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Arnaldo César (*)

Se os prezados leitores imaginam que já viram toda a sorte de falcatruas na política brasileira, preparem seus corações. Do alto de seus “estonteantes” 95% de rejeição a camarilha que se aboletou do Palácio do Planalto tem se dedicado a “construir as bases” para uma possível candidatura de Temer em 2018.

É isso mesmo que os senhores leram: os golpistas sonham em permanecer no poder.

Orientados pelo publicitário Nizan Guanaes (sempre ele!) a chamada “trinca maldita” – formada por Moreira Franco, Eliseu Padilha e Romero Jucá – já dá tratos à bola com vista a perpetuar o chefe deles na presidência da República.  Nas últimas três semanas, mantiveram mais de duas dezenas de conversas com figuras coroadas da base aliada, justamente, para sondar se “essa hipótese era viável”.

Bem ao estilo da camarilha costumam apelar sempre para uma lógica marota. Aos incautos garantem que a economia irá “bombar” no ano que vem e que tal legado não pode ser desperdiçado politicamente.

Também se esmeram em demonstrar que daqui para frente às campanhas eleitorais serão cada vez mais custosas. As empresas, as grandes patrocinadoras dos políticos até então, deram de ficar receosos depois que muitos de seus donos passaram a ter problemas com a Justiça, Mistério Público, Polícia e Receita Federal por conta do Caixa 2.

O tempo ficou bicudo para quem quer se candidatar a qualquer coisa. Só que o governo federal continua a ser poderosa máquina da administração pública nas mãos da camarilha.

Isso pode fazer uma diferença muito grande em época de vacas magérrimas.

Os golpistas também acreditam que a dinheirama – algo com R$ 38 bilhões – gasta na liberação de emendas de parlamentares trarão consequências eleitorais positivas em 2018.  Dividendos que jamais foram esquecidos pelas mentes que dão as cartas em Brasília.

Muitos dos que estão lendo este texto devem estar indagando: como pode um sujeito odiado por 95% de o eleitorado estar tramando nos bastidores para permanecer no comando da Nação? Pensam na continuidade pelas mesmas razões que os levaram a dar o golpe.

Para esses pusilânimes a vontade popular não tem a menor importância. O que faz com que Temer e a maioria dos parlamentares brasileiros se movam numa direção ou noutra é à vontade (ou melhor, a necessidade) de salvarem os próprios pescoços.

A imunidade é mais sagrada que o desejo dos eleitores. O sentimento corporativista de um bando de ladravazes é o que predomina.

Os articuladores desta estapafúrdia candidatura de Temer sabem, de antemão, que as chances de ele vencer são remotas. Objetivam, tão somente, obter um percentual qualquer que mantenha o PMDB como fiel da balança no segundo turno. Assim, ganhe quem ganhar, continuarão abocanhando para os acólitos cargos na administração pública que lhes garantam a tão almejada imunidade.

Não vale à pena exasperar-se com tramoias deste quilate. Os cidadãos com um mínimo de informação sobre a política brasileira já perceberam que uma quadrilha tomou de assalto o poder.

O curioso nisto tudo é a passividade com que se assiste ato de rapinagem tão abjeta sem dar um pio sequer!

Os bucaneiros da política sabem que a opinião pública está abúlica. Uma parte significativa dela, formada pela classe média do Centro Sul que vestiu camisa verde e amarela e foi para a Avenida Paulista pedir o impeachment de Dilma, está envergonhada. Só pensam agora em se mudar para Portugal. Outra fração se satisfaz com o fato de Lula e os petistas irem para a cadeia.

Entre os cidadãos lenientes com este estado de coisas também existem aqueles que assistem o Jornal Nacional e não compreendem essa maçaroca de informações contraditórias. Preferem declarar ódio eterno aos políticos e irem se ocupar de suas próprias vidas.

É por essas e por outras que o ano de 2018 continua sendo uma enorme caixinha de surpresas para este Brasil sequioso de novas perspectivas.

(*) Arnaldo César é jornalista e colaborador do Blog.

(**) Renovo, em público, meu agradecimento ao Ivan Cabral, de Natal (RN) que autorizou o uso da charge que publicou em sua página em 2016 (www.ivancabral.com) devidamente adaptada.

 

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