Em dezembro passado, pesquisa Ibope/CNI mostrou que 98% das 2002 pessoas ouvidas consideravam extremamente grave (65%) e muito grave (31%) a corrupção no país. Dos demais pesquisados, 2% classificaram de mais ou menos grave e 1% não soube ou não respondeu. Não houve quem afirmasse não ser grave. Por apenas 1% de diferença, o problema da corrupção perdia somente para a violência – 57% a entendiam extremamente grave e 40%, muito grave.
Não é de se estranhar o resultado.Diante do intenso noticiário com revelações seletivas que surgem de operações policiais, entre as quais a Lava Jato e Zelotes – mas não apenas elas – e da pancadaria em cima do governo Dilma focada apenas nos erros e suspeitas em torno da coligação que apoiou o presidente Lula e apoia a presidente Dilma, eram mais do que previsíveis tais números. Por tudo isso, não será de se estranhar caso a manifestação marcada para este domingo (13/03) mostre alguma força. Mas, certamente, haverá também muita incoerências.
Os manifestantes, por exemplo, esbarrarão na figura do deputado Jair Bolsonaro (atualmente no PSC) esgoelando-se contra a corrupção e a favor do impeachment da presidente Dilma. Alguém poderia questionar-lhe como pode ser contra a corrupção, mas na Câmara fotografar-se ao lado do agente de Polícia Federal Newton Hidenori Ishii, o “japonês da federal”, condenado em duas instâncias judiciárias por corrupção?
Jair Bolsonaro (PP-RJ), político de direita, costuma ser coerente com sua pregação radical, goste-se ou não de seu discurso. Mas, com que moral poderá participar de manifestações contra a corrupção após festejar no plenário da Câmara a presença de um agente que foi condenado como corrupto. Há diferença entre corruptos? Existe alguma espécie de grau de corrupção? Algumas podem ser aceitáveis?
O problema é que essa manifestação, com o viés político imposto pela mídia, volta-se exclusivamente contra o governo Dilma e seus aliados, como se fossem os únicos responsáveis por um mal com o qual a sociedade brasileira convive há décadas e, muitas vezes, de forma hipócrita. Em Curitiba (PR), os manifestantes se lembrarão de protestar contra o governador Beto Richa (PSDB) alvo de uma investigação autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por ter sido acusado de receber R$ 2 milhões provenientes de corrupção para o Caixa 2 de sua campanha? Sem falar nos casos já amplamente citados de São Paulo. Lá, na Avenida Paulista, alguém lembrará de cobrar do governador Geraldo Alckmin informações sobre o esquema de corrupção na compra de trens da Siemens e da Alstom? E dos demais políticos citados em delações premiadas da própria Lava Jato conta os quais não abriram investigações. Aécio Neves, por exemplo? Ou seja são muitos os casos onde faltará coerência e sobrará hipocrisia.
A discussão deve ser muito mais delicada. Até que ponto os números das pesquisas refletem realmente um estado de espírito da opinião publica – de ser necessário combater todo e qualquer tipo de corrupção, crimes e mal feitos – ou se trata apenas de um resultado da influência sobre este público do intenso noticiário em torno das falcatruas cometidas por políticos Qual é, efetivamente, o entendimento do que seja corrupção e do que se deve cobrar para moralizar o país?
A força do noticiário em influenciar as opiniões dos leitores fica clara quando em outra pesquisa questionou-se sobre a cassação de um político acusado de má gestão, mesmo sem qualquer envolvimento em esquemas de corrupção, desvio de verbas e enriquecimento ilícito? (grifei)
Um mesmo número de entrevistados – 48% – condenou e absolveu tais políticos. Três porcento não responderam ou não sabiam. No entanto, neste mesmo grupo de 2002 pessoas, 67,4% ( 1349) eram favoráveis ao impeachment da presidente Dilma apesar de, no momento da pesquisa, ela se encontrar nessa situação – sem qualquer envolvimento em esquemas de corrupção, desvio de verbas e enriquecimento ilícito (grifei) .Apenas 28,4% (568 pessoas) eram contra seu afastamento. A explicação para esta contradição estaria justamente na pressão que a chamada mídia faz sobre a opinião publica. Falam tanto em corrupção no governo, de forma genérica, que geram a confusão em seus leitores/ouvintes/telespectadores sobre quem é ou não acusado de alguma coisa.
