REEDITEI ESTA POSTAGEM NA TERÇA-FEIRA (08/11) PARA INCLUIR O HINO DA OCUPAÇÃO QUE , NA VERDADE, CHAMA-SE :
“A ocupação de escolas, e já também de faculdades, não vai cessar, caso o governo não admita que cometeu um ato de autoritarismo, com a imposição de uma alegada “reforma do ensino” sem a discutir sequer com uma das várias partes diretamente envolvidas no assunto“. (Janio de Freitas, em Ocupação de escolas não vai acabar se governo não admitir autoritarismo, Folha de S. Paulo, domingo 06/11).
O vaticínio de Janio de Freitas em sua coluna, publicada domingo (05/11) na Folha de S. Paulo, deveria servir a alguns membros do Ministério Público, em especial o MPF do Rio de Janeiro, que tentam resolver a questão das ocupações das escolas por jovens estudantes com a força policial.
Caso específico dos procuradores da República Fábio Aragão e Marcelo Muller que recorreram ao Judiciário Federal fluminense na tentativa de desocuparem os prédios do centenário Colégio Pedro II, na cidade do Rio de Janeiro
Como já destacou o JornalGGN em A lição de cidadania do reitor do Pedro II ao Ministério Público Federal, no qual mostra a nota oficial do reitor do Colégio, Oscar Halac – “que vai se tornar um símbolo da resistência cidadã contra os esbirros de procuradores autoritários” – na qual ele deixa claro duas coisas básicas com as quais os procuradores não se preocuparam (veja integra da nota abaixo):
“A garantia de segurança dos estudantes do Colégio Pedro II que, mesmo na condição de ocupantes, são alunos do mais que sesquicentenário educandário”.
E ainda, entre os estudantes e os adultos raivosos, o reitor tomou posição clara.
“Eu fico com a pureza da resposta das crianças. É a vida, é bonita” (“O que é, o que é” – Luiz Gonzaga Junior).
Mas, como se não bastasse a lição dada pelo reitor aos dois procuradores da República, trago ao conhecimento dos leitores, e deles, um posicionamento claro e direto sobre a questão, totalmente diverso do que pensam Aragão e Muller. Foi redigido simplesmente por colegas seus que participam do movimento Transforma Ministério Publico. Trata-se de um grupo com 170 membros, do MPF, MPT e MPs dos estados de SP, MG, CE, PR, PE, BA, RJ e DF. A nota deste grupo de promotores e procuradores de todo o Brasil, foi emitida no final de semana.
Nela, cuja leitura se recomenda, os membros deste coletivo dos MPs estaduais e federal, deixam claro logo no primeiro parágrafo que os jovens estudantes exercem seu direito de cidadania ao defenderam um posição, qual seja, que sejam ouvidos na reforma daquilo que lhes toca diretamente.
“A ocupação dos espaços educacionais que vêm ocorrendo no país são formas de os estudantes se posicionarem frente às políticas públicas e alterações legislativas em debate, e que podem comprometer a qualidade da educação. Seus atos políticos devem ser entendidos, portanto, como exercício dos direitos fundamentais de liberdade de pensamento, de reunião e de manifestação assegurados pela Constituição da República de 1988, no artigo 5º, incisos IV, IX e XVI”.
Tal como Janio de Freitas colocou na sua coluna de domingo, o Transforma MP deixa claro também a questão do autoritarismo do governo, na medida em que não promove o amplo debate necessário, democraticamente.
“A tramitação da Reforma do Ensino Médio por meio da Medida Provisória nº 746/2016 e da Proposta de Emenda à Constituição 55 (antiga PEC 241), que estabelece, para os próximos 20 anos, teto de gastos públicos, inclusive para o setor da Educação, além de outras iniciativas legislativas com impacto na política educacional (planos de educação, leis sobre questões de gênero e Escola sem Partido, por exemplo), sem que haja um amplo debate com a sociedade, são motivos relevantes para que os jovens utilizem recursos de mobilização para serem ouvidos pelo Poder Público. Trata-se de garantir a eficácia da Lei Federal nº 12.852/2012 (Estatuto da Juventude), que estabelece aos jovens o direito público subjetivo de “participação social e política na formulação, execução e avaliação das políticas públicas de juventude”. (abaixo a integra da nota)
Nota do Movimento Transforma MP sobre as ocupações das escolas
Pode-se e deve-se recorrer ainda a outro discurso do final de semana, desta feita, pronunciado no Vaticano, pelo Papa Francisco aos representantes dos Movimentos Sociais de 69 países, como divulgamos em Papa Francisco: “Austeridade não é sinônimo de ajuste”. Ali, com todas as palavras, de maneira clara, o Papa exorta os cidadãos, cristãos ou não, a ocuparem seus papel na história a favor da refundação da Democracia, tal e qual o Brasil anda necessitado.
