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Talvez essas informações todas possam dar uma pista do tamanho do investimento. Será? Uma pesquisa rápida no Mercado Livre revela que 100 microlâmpadas de LED custam R$ 25,88. A boa e velha regra de três simples indica que 2,5 milhões valeriam R$ 645 mil. Interessante. Vamos em frente. Mais 40 minutos de Google e ligações telefônicas são suficientes para descobrir quase todos os valores: 105 km de mangueiras luminosas, R$ 660 mil; 1,7 mil estrobos, R$ 165 mil; 168 refletores de LED, R$ 128 mil; 25 km de estruturas tubulares, R$ 750 mil; 6 geradores de 500 kVA, 100 kVA e 30 kVA, R$ 70 mil.

E se as 1.500 pessoas envolvidas ganhassem 1 salário-mínimo para fazer esse trabalho? Pouco? É verdade. Estamos falando de engenheiros, técnicos, produtores. Mas é melhor ser conservador. Aí teríamos mais R$ 1.2 milhão. Até agora estamos em quase R$ 4,5 milhões. Mas ainda falta muita coisa: flutuadores de 12 toneladas, fogos de artifício, licenças, artistas, área VIP. Fora todo o trabalho de concepção criativa da festa que, certamente, não é barato. E nem deveria ser.

Melhor tentar um outro caminho. A prefeitura deve ter um número. Indagada na segunda-feira, no entanto, não respondeu quanto cobra e nem quanto arrecada com a festa. Que tal procurar alguns dos 1.500 envolvidos? De preferência, aqueles que assinam papéis. Talvez eles tenham um valor mais próximo da realidade. Bingo. Obviamente, ninguém quis se identificar e os dados não são um exemplo de precisão. Afinal de contas, temos vários enfeites nessa árvore: o projeto, a cenografia, a estrutura, a festa, os fogos, a divulgação etc. Mesmo assim, foi possível chegar a algo mais condizente com o tamanho do evento.  A festa da Árvore da Lagoa custaria, em média, por ano, alguma coisa entre R$ 9 milhões e R$ 20 milhões. Pronto. E daí?

Quem chegou até aqui deve estar achando que eu não gosto da árvore da Lagoa, que sou daqueles que reclama dos engarrafamentos e da multidão que vai visitá-la. Não é verdade. Todos os anos dou um jeito de ir até lá e sempre me encanto com as luzes e com a beleza dos desenhos. Acho a festa democrática e creio que os carros deveriam ficar em casa para permitir que mais gente fosse, de ônibus, ver o espetáculo.

No entanto, enxergo, pelo menos, dois problemas sérios nesta história. O primeiro é a falta de transparência. Um evento organizado por uma empresa privada, num dos mais belos cartões postais da cidade, deveria ter os seus números abertos. Até para a população poder discutir se é isso mesmo que ela quer. Para mim, por exemplo, a árvore é uma bela cereja colocada sobre um bolo lindíssimo criado pela natureza. Acontece que esse bolo vem sendo estragado, há décadas, pela poluição, cheira mal e ninguém faz nada para evitar essa mazela. Este é o segundo problema.

(…) Há seis anos repousa nas gavetas da prefeitura um projeto que permitiria acabar de uma vez por todas, por exemplo, com a mortandade de peixes. Conhecido como “dutos afogados”, ele uniria o Jardim de Alah ao mar, permitindo a troca subterrânea de água entre o oceano e a lagoa. Desenvolvida pela equipe do professor Paulo Rosman, do Departamento de Engenharia Costeira da Coppe, a proposta chegou a ter o seu EIA/RIMA aprovado e foi objeto de várias reuniões, inclusive com a presença do prefeito Eduardo Paes.

(…) E a árvore? Bem, se ela custa R$ 9 milhões por ano, como dizem alguns, em 20 anos foram gastos R$ 180 milhões. Já se ela custa R$ 20 milhões por ano, ou mais, como garantem outros, essa conta chega a R$ 400 milhões em duas décadas. Daria para despoluir a Lagoa, melhorar a ciclovia, reforçar o policiamento da área e ainda sobraria troco para continuar fazendo uma bela árvore de Natal.

O tema deste ano poderia até servir de inspiração:  “Natal da Renovação”. Que tal renovar os valores, os conceitos e as prioridades e investir de verdade neste patrimônio da cidade?”

A íntegra do artigo pode ser vista em: http://projetocolabora.com.br/cidades/quanto-custa-a-arvore-de-natal/

2 Comentários

  1. gil Lopes disse:

    eu quero saber quanto custa a árvore da Lagoa

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