Infantilidade – Ou seja, em um caso genérico – com um político qualquer, não especificado – praticamente a metade das pessoas ouvidas é contra a sua perda do cargo uma vez não comprovado qualquer envolvimento com “esquemas de corrupção”. Mas, se tratando da presidente Dilma, 67% defendem sua saída certamente por entenderem, erroneamente, que já existe comprovação desse seu envolvimento. Citações de benefício à sua campanha política surgiram agora, extra-oficialmente, por vazamentos de delações que sequer foram recebidas pelo Supremo Tribunal Federal. Logo, a questão do impeachment de Dilma torna-se algo mais ideológico do que luta contra a corrupção.
O mesmo fato ocorre com o agente Ishii, o “japonês da Federal”. Badalado pela mídia, transformou-se em figura nacional, com direito a passe livre no plenário da Câmara e a bajulação por deputados. Alguns, de forma incoerente, como Bolsonaro, mas não apenas ele. Ninguém cobra, seja em praça pública ou dentro dos gabinetes,que ele tenha seu julgamento encerrado e pague por aquilo que for condenado. Simplesmente esquecem o caso até a prescrição chegar, como ocorreu um dos crimes em que ele e outros policiais federais foram acusado – formação de quadrilha ou bando – e chegaram a ser condenados em primeira instância. Na hora em que o processo chegou ao TRF-4 para ser analisado, este crime estava prescrito. O mesmo pode ocorrer com os demais crimes, pois o recurso impetrado no STJ dormita no gabinete do ministro Félix Fischer, desde abril de 2015, à espera do julgamento. Com isso, conforme já mostramos no blog mais de dez anos depois, ningu´´em pagou pelos crimes a que foram condenados: Newton Ishii, o “japonês da federal”, 13 anos de impunidade
Silêncio sobre os aliados – No entanto isso não só não é cobrado publicamente comm o personagem, por ter aparecido escoltando presos da Lava Jato, ganhou notoriedade e até paparicação. Há exceções à regra da bajulação, como o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) para quem esse tipo de comportamento é uma “bobagem, um procedimento infantil”:
“Essa tentativa, esse afã de criar mitos e ídolos já é ruim em si. Precisamos valorizar as instituições, os processos coletivos. Demanda também cuidado com quem está sendo endeusado. Parece que não houve esse cuidado. O cara tem uma história na Polícia Federal com complicações, que precisa ser melhor conhecida. Mas, como guardião de presos vira figurão, vira mito. É uma bobagem, um procedimento até infantil”.
As complicações a que o deputado refere é justamente a condenação de Ishii , em 2009, na 1ª Vara Federal Criminal de Foz do Iguaçu (PR), pelos crimes de corrupção, facilitação de contrabando (quando a mercadoria é proibida de ser importada) e/ou descaminho (mercadorias importadas sem pagar impostos), e formação de quadrilha ou bando.
Curioso é verificar que aqueles que por dever de ofício deveriam conhecer de perto a história deste agente – policiais federais, Ministério Público Federal de Curitiba e o próprio juiz Sérgio Moro – foram justamente os que deram espaço ao mesmo para se tornar, como bem definiu Élio Gaspari em sua coluna do domingo 21/02 ,O ‘Japonês da Federal’ e a Escola Base -, na “maior estrela da Operação Lava Jato”, depois do juiz Sérgio Moro.
O interessante, e escandaloso, é que enquanto poupam réus condenados em duas instâncias, como Ishii, através de vazamentos, queimam personagens contra as quais até o momento não surgiram sequer indícios palpáveis, Dilma, por exemplo.
