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Por Arnaldo César (*)

Tão logo foi detonado da vida pública, na noite da última terça-feira (dia 12), o golpista-mor Eduardo Cunha procurou os jornalistas para uma entrevista derradeira (ou um “quebra-queixo” no jargão jornalístico). Muito interessante e preocupante o que ele falou!

Evangélico e exímio interprete de parábolas, nos microfones da Rádio Melodia, ele utilizou deste recurso bíblico para mandar uma série de recados aos seus antigos aliados. Nas entrelinhas vieram as informações determinantes (veja o vídeo abaixo)

Ansiosos como de costume, os repórteres fustigaram lhe com perguntas surradas e já respondidas. Queriam saber se, depois da cassação, ele fará “delação premiada”. Com um sorrisinho maroto entre os lábios, explicou que isso é coisa de criminoso. Ele escreverá um livro relatando todos os diálogos que manteve com as cabeças coroadas da República para perpetrar o golpe contra a presidente Dilma.

O significado disso é que Cunha fará uma “deleção remunerada”.

Moreira Franco, seu genro Rodrigo Maia e Michel Temer, todos na mira de Eduardo Cunha.

Moreira Franco, seu genro Rodrigo Maia e Michel Temer, todos na mira de Eduardo Cunha. – Foto editada em cima de reproduções da internet.

Ou seja, vai entregar todo mundo e ainda por cima faturar uns trocados. Tanto que anunciou, diante de dezenas de microfones, que estava aberto a ofertas de uma editora interessada em publicar o best seller que pretende colocar nas livrarias, brevemente. Golpista que se preza não prega prego sem estopa.

                Os afoitos profissionais estavam curiosos em saber sobre o que o recém-cassado fará em relação ao esbirro que ele ajudou a empoeirar no Palácio do Palácio, hoje, mundialmente, conhecido como: “Senhor Fora Temer”.

O sorrisinho, novamente, se apoderou dos lábios de Cunha. Repetiu, então, a ameaça feita há alguns dias: vai detonar Moreira Franco, o ex-governador do Rio de Janeiro ao qual Leonel Brizola só se referia como: “Gato Angorá”. Os motivos de tê-lo como alvo é de não só saber que Moreira, age nos bastidores do Planalto junto a Temer, como também na Câmara dos Deputados, junto ao genro, Rodrigo Maia. Ou seja, os três estão na mira do deputado cassado que quer virar biógrafo de si mesmo.

Como todos estão cansados de saber, em Brasília, o felino em questão é unha e carne com o golpista presidente. São siameses. Trata-se de uma única persona que habita dois corpos diferentes. Não há como trucidar Moreira Franco sem ferir de morte o Senhor Fora Temer. De quebra, Cunha atingirá Maia.

No seu jeitinho pendular de falar as coisas, o ex-todo-poderoso-presidente da Câmara Federal, também não pisou em cascas de banana quando tentaram arrancar dele um cadinho de mágoa em relação aos parlamentares que integravam o “bancada do Cunha”. Em público, não é polido chamar os parceirinhos de traíras e oportunistas. A parábola faz isso com melhor eficiência.

Cunha choramingou que só foi defenestrado por que a sua cassação foi votada um mês antes das eleições de outubro. Se ficasse para depois ele jamais seria molestado da maneira que foi. Mais de 25 deputados que foram contra ele concorrem às prefeituras de suas respectivas capitais. Centenas de outros têm filhos, mulheres e demais parentes disputando um cargo de prefeito ou de vereador.

Ou seja: não pega bem para esses políticos diante dos seus eleitores manter Cunha atuando na política. De maneira parabólica não fez outra coisa a não ser chamar seus aliados de “oportunistas e traidores”.

Os recados foram dados e recebidos. No Palácio do Planalto, todos – começando por Eliseu Padilha e terminando por Moreira Franco – souberam decodificar as mensagens. Não gostaram, nem um pouco, do que o ex-guru e ex-chefe professou. Estão de orelhas em pé.

Imbuídos da mais legítima inocência dos berçários, alguns analistas políticos da mídia golpista saudaram a cassação do “pai do impeachment de Dilma” como um momento auspicioso da democracia brasileira. Tolinhos! A festa ainda nem começou.

Cunha é o arquivo vivo dos bastidores em que se tramou o golpe. Carrega galões de nitroglicerina pura para atear na fogueira em que se transformou a política nacional. Preparem-se para o pior. Como sabe que o mandato de Maia vence em fevereiro, pode ser que ele nem espere pelo livro prometido, comece a atear fogo bem antes. Pelo menos para atingir estes três.

Se antes não investiam no País por conta da baderna reinante na política, o que farão os empresários na hipótese de o “Senhor Fora Temer” e seus 12 escudeiros forem tragados por um vendaval denúncias publicadas no pretenso livro de “parábolas” de Cunha?

É por essas e por outras que só há uma luz no fim deste nefasto túnel: Diretas Já.

(*) Arnaldo César é jornalista

2 Comentários

  1. José Mira disse:

    Arnaldo César,
    Primeiramente “Fora Temer”, segundamente como diria o lendário prefeito de Sucupira “Diretas Já”. Ou vice-versa.
    Não esqueça que o Cunha disse que ia entra para história por derrubar dois presidentes. Quanto ao Gato Angorá – o pior governador que o Rio de Janeiro já teve -, como essa figura asquerosa sobrevive na politica?
    Parabéns pelos seus textos e do grande Marcelo Auler.

  2. Claudio Marques de Almeida disse:

    Acho difícil o canalha sobreviver para escrever o tal livro. Em breve acordaremos com a noticia, cunha teve enfarte fulminante, ou, suicidou-se, ou foi encontrado morto e perícia investiga as causas, que ainda são misteriosas.

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