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Compartilho: “A pauta de 140 caracteres”

Compartilho o artigo de Luciano Martins Costa, no Observatório de Imprensa, que demonstra como políticos mais espertos, que sabem manejar a mídia social, acabam ganhando espaço na chamada grande mídia, por displicência dos próprios jornalistas que sequer param para pensar no que estão retransmitindo. Vale a leitura, por isso trago aqui parte do artigo. O final dele está no Observatório de Imprensa.

JORNALISMO DECLARATÓRIO

A pauta de 140 caracteres

Por Luciano Martins Costa em 15/06/2015

Funcionava assim: os jornalistas abordavam os políticos nos corredores do Congresso para colher declarações. Repassavam as falas aos editores, que faziam a compilação mais conveniente para compor um contexto que podia ser chamado de notícia. Esse era o modelo clássico do jornalismo declaratório que predominava nas redações dos principais veículos de comunicação do Brasil.

 

Observatório de Imprensa

De vez em quando, um repórter mais esperto vasculhava sites de órgãos públicos e detectava números incongruentes, e uma calculadora ajudava a puxar o fio da meada que poderia conduzir a descobertas interessantes. Depois, era construir uma lógica criminosa por trás daqueles indícios e procurar um agente público disposto a tornar oficial a investigação. Eventualmente, o garimpo dava num veio promissor, dependendo da filiação partidária do acusado, mas na maior parte das vezes era apenas “ouro de tolo”.

Hoje o jornalismo declaratório não exige nem mesmo que o repórter se coloque no caminho do declarante: o político que quiser mandar um recado simplesmente posta uma frase polêmica no Twitter e a imprensa faz o resto do trabalho.

Para atuar como jornalista, é suficiente ter uma conta no serviço de mensagens curtas ou seguir determinados personagens nas redes sociais. Para chamar a atenção da imprensa, basta saber usar esses recursos, ou contratar quem faça esse serviço.

Foi assim que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, ganhou mais um dia de destaque nas primeiras páginas dos jornais de segunda-feira (15/6), após a entrevista publicada pelo Estado de S.Paulo no domingo, na qual anunciou que dificilmente seu partido, o PMDB, vai seguir integrando a aliança que venceu a eleição presidencial em 2014.

Eduardo Cunha - Foto Luis Macedo -Câmara dos Deputados

Eduardo Cunha – Foto Luis Macedo -Câmara dos Deputados

A entrevista mostra Eduardo Cunha usando com inteligência o espaço que conquistou na mídia e explorando a passividade dos entrevistadores. A declaração escolhida para compor a manchete de domingo é apenas uma das opiniões que emitiu durante a entrevista, que faz sentido apenas no atual contexto de crise entre o dirigente da Câmara dos Deputados e o partido da presidente da República.

Cunha foi hostilizado no sábado (13), ao comparecer ao 5º Congresso do PT, e se vingou nas redes sociais, provocando novo abalo nas relações internas da aliança governista.

Malícia ou incompetência

Os jornais fazem parecer que a vontade de Eduardo Cunha basta para mudar a composição do governo e lançar o PMDB oficialmente na oposição. Mas o próprio entrevistado foi muito reticente quanto à possibilidade de uma ruptura, principalmente porque ele considera que a impopularidade da presidente Dilma Rousseff chegou ao ápice e ela tende a se recuperar, na medida em que as relações políticas se estabilizarem e os ajustes na economia produzirem resultado.

continua: http://observatoriodaimprensa.com.br/radio/a-pauta-de-140-caracteres/

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