Contradições não cobradas – No entanto, o endeusamento de Ishii não é a unica contradição que se encontra em toda esta história. Até porque, com relação à sua excessiva exposição, muitos delegados protestaram como noticiamos em Delegados da PF sobre o japonês: “vexatório, tragédia, patético”. Alguns endereçaram mensagem ao diretor geral do DPF, Leandro Daiello Coimbra, protestando.
Não se trata apenas de fechar os olhos e os ouvidos a um crime ocorrido há 13 anos. Na verdade, a hipocrisia evidencia-se ao se constatar que aqueles que se dispõem a combater a corrupção nas relações políticas do país, em nome deste objetivo, deixam de lado crimes, delitos ou simples erros que seus colegas de trabalho (no caso dos policiais federais) ou aliados (no caso dos procuradores e do juiz) cometem ou cometeram.
Basta verificar as páginas do Facebook dos delegados federais nas quais criticam os “corruptos do governo/petistas” e se calam diante dos erros de seus colegas, quando não os defendem.
Apesar do cargo que ocupam, acabam fechando os olhos a ilegalidades como a colocação de escuta clandestina, a corrupção ocorrida na custódia para ingresso de celular, as mentiras prestadas em depoimentos na Justiça e/ou em interrogatórios, a tentativa de criar provas contra réus, as ameaças aos presos para que fizessem delações premiadas, o pagamento de diárias sem justificativas, a malversação do dinheiro público em gastos injustificáveis.
Ao abordarmos estes itens na série de reportagens que o blog apresenta desde agosto as criticas que surgiram se voltaram à divulgação dos mesmos, e não aos fatos narrados. Citando apenas um exemplo: como clamarem por mais verbas orçamentárias e se calarem diante dos gastos em mordomias na reforma do prédio do GISE como noticiado em Polícia Federal, sem verba para a luz, mas com mordomias? Na medida em que ninguém no DPF explica publicamente a origem dos recursos, surgem as suspeitas do desvio de verba que se destinava ao pagamento de operações e/ou informantes: a chamada Verba Sigilosa (VS). Isso é legal?
Todo esse silêncio reflete apenas o velho e tradicional “spiritus corpus” em que a lealdade aos companheiros passa por cima de tudo. Até mesmo de seus deveres funcionais. Mal percebem que ao se omitirem diante destes fatos, acabam comprometendo toda a categoria com os mesmos.
Nas irregularidades/ilegalidades surgidas a partir da Operação Lava Jato – que se propõem a combater a corrupção no país -, o agravante é que nem mesmo quem tem a função de fiscal da lei parece estar agindo. No caso mais famoso de possível desrespeito à lei – o grampo ilegal colocado na cela do doleiro Alberto Youssef – o próprio juiz Moro recomendou aos procuradores – aos quais, lembre-se, cabe a função de fiscais da lei – o acompanhamento da sindicância. Como noticiamos na postagem “Grampo da Lava Jato: aproxima-se a hora da verdade“, nas 139 folhas da Sindicância a que o Blog teve acesso, a única citação ao Ministério Público Federal foi a do juiz. Vale perguntar: o que a corregedoria do MPF fez em torno desta situação? E o Procurador-geral, Rodrigo Janot, como encara essa omissão funcional?
MPF-PR lava as mãos -Após divulgarmos os gastos com reformas e mordomias no prédio do GISE, procuramos saber junto ao Ministério Público Federal do Paraná se o controle externo das atividades policiais estaria tomando alguma providência com relação ao que foi noticiado. Vale recordar que na reportagem mostramos que não houve uso de verba orçamentária. Sobraram, portanto, as hipóteses de verba doada pela Justiça Federal ou, o que seria mais grave, uso indevido de verba sigilosa na reforma do prédio do GISE.