“Vocês, organizações dos excluídos e tantas organizações de outros setores da sociedade, são chamados a revitalizar, a refundar as democracias que estão passando por uma verdadeira crise. Não caiam na tentação da limitação que voz reduz a atores secundários, ou pior, a meros administradores da miséria existente”.
Avançando, o pontífice alerta a todos, o que vale também para os jovens que ocupam centenas de escolas Brasil à fora, na expectativa de serem ouvidos por este governo que só está no poder por conta de um golpe parlamentar/midiático:
“Neste tempo de paralisias, desorientação e propostas destrutivas, a participação como protagonistas dos povos que buscam o bem comum pode vencer, com a ajuda de Deus, os falsos profetas que exploram o medo e o desespero, que vendem fórmulas mágicas de ódio e crueldade ou de um bem-estar egoístico e uma segurança ilusória”.
Sem conseguir acessar a inicial apresentada pelos dois procuradores do Rio em um plantão judiciário, recorro ao que escreveu a Agência Brasil em Reitor do Colégio Pedro II diz a juiz que busca solução pacífica para ocupação
“No documento, os procuradores Fábio Moraes de Aragão e Marcelo Paranhos de Oliveira Muller falam em “invasão de bens públicos”, “valendo-se de meios violentos e/ou grave ameaça” e omissão do Colégio Pedro II e da União em requerer a “utilização de força policial, independentemente de ordem judicial, para a retomada dos bens públicos invadidos”.
As ocupações são caracterizadas pelos procuradores como ilegais, declarando que se trata de “esbulho possessório”. O texto fala que menores não podem pernoitar sem autorização dos responsáveis e que duas mães de alunos do colégio relataram que há risco aos adolescentes pois ocorre uso de entorpecentes e estupro nas ocupações. O texto cita também o caso do homicídio ocorrido em uma ocupação no Paraná.
A petição pede a presença de oficiais de Justiça com auxílio de força policial “ao alvorecer” e a autorização para “uso moderado e progressivo da força para a retirada dos ocupantes”, inclusive com a prisão dos maiores de 18 anos que se recusarem a fazer a “desocupação voluntária” e a apreensão dos menores“.
Alás, Aragão foi o mesmo que em outubro recorreu à reitoria mandando retirar as faixas “Fora Temer” que os alunos do Pedro II fixaram na fachada da escola. Outra medida pra lá de discutível
Chamar de “esbulho possessório” o fato de os alunos de uma escola ocuparem suas salas de aula, nos parece forçar uma barra com uma tese bastante discutível. Falar em uso de drogas e práticas sexuais é realmente desconhecer a realidade destes jovens. Quisessem eles adotar tais praticas, o fariam independentemente de estarem ou não ocupando as escolas.
O que parece ainda mais grave é pedir o auxílio de força policial e prisão dos alunos maiores de 18 anos e apreensão dos menores. Certamente, nenhum destes dois procuradores participou de movimentos estudantis na sua época de bancos escolares. O que é uma pena, pois teriam aprendido a repeitar movimentos democráticos.
A sorte é que tanto o juiz de plantão – Carlos Alexandre Benjamim -, que negou o exame do pedido de tutela antecipada por entender que o caso não se enquadra na urgência requerida para julgamento em dias de plantão judiciário, como o juiz titular da 17ª Vara Federal, Eugênio Rosa de Queiroz. para a qual o processo foi distribuído, foram mais comedidos. A ponto de o titular da 17ª Vara merecer elogios do reitor em sua nota oficial, como se verifica abaixo.
Falta agora os procuradores entenderem, quer pela posição do juiz, quer pela brilhante nota do reitor, ou mesmo pelo que dizem seus colegas de Ministério Publico na nota do Movimento Transforma MP, que não é com força policial que se lida com movimentos democráticos. Mas, quem sabe, com diálogo. Aliás, não apenas os dois procuradores, mas o governo golpista também. Todos precisam passar por uma transformação.
Nota Oficial do Reitor do Colégio Pedro II
7 Comentários
Faça o favor! Num JANTAR DE INTELIGENTINHOS faça o seguinte:
Chegue num jantar de inteligentinhos e, por exemplo, defenda o impeachment. Haha. Você vai VER o que vai acontecer com você, né? Vão olhar TORTO pra você achando que, de repente, você é dono de um banco, alguém assim! E não alguém que trabalha duro para sobreviver e, por isso, SEMPRE desconfia de quem não o faz… Né?
Carta Aberta
Aos Reitores e aos Conselhos Universitários, brasileiros e democráticos.
