Na sua colaboração ao debate, o professor Roxo comenta as contradições na postura dos políticos da oposição e lança a pergunta: “quais interesses estão por trás de toda essa trama?“.
A resposta parece óbvia, como o próprio destaca, o desespero de quem perdeu no voto.
Cai a máscara!
Antônio Carlos Roxo
Nem bem fechadas as urnas, já se movimentava na calada da noite toda uma conjura para desestabilizar o Governo Dilma. Pedido de auditoria das urnas foi o primeiro movimento, isso, aqui em São Paulo, além de desclassificar os votos do Nordeste. Refletia, em síntese, a máxima lacerdista de antanho: JK não pode ser candidato, se for não pode ser eleito, se for eleito não pode tomar posse e se tomar posse não pode governar.
As forças conservadoras sentiam-se frustradas, pois quase haviam chegado lá pelo voto. A angústia é que se arriscam a ficar não mais quatro anos fora do governo, mas os quatro de Dilma, mais, com a possível candidatura de Lula (muito mais traquejado para os embates políticos que Dilma), quatro e mais quatro. Essa possibilidade os deixaram a “beira de um ataque de nervos”. Vinte e quatro anos contínuos com estes esquerdistas? Não há espírito democrático que aguente. Se não foi por bem, vai por mal, mesmo. E tome conspiração, facilitada por um Congresso que representa forças muito mais conservadoras que o executivo.
O impeachment surgiu dentro deste contexto. Cenário que se construiu em 15 de março com o apoio maciço e sem pudor da grande imprensa. A consigna inicial de combate à corrupção, ao se centrar apenas no governo central, portanto seletiva, logo foi sendo desmascarada, apesar do despudor das lideranças deste movimento “branco” ao procurarem o presidente da Câmara dos deputados, Eduardo Cunha, sintomaticamente com acusações graves de corrupção no currículo, inclusive no Lava Jato. Presidente que saca do “embornal“ propostas as mais conservadoras contra aquelas que a duras penas foram sendo construídas, ano após ano, e que correm o risco de expurgo célere.
Por sua vez, no lado dos trabalhadores, fazendo sua parte, o partido Solidariedade foi para a televisão pedir o impedimento de Dilma, entre outras vendetas pela garantia dos direitos trabalhistas em risco pela proposta de ajuste governamental. Eis que Cunha, tira da algibeira a proposta de regulamentação da Terceirização, tão cara a seus patrocinadores empresariais, que em síntese quebra a espinha dorsal da CLT, conquista fundamental da classe trabalhadora, fragilizando as relações trabalhistas, ao permitir a terceirização das atividades fins, o que ajudará, e muito, a redução inexorável do custo do trabalho, isto é, do salário. Pois bem, Paulinho da Força, o líder maior do Solidariedade, não só vota favorável ao projeto como leva Eduardo Cunha para o 1º de maio da Força Sindical, como a grande personalidade política do encontro dos trabalhadores.
A contradição é tão flagrante que merece um minuto de silêncio de pêsames e, a pergunta: quais interesses estão por trás de toda essa trama? Contra a corrupção é que não é! Dos trabalhadores muito menos ainda!!!
Antônio Carlos Roxo, economista pela UFJF, mestre pela UFMG, doutor pela USP, analista do SEADE, professor e coordenador do curso de Comércio Exterior e Negócios Internacionais do Unifieo, membro fundador do Grupo de Estudos de Comércio Exterior e Relações Internacionais do Unifieo – GECEU e do CICERO – Comitê de Incentivo ao Comércio Exterior da Região Oeste.
1 Comentário
É pelo status do poder..
Vai a um restaurante e ouve.
– Vai comer o que candidato!!