Posteriormente, na terça-feira (16/02), em nova reportagem no blog – “Folha mostra penúria na PF-PR e esquece mordomias” – noticiamos a chamada farra das diárias dentro da Superintendência do DPF no Paraná – mas, não apenas nela – com servidores recebendo diárias por mais de 120 dias corridos, o que fere as Instruções Normativas internas do DPF e, possivelmente, durante finais de semana em que regressam às suas cidades de origem para rever familiares. Isto também não é uma forma de corrupção? Não é crime? Não deveria ser motivo de cobranças em manifestações públicas que se propõem a combater os desmandos e as roubalheiras?,
Curiosamente, porém, o Ministério Público Federal do Paraná, ao responder nossa demanda sobre a reforma do GISE, confessou que nada fez e nem deu sinal de que algo fará.
Mais ainda, lavou as mãos e mandou que procurássemos o Departamento de Polícia Federal por se tratar de uma questão do orçamento do DPF (veja e-mail ao lado). Esquecem que se houve o uso de verba secreta, tornou-se um crime o qual, por dever de ofício, cabe ao MPF apurar, mas não houve interesse como se alei lhes permitisse escolhe que denúncias de crimes devem ou não ser apuradas. Por quê? Só investigam crimes de um lado? Os possíveis crimes de aliados podem ser jogados para debaixo do tapete?
Questões como estas, porém, não serão lembradas nas manifestações deste domingo (13/03). Hipocritamente, muitos destes personagens, poderão se encontrados no meio da multidão. Alguns até estarão incentivando-as. A eles, cabe aqui repetir o recado postado no comentário postado por um leitor do blog – M.M.M ([email protected]) – no sábado, dia 12/03:
“Então pra quem vai às ruas no dia 13 lembre-se quem estará ao seu lado e que tipo de pautas estão realmente sendo reivindicadas.
Você pode achar que o maior problema do Brasil é a corrupção, mas não é. O maior problema do Brasil é o individualismo, a mesquinhez da classe média e a consequente desigualdade social. A corrupção é apenas sintoma de uma causa muito mais podre do Brasileiro.
O caráter”.
14 Comentários
[…] estivesse condenado por corrupção. Esta contradição foi apontada aqui no blog na reportagem A contradição de combater a corrupção e poupar criminosos. Nela, mostramos o endeusamento ao japonês, inclusive dentro do Congresso Nacional quando […]
Responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, o juiz federal Sérgio Moro afirmou ao Blog da jornalista Global Cristina Lobo que ficou “tocado” com o apoio da população à operação que investiga o esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Neste domingo (13), milhares de pessoas que saíram às ruas do país para protestar contra o governo Dilma Rousseff defenderam com faixas, cartazes, camisetas e máscaras o trabalho de Moro e dos demais investigadores da Lava Jato.
Em nota enviada ao Blog, o magistrado ressaltou que, apesar das referências ao seu nome, ele credita o apoio de parte da população ao “êxito até o momento” do trabalho da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e de todas as instâncias do Judiciário.
Segundo Moro, é importante que as autoridades e os partidos “ouçam a voz das ruas”. Além disso, ressaltou o magistrado, os governantes devem se comprometer com o combate à corrupção.
Leia a íntegra da análise das manifestações deste domingo feita ao Blog pelo juiz federal Sérgio Moro:
Neste dia 13, o Povo brasileiro foi às ruas. Entre os diversos motivos, para protestar contra a corrupção que se entranhou em parte de nossas instituições e do mercado. Fiquei tocado pelo apoio às investigações da assim denominada Operação Lavajato.
Apesar das referências ao meu nome, tributo a bondade do Povo brasileiro ao êxito até o momento de um trabalho institucional robusto que envolve a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e todas as instâncias do Poder Judiciário. Importante que as autoridades eleitas e os partidos ouçam a voz das ruas e igualmente se comprometam com o combate à corrupção, reforçando nossas instituições e cortando, sem exceção, na própria carne, pois atualmente trata-se de iniciativa quase que exclusiva das instâncias de controle.
Não há futuro com a corrupção sistêmica que destrói nossa democracia, nosso bem estar econômico e nossa dignidade como País.
13/03/2016, Sérgio Fernando Moro
POR UM MOMENTO EQUIVOCADO PENSEI :JUIZ FAZENDO NOTA PARA A GLOBO SOBRE MANIFESTACAO? JUIZ NÃO É FUNCIONÁRIO PÚBLICO?
O momento passou. RÁPIDO.
Protestos antipetistas foram inflados por crime de agentes públicos :
Escrevo na décima hora da manhã de domingo, 13 de março de 2016, data em que grupos inconformados com o resultado das eleições presidenciais de 2014 voltam às ruas pedindo desde a volta da ditadura militar até a deposição legal, porém ainda golpista, da presidente Dilma.
Esses atos antidemocráticos ocorrerão por todo país, ainda que todos os olhos estejam voltados para São Paulo; o tamanho da manifestação por aqui definirá o sucesso ou o fracasso do movimento de forma geral.
Nesse aspecto, ao menos em São Paulo o esperado era um grande movimento, pois, aqui, o poder público foi usado desavergonhadamente para inflar as manifestações.
Executivo, Judiciário e Ministério Público paulistas aliaram-se à Justiça Federal, ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal de Curitiba, para levarem fanáticos de ultradireita, playboys e moçoilas para um Carnaval fora de época e outros alienados pela imprensa marrom às ruas neste 13 de março, mesmo dia e mês do histórico comício antigolpista da Central do Brasil, há 52 anos.
O esforço das forças golpistas neste mês de março não remete aos idos de 1964 só por conta do mês do golpe que nos legou duas décadas inteirinhas de regime de exceção; não faltam abusos contra o Estado de Direito a nos remeter ao início do período mais sombrio da história brasileira.
O que emula os idos de 1964 é o uso do poder de Estado para oprimir adversários políticos dos golpistas, assim como foi há meio século. Mais uma vez, quem está no poder não governa e quem está na oposição oprime amparado pelos mesmos grupos de mídia daquela época.
Na verdade, a ousadia dos golpistas contemporâneos é muito maior do que há 52 anos. O Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal substituíram os militares. O golpe não usa mais tanques ou fardas verde-oliva e coturnos; usa toga de juízes de primeira instância, ternos bem cortados dos procuradores e a roupa preta dos policiais federais do Facebook “Aécio esse é o Cara”.
No fim, dá no mesmo. Morre menos gente, mas o efeito sobre a democracia é idêntico.
O que define o golpe é a já reconhecido parcialidade do Judiciário reconhecida, agora, até pela mídia golpista, já que a direita está tão por cima que pode se dar até ao luxo de reconhecer seus excessos.
Nesse aspecto dos excessos, eles foram ocorrendo em escalada no período pré-manifestações.
Excessos ainda mais estarrecedores começaram com a condução coercitiva desnecessária, midiática e abusiva de um ex-presidente da República, para que ele fosse depor. E com o episódio hollywoodiano que chegou às páginas do maior jornal do país pela pena do colunista Janio de Freitas. Tudo isso marcado com data e hora antes para inflar o movimento do dia de hoje.
Basicamente, surgiu a versão de que agentes da polícia da Aeronáutica, legalistas, insurgiram-se contra a tentativa da Lava Jato de sequestrar Lula sem mandado judicial e levá-lo preso a Curitiba.
Vejamos a Coluna de Jânio de Freitas:
FOLHA DE SÃO PAULO
Janio de Freitas
Colunista e membro do Conselho Editorial da Folha, é um dos mais importantes jornalistas brasileiros. Analisa as questões políticas e econômicas. Escreve aos domingos e quintas-feiras.
O plano obscuro
10/03/2016 02h00
Em condições normais, ou em país que já se livrou do autoritarismo, haveria uma investigação para esclarecer o que o juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato intentavam de fato, quando mandaram recolher o ex-presidente Lula e o levaram para o Aeroporto de Congonhas.
E apurar o que de fato se passou aí, entre a Aeronáutica, que zela por aquela área de segurança, e o contingente de policiais superarmados que pretenderam assenhorear-se de parte das instalações.
Mas quem poderia fazer uma investigação isenta? A Polícia Federal investigando a Polícia Federal, a Procuradoria Geral da República investigando procuradores da Lava Jato por ela designados?