EXORTAÇÃO À DEFESA DO ESTADO DE DIREITO
Diante do avanço da “ditadura da toga” consubstanciada em medidas repressivas utilizadas contra legítimas manifestações em defesa de direitos sociais, sustentadas pela ação de membros do Ministério Público e do Poder Judiciário, com autoritário atropelo do Direito e da Justiça, urge toda forma de admoestação por parte da sociedade.
Nessa hora, cabe cobrar o fiel cumprimento do Juramento ao Direito, mediante ao qual foi outorgado o grau acadêmico.
“Juro, no exercício das funções de meu grau, acreditar no Direito como a melhor forma para a convivência humana, fazendo da justiça o meio de combater a violência e de socorrer os que dela precisarem, servindo a todo ser humano, sem distinção de classe social ou poder aquisitivo, buscando a paz como resultado final. E, acima de tudo, juro defender a liberdade, pois sem ela não há Direito que sobreviva, justiça que se fortaleça e nem paz que se concretize.
Juro respeitar sempre os princípios éticos e morais, baseando minhas ações no Direito, valendo-me deles para assegurar aos Homens os seus direitos fundamentais e inatacáveis.”
Aos que faltam a esse juramento, imponha-se a anulação da outorga de grau, através de competente processo administrativo, a fim de que não mais traiam a Cidadania além de traírem a Academia que os nutriu de Saber. Seja, tal remédio, mais um processo de quassação do que de cassação.
Porque o Saber é uma produção coletiva da Humanidade para uso em seu próprio benefício.
Roberto Marques Ferreira
Precisamos parar de falar em “ameaça ao Estado Democrático de Direito” ou “vivemos um regime de exceção”. O que os golpistas e seus principais protagonistas estão fazendo é uma transição gradual para uma ditadura fascista, como Hitler fez, conforme explica didaticamente Rui da Costa Pimenta, do PCO:
https://youtu.be/8eWs7h0f4fY
Anulação da Redação do ENEM:
Que tal MUDAR o tema da Redação do Enem para CORAÇÃO VALENTE?
Aquele produto de consumo. Como a venda de um SABONETE QUALQUER. Vendida pelo PT e comprada por excesso. João Santana poderia ser o parágrafo de desenvolvimento da REDAÇÃO DO ENEM. Coração Valente, a PresidentA InocentA!
Seria interessante dizer desse consumismo, CONSUMIR CORAÇÃO VALENTE! No parágrafo seguinte da redação do Enem 2016.
E dar uma solução final!
Qual solução?
A solução do:
VOLTA Dilma! Volta Coração Valente! Nossa MÃE ILIBADA! Junto com nosso Amado Chefe. Santos e inocentes!
Redação nota 1000!
[professor pós Doutor de Redação — pós-Doutor Paris VIII].
Tanto estudo [professor pós Doutor de Redação — pós-Doutor Paris VIII] desperdiçado num comentário imbecil.
Prezados,
Como exposto na reportagem, “Certamente, nenhum destes dois procuradores participou de movimentos estudantis na sua época de bancos escolares. O que é uma pena, pois teriam aprendido a repeitar movimentos democráticos “. Embora existam os “ex”, aqueles que no início da carreira defendiam um conjunto de idéias e uma ideologia e que depois – por oportunismo, canalhice ou deficiência de caráter – passaram a defender o exato oposto, a maior parte dos reacionários e anti-democratas NUNCA participou de movimentos democráticos. A casta dos procuradores é composta, em larga medida, pelos almofadinhas, herdeiros e representantes das classes dominantes e das oligarquias plutocráticas; o mesmo se verifica em relação aos juízes. O torquemada paranaense, o midiático juiz federal sérgio moro, NUNCA teve de andar a pé ou usar ônibus ou transporte público para ir às escolas e faculdades que freqüentou; quem diz isso? ele mesmo, que apenas depois da graduação em Direito experimentou andar de ônibus e ter contato com a população pobre, para desenvolver um estudo.
Quem tem lido ou ouvido as asnices proferidas por Deltan Dallagnol e asseclas ou as sentenças e despachos de alguns juízes como aquele do DF, que determinou o uso de tortura contra estudantes que ocupavam uma escola, que tem acompanhado a pusilanimidade dos ministros do STF (como Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki e Edson Fachin) e o nazifascismo de sérgio moro e dos desembargadores do TRF4 deve estar preocupadíssimo, pois já constatou que o Estado Fascista de Exceção e não o Estado de Direito Democrático é o que vigora no País, sobretudo depois do golpe de Estado. As polícias (sejam as militares, as civis ou a PF) agem de forma truculenta, ilegal e criminosa, como temos visto contra os partidos de Esquerda e contra os movimentos sociais, de que os exemplos recentes são o PT, o PC do B, o MST, o movimento estudantil e dos professores.
[…] Fonte: A lição democrática aos procuradores da República do Rio | Marcelo Auler […]