No mesmo dia (26/05) em que a Procuradoria Geral da República pedia ao STF a abertura de um inquérito contra ele, o presidente impostor bravateava:

“Nada nos destruirá. Nem a mim e nem aos ministros”.

Esperar dele e da milícia que se aboletou no Palácio do Planalto qualquer gesto nobre é pura perda de tempo.

O carnaval de 1949 foi sacudido pelo conjunto “Vocalistas Tropicais” com a marchinha “Daqui não saio. Daqui ninguém me tira”. Na época, protestavam contra a crônica falta de moradias. Os versos são apropriados, contudo, aos tempos atuais. Servem para caçoar da falta de vergonha na cara daqueles que usurparam o poder.

Os golpistas estão dispostos a esticar a corda. Este foi o tom do atabalhoado pronunciamento feito por Temer, no meio da tarde, da última terça-feira (dia 27/05). Embora o seu braço direito, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures tenha sido filmado agarrado a uma mala com R$ 500 mil de propina, ele choramingou frente às câmeras que foi acusado sem provas.

Temer continua acreditando que conseguirá arregimentar, com facilidade, os votos de 171 amigos na Câmara Federal para barrar esta e as outras duas denúncias que o procurador-geral Rodrigo Janot tem guardadas na cartucheira. São elas: obstrução de Justiça e formação de quadrilha.

O jornalista Luiz Costa Pinto revelou no site “Poder 360º”, na segunda-feira (26/05), que sobre a mesa de trabalho do presidente bucaneiro repousa um pedido de licença, no aguardo de sua assinatura. Os ditos “ministros” Moreira Franco e Eliseu Padilha preparam esse documento para dar uma saída honrosa ao chefe e a eles próprios.

Atingido pela denúncia de Janot, Temer, na terça-feira (27/06) tomou café com a base aliada e prometeu resistir. Foto Marcos Corrêa/Agencia Brasil

Atingido pela denúncia de Janot, Temer, na terça-feira (27/06) tomou café com a base aliada e prometeu resistir. Foto Marcos Corrêa/Agencia Brasil

Preservar-se-iam as imunidades de toda a gangue. Além disso, todos ganhariam tempo para salvar suas próprias peles. Com a inestimável experiência de quem foi secretário de Segurança Pública de São Paulo e “negociou, diretamente, com bandidos”, Temer promete resistir até o fim.

Pela lógica do golpista, ele e sua turminha irão legar as mais ousadas e inovadoras das reformas do Estado brasileiro. Refere-se às malfadas reformas da previdência e trabalhista. O País não merece ser enganado desta maneira. O bando liderado (inclui-se aí os malfeitores que lhe dão sustentação na Câmara e no Senado) não faz outra coisa na vida, nestes últimos 15 meses, a não ser proteger a própria pele.

A máquina pública funciona em detrimento dos interesses dos golpistas e de seus aliados. A desfaçatez do arquivamento do processo no Conselho de Ética do Senado Federal contra o presidente licenciado do PSDB, Aécio Neves (PSDB-MG) é uma entre centenas de tramoias praticadas por Temer e seus aliados.

O despudor é tamanho que até Fernando Henrique Cardoso, o decano dos tucanos, passou a falar na renúncia do seu “amigo” Temer e nas Diretas Já. FHC insiste em seus artigos laudatórios por gesto de grandeza do aliado. Tolinho!

Neste jogo, que os brasileiros assistem atônitos, não existe magnificência. Todos (inclusive FHC e Temer) brigam por seus interesses pessoais. A Nação que se lixe!

É curiosa também à passividade com a qual a sociedade civil organizada tem encarado esta crise, tida como uma das mais graves da história. O desemprego está evoluindo de 14,1 milhões de vagas eliminadas para 15 milhões, até o final deste ano. Os movimentos sociais e as centrais sindicais parecem observar tal quadro dantesco com a esperança de que a providência divina possa revertê-lo, de uma agora para outra.

Nem pela esquerda e muito menos pela direita existe um programa estruturado de retomada do desenvolvimento. A maioria acredita que as tais reformas de Temer trarão a segurança institucional necessária para que os empresários voltem a investir. Isso não aconteceu e, dificilmente, acontecerá com um presidente abúlico no Palácio do Planalto. O País está à deriva.

Ao permitir que a camarilha de Temer continue dando as cartas, depois de tudo que foi denunciado, mostra que somos tão insensatos quanto eles.

(*) Arnaldo César Ricci é jornalista e colaborador permanente do Blog.

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