É certo que não esteve distante uma reação da Aeronáutica, se os legionários da Lava Jato não contivessem seu ímpeto. Que ordens de Moro levavam?
Um cameramen teve a boa ideia, depois do que viu e de algo que ouviu, de fotografar um jato estacionado, porta aberta, com um carro da PF ao lado, ambos bem próximos da sala de embarque VIP transformada em seção de interrogatório.
É compreensível, portanto, a proliferação das versões de que o Plano Moro era levar Lula preso para Curitiba. O que foi evitado, ou pela Aeronáutica, à falta de um mandado de prisão e contrária ao uso de dependências suas para tal operação; ou foi sustado por uma ordem curitibana de recuo, à vista dos tumultos de protesto logo iniciados em Congonhas mesmo, em São Bernardo, em São Paulo, no Rio, em Salvador.
As versões variam, mas a convicção e os indícios do propósito frustrado não se alteram.
O grau de confiabilidade das informações prestadas a respeito da Operação Bandeirantes, perdão, operação 24 da Lava Jato, pôde ser constatado já no decorrer das ações. Nesse mesmo tempo, uma entrevista coletiva reunia, alegadamente para explicar os fatos, o procurador Carlos Eduardo dos Santos Lima e o delegado Igor de Paula, além de outros. (Operação Bandeirantes, ora veja, de onde me veio esta lembrança extemporânea da ditadura?)
Uma pergunta era inevitável. Quando os policiais chegaram à casa de Lula às 6h, repórteres já os esperavam. Quando chegaram com Lula ao aeroporto, repórteres os antecederam. “Houve vazamento?”
O procurador, sempre prestativo para dizer qualquer coisa, fez uma confirmação enfática: “Vamos investigar esse vazamento agora!”.
Acreditamos, sim. E até colaboramos: só a cúpula da Lava Jato sabia dos dois destinos, logo, como sabe também o procurador, foi dali que saiu a informação –pela qual os jornalistas agradecem. Saiu dali como todas as outras, para exibição posterior do show de humilhações. E por isso, como os outros, mais esse vazamento não será apurado, porque é feito com origem conhecida e finalidade desejada pela Lava Jato.
A informação de que Lula dava um depoimento, naquela mesma hora, foi intercalada por uma contribuição, veloz e não pedida, do delegado Igor Romário de Paula: “Espontâneo!”. Não era verdade e o delegado sabia. Mas não resistiu.
Figura inabalável, este expoente policial da Lava Jato. Difundiu insultos a Lula e a Dilma pelas redes de internet, durante a campanha eleitoral.
Nada aconteceu. Dedicou-se a exaltar Aécio, também pela rede. Nada lhe aconteceu. Foi um dos envolvidos quando Alberto Youssef, já prisioneiro da Lava Jato, descobriu um gravador clandestino em sua cela na
Superintendência da Polícia Federal em Curitiba. Nada aconteceu, embora todos os policiais ali lotados devessem ser afastados de lá. E os envolvidos, afastados da própria PF. Aparentemente também mentiu em Juizo para o próprio Moro. E nada.
Se descobrir por que a inoportuna lembrança do nome Operação Bandeirantes, e for útil, digo mais tarde.
U-au! Daqui a 50 anos essa história estará sendo contada na íntegra, espantando as futuras gerações com o arcaísmo do Brasil destes tempos.
Aliás, vale lembrar que, no âmbito desse ataque à democracia obrado pela Lava Jato, sobrou até para este blogueiro, que segue ameaçado de ser “preso e processado”, nessa ordem…
Mas vamos em frente.
Houve nova mudança de patamar na ofensiva golpista com um pedido de prisão de Lula tão criminoso, tão malfeito, tão medíocre que, como disse o jornal Folha de São Paulo em editorial, conseguiu a proeza de fazer até os inimigos figadais de Lula repudiarem essa iniciativa dos já chamados de “três patetas do ministério público”.
Na última sexta-feira, a horas das manifestações deste domingo, a terceira mudança de patamar na ofensiva golpista: um destacamento inteiro da Polícia Militar baixou em uma reunião do Partido dos Trabalhadores em Diadema (SP) para intimidar militantes, parlamentares e sindicalistas.
A ameaça à democracia foi de tal monta que ninguém mais, ninguém menos do que o ouvidor da Polícia Militar de São Paulo, Júlio Cesar Neves, classificou como um “risco à democracia” essa ação de policiais armados durante plenária petista.
Sim, é isso mesmo que você leu: alguém, na PM, teve coragem e decência para criticar a ordem do governador Geraldo Alckmin para que seus gorilas intimidassem os adversários políticos.
A escalada de desconstrução da democracia, em que pese sua gravidade, cede espaço, neste texto, ao crime que talvez algum dia venha a ser punido: o de agentes públicos do Judiciário, do Ministério Público e das Polícias Militar e Federal usarem suas prerrogativas funcionais com propósitos políticos tão claros.
Os órgãos de controle e as polícias foram transformados em apêndices do PSDB. Não de qualquer outro partido, mas do PSDB. E usados para guerra política. Em qualquer lugar do planeta em que a democracia esteja vigente atos como esses levariam seus altores para trás das grades.
Mas estamos no Brasil…
Não se sabe, no momento em que escrevo, como serão os protestos golpistas de 13 de março de 2016. Serão iguais aos de um ano? Maiores? Menores?
Tanto faz. Serão ilegítimos, pois decorrem de crimes cometidos por agentes públicos para estimular pessoas de pouco cérebro a irem à rua apoiar pleitos como os supracitados, que envolvem até golpe militar formal e tradicional.
Isso sem falar da quantidade de políticos corruptos – muitos, indiciados – que, neste domingo, estará pelas ruas do país aproveitando esse crime dos agentes públicos em questão para debochar da sociedade ao protestarem “contra o corrupção.”
Tá todo mundo cansado já dessa história de lava jato, e dessas passeatas, manifestações, encomendadas pela globo e comandadas por políticos ladrões.
Um governo que não tem inteligência e força pra enquadrar meia dúzia de delegadozinhos, tem que cair mesmo, é o melhor pro país.
O Michel Temer, o Eduardo Cunha, o Aécio Nevado e o Renan Calheiros, esses que também tiveram o nome jogado na lama, e estão na linha de tiro da operaçãozinha fraudulenta dos camisas pretas, esses, de cuja índole não tenho dúvidas, esses eu sei bem o que vão fazer. Uuuuuuuuahahahhahahhaahhahahhahahaha
https://secure.avaaz.org/po/petition/CNJ_Conselho_Nacional_de_Justica_Destituicao_do_cargo_de_Juiz_Federal_do_Dr_Sergio_Moro/?aVtwLjb
Na região onde eu moro, (Vale do Ribeira-SP) é publica e notória a GIGANTESCA lavagem de dinheiro que a família Bolsonaro vem empreendendo na região através de laranjas de uma rede de lojas intitulada “Campos”. Como se sabe, o mesmo tem parentes da cidade Eldorado. O Vale do Ribeira é a região mais pobre de todo o estado de São Paulo, no entanto, eles vem comprando tudo o que aparece em todas as cidades (Registro, Cananéia, Iguape, Jacupiranga, Cajati, Pariquera-Açú, Eldorado, etc.) com dinheiro vivo, não usam o sistema bancário! Podem perguntar para qualquer cidadão da região, a coisa é escrachada, salta aos olhos! A última “façanha” foi a compra a vista em dinheiro vivo de um imóvel histórico na cidade de Cajati, onde até o prefeito da cidade tirou uma “casquinha”, com o “comprador”, quando este foi-lhe mostrar o imóvel, dizendo que o Bolsonaro estava ganhando bem em Brasília…
Alô, alô Policia Federal, estão moscando, e já faz tempo…
Kkkkkkkkkkk….chorem petizada !! Já era…A Dilma se foi…obrigado Cardoso sua omissão foi primordial p todo esse processo…que venha o PMDB agora…Q decida o q tem q decidir..chega de esculachar os empresários do país…pau na PF…mais especificamente nos fraudadores de sindicância…vazadouros, etc….
Realmente essa aí sumiu dos noticiários. . . Estranho.
Se mexerem com a japa e ela voltar para o presidio a coisa fede e ela detona pois não tem nada a perder ….. fora tudo que aconteceu, agora a moda aqui dentro da carceragem é o seguinte: ela foi orientada a fazer a cabeça das presas q ficam com ela provisoriamente na cela para delatarem!!!!, uma presa caiu na lábia da japa (Maria Lúcia Tavares secretária Odebrecht) que se sentiu abandonada pela empresa que trabalhava, mesmo escondido e sem conhecimento dos advogados devidamente constituídos nos autos ela firmou colaboração!!!!!, é feito da seguinte forma, ela faz a cabeça da coitada da presa e indica o advogado dela q leva marmita 2 x por dia p ela la na SR!! dai o causídico mesmo sabendo que a presa já tem advogado constituído acompanha a presa nos depoimentos e assina o termo de colaboração!!! e os advogados oficiais da presa ficam sabendo disso só depois de tudo feito!!!!! NÃO SOU EU QUEM ESTOU FALANDO ISSO……
http://m.folha.uol.com.br/poder/2016/03/1747462-responsavel-por-planilha-da-odebrecht-negocia-delacao.shtml
As histórias que envolvem essa Nelma Kodama, a cantora de CPI, realmente deveriam ser esclarecidas, a uma nebulosa (criminosa) aura em torno desses fatos….
Auler, a respeito dessa matéria e de todas as ilegalidades, vc esqueceu de falar da Nelma Kodama a verdadeira “JAPONESA DA FEDERAL”a qual já se encontrava presa no presido feminino do Paraná cumprindo pena de 18 anos e mesmo condenada retornou a carceragem da pf e permanece lá “estranhamente” HÁ MAIS DE UM ANO em local destinado a presos provisórios!! e o que é pior, exigiu que a sua ex-esposa e companheira no tempos de liberdade, Yara Galdino, presa e condenada também retornasse juntamente com ela para a custodia da SR para que as pombinhas pudessem dividir o mesmo teto e colchão !!! será que ela ta la ainda porque as pessoas que prometeram que iriam ajudar a reduzir a pena dela em troca dela ajudar na armação do fraudulento inquérito 737 não conseguiram nenhum benefício p ela??? será por isso que é justamente com ela que é feito a primeira tentativa de realizar um acordo de colaboração diretamente entre a pf e o judiciário? sem a participação do MPF. Será que as pessoas que prometeram para a japonesa da federal que iriam ajudar a reduzir a sua pena, agora sabedores que ela não vai obter beneficio nenhum tem medo que ela retorne ao presidio e q no momento que voltar p dura realidade de quem realmente esta cumprindo pena e não puder mais ter este tratamento e diferenciado e cheio de mordomias que recebe na SR ela fique nervosinha e veja que foi usada e bote a boca no mundo e fale tudo que aconteceu?? tudo que pediram p ela fazer e quais pessoas teria q acusar?? será por isso que se encontre há mais de um ano preso com sua companheira em um local destinado a presos provisórios, praticamente fazendo o que quer lá dentro??? será?????
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É isso Auler, a conclusão a que se chega, óbvia, é que não existe nenhuma mega operação de apuração de corrupção não, existe é a instrumentalização da justiça para derrubar um governo!
Pra mim, todo esse movimento golpista, todo esse combate cego à corrupção com enormes prejuízos a Nação, todas essas prisões fora da jurisprudência e tudo feito com utilização de recursos públicos, já beira por pouco uma afronta à Soberania Nacional. Toda ação de agentes públicos, tem limites que precisam ser respeitados sob pena de debilitar a eficácia das Leis, enfraquecendo a Cidadania e levando o País ao caos. A quem isso